Portugal arrancou, esta quarta-feira, a fase de qualificação para o Campeonato do Mundo de 2022, a ser disputado no Qatar, com uma vitória por 1-0 frente ao Azerbaijão. Apesar de uma exibição que esteve longe de ser brilhante, a Seleção Nacional foi sempre a melhor equipa em campo e construiu oportunidades suficientes para sair do Juventus Stadium, em Turim, estádio emprestado para este encontro “em casa”, com uma vitória mais expressiva. Medvedev, na própria baliza, fez o único golo da partida.

Como já se esperava, tendo em conta o calendário apertado e a exigência das partidas em questão, Fernando Santos lançou para jogo um onze inicial com várias novidades. Anthony Lopes foi o guardião escolhido para render o lesionado Rui Patrício, enquanto na defesa João Cancelo e Rubén Dias confirmaram a titularidade que lhes era apontada, ao passo que Domingos Duarte foi o central escolhido para fazer companhia ao jogador do Manchester City e Nuno Mendes estreou-se ao serviço da seleção A, na lateral-esquerda.

Com Danilo fora da ficha de jogo para este encontro, Rubén Neves assumiu o vértice mais recuado do meio-campo, com João Moutinho – este a recuar mais na primeira fase de construção – e Bernardo Silva mais adiantados e com a missão de ligar os setores da formação portuguesa. Na frente de ataque, Cristiano Ronaldo não foi poupado e acompanhou o goleador André Silva, segundo melhor marcador do campeonato alemão, apenas atrás de Lewandowski, e Pedro Neto, o veloz e tecnicista extremo do Wolverhampton.

Por sua vez, o Azerbaijão não apostou numa linha defensiva composta por cinco elementos, embora os alas acompanhassem as subidas dos laterais portugueses, mas apresentou um bloco baixo e compacto, na esperança de suster o maior volume de jogo ofensivo de Portugal e aproveitar qualquer oportunidade que surgisse, fosse de bola parada ou num contra-ataque, para tentar contrariar o favoritismo português.

Autogolo para desbloquear o marcador

Ainda assim, o Azerbaijão entrou com vontade de pressionar nos primeiros minutos, mas a qualidade e segurança na circulação de bola portuguesa obrigou os azeris a recolherem-se atrás à medida que a Seleção Nacional se começou a instalar no meio-campo ofensivo. Depois de uma primeira aproximação à baliza contrária por Bernardo Silva, Rúben Neves e João Cancelo foram os primeiros a testar a atenção do guarda-redes Mehemmedeliyev através de remates fora de área.

Pouco depois, seria André Silva a cabecear um pouco por cima, após cruzamento do lateral-direito do Manchester City. Com Portugal “dono e senhor” da partida, a oportunidade seguinte pertenceu a Domingos Duarte na sequência de um canto. Cristiano Ronaldo picou a bola, o central parou no peito e rematou de primeira à meia volta, mas a bola saiu ao lado.

Apesar da vontade de não jogar longo e tentar conservar a posse de bola, o Azerbaijão nunca o conseguiu fazer durante a primeira parte e Portugal recuperava com rapidez o controlo do esférico. A aproveitar o pendor ofensivo de João Cancelo e um contra um e velocidade de Pedro Neto, os comandados de Fernando Santos afunilavam o jogo para o seu lado direito, de onde saíram vários cruzamentos perigosos.

Aos 27 minutos, Domingos Duarte voltaria a ameaçar o golo, com um cabeceamento a passar a centímetros. João Cancelo também voltou a tentar a sua sorte, agora já bem dentro de área, mas atirou por cima. No entanto, a insistência acabaria por dar frutos a dez minutos do intervalo.

Depois de uma grande defesa de Mehemmedeliyev na resposta a um remate de meia distância de Rúben Neves, o guardião azeri acabaria por “borrar a pintura” com uma saída extemporânea da baliza a um cruzamento. O guarda-redes do Qarabag socou a bola contra o capitão Medvedev e esta seguiu o seu caminho até ao fundo da baliza deserta. Estava feito o 1-0 e desbloqueado o marcador para Portugal, num lance fortuito, mas que trazia justiça ao encontro.

Na sequência do golo, a Seleção Nacional baixou a intensidade, embora tenha continuado a rondar a área do Azerbaijão. Com naturalidade, a partida chegou ao intervalo depois de um primeiro tempo de sentido único, em que a seleção portuguesa acumulou 76% de posse de bola e não permitiu qualquer remate à formação treinada por Giovanni De Biasi.

Pouco brilho e baixa eficácia

À procura de ainda levar pelo menos um ponto desta partida, o selecionador italiano fez duas alterações ao intervalo que tiveram efeitos imediatos na postura do Azerbaijão ao longo do segundo tempo. Com maior presença no meio-campo ofensivo, mais estendida no terreno e a tentar criar mais problemas à primeira fase de construção de Portugal, a seleção azeri deixava igualmente mais espaço entre linhas para os portugueses explorarem.

A entrada de Bruno Fernandes para o lugar de João Moutinho, também ao intervalo, parecia ser uma aposta nesse sentido, mas a verdade é que Portugal entrou menos assertivo no segundo tempo e com uma eficácia de passe mais baixa, o que se traduziu num fraco aproveitamento do maior espaço disponível entre os setores do Azerbaijão.

Com os visitantes mais dispostos a arriscar no ataque e com a menor intensidade da formação de Fernando Santos na partida, o Azerbaijão teve mais aproximações à área portuguesa, embora o perigo fosse diminuto. Anthony Lopes ainda foi obrigado a uma intervenção de recurso, mas os ataques de maior nota dos azeris acabaram sempre anuladas pelos centrais Domingos Duarte e Rúben Dias.

Até ao final, Fernando Santos ainda lançou Rafa Silva e João Félix, numa primeira fase, para tentar dilatar a vantagem, e mais tarde João Palhinha e Sérgio Oliveira para segurar a posse de bola. Já nos últimos 15 minutos, João Cancelo lançou Cristiano Ronaldo na profundidade que atrasou para Bruno Fernandes rematar e obrigar Mehemmedeliyev a mais uma defesa de grande nível.

O guardião azeri ainda voltaria a brilhar ao travar um livre direto do capitão da Seleção Nacional e a anular uma excelente jogada de envolvimento entre Bruno Fernandes, Cristiano Ronaldo e João Félix. 1-0 foi o resultado final, numa vitória sem grande brilho, mas justa, pela quantidade de oportunidades criadas.

Com este resultado, Fernando Santos chega à 50.ª vitória por Portugal e a Seleção Nacional fica na liderança do grupo A de apuramento para o Campeonato do Mundo do Qatar, com três pontos, os mesmos da Sérvia, que bateu a República da Irlanda, por 3-2, em Belgrado.

“Era muito importante ganhar”

No final do encontro, Fernando Santos salientou as duas partes distintas do jogo, ao considerar que Portugal controlou sempre o jogo durante o primeiro tempo, mas que nos segundos 45 minutos “não teve a inspiração normal, errou muito passes, jogou sempre curto e com pouca variação”.

O selecionador nacional considera que faltou “melhorar nas zonas de finalização” e referiu que “se calhar merecíamos ter marcado mais”. Destacou ainda que “era muito importante ganhar”, embora tenha reconhecido que esperava “ganhar com outra naturalidade”.

A Seleção Nacional desloca-se agora até Belgrado, onde vai jogar com a Sérvia a segunda jornada do apuramento para o Mundial 2022. O encontro está marcado para este sábado, às 19h45. No mesmo dia, o Azerbaijão joga um amigável com o Qatar, o país anfitrião do próximo campeonato do mundo.

Artigo editado por João Malheiro