Os alunos do ensino superior regressaram, esta segunda-feira, às aulas presenciais, com a entrada da maioria do país na terceira fase de desconfinamento. O momento de regresso foi assinalado pelo reitor da Universidade do Porto (UP) e presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), que visitou, durante a manhã, um dos dez postos de testagem à Covid-19 da instituição, situado no edifício histórico do ICBAS.

Em declarações à RTP, António Sousa Pereira aproveitou a ocasião para lamentar que docentes e não docentes do ensino superior tenham ficado “fora” dos grupos prioritários do plano de vacinação contra a Covid-19. O responsável afirmou ainda que foi enviado um pedido de esclarecimento à task-force da vacinação “há quase um mês, mas sem resposta”.

Ao seu lado, o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, destacou que “o importante” é a retoma das aulas presenciais, com uma campanha de testagem massiva. Questionado pelos jornalistas quanto à não integração do ensino superior no plano de vacinação, garantiu não haver “discriminação”, justificando que “o contacto entre estudantes e docentes é muito inferior aos outros graus de ensino”.

A presidente do Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESUP), Mariana Gaio Alves, considera a justificação do ministro “frágil”. Contactada pelo JPN, a responsável sindical afirma não encontrar razões “que justifiquem a exclusão dos professores de ensino superior do plano de vacinação, quando os professores dos outros níveis de ensino estão a ser vacinados”. Lembra que os docentes são um grupo profissional um pouco envelhecido e que os alunos pertencem à faixa etária com maior incidência de casos. “Parece-nos uma discriminação, sem razão e sem fundamentação”, afirmou.

Mariana Gaio Alves garante que o sindicato tem recebido mensagens de professores, com ou sem doenças de risco, a pedir a vacinação, “todos profundamente revoltados com esta situação”, especialmente neste momento de regresso às aulas presenciais.

“Nós funcionámos durante todo o primeiro semestre em situação de pandemia e com respeito pelas regras e com as diversas medidas implementadas nestas instituições. A questão que se coloca aqui é que a vacina é uma segurança acrescida. O que não se compreende é que se afirme que no ensino superior há menos risco do que nas escolas básica e secundárias”, afirma a presidente da SNESUP. “A partir do momento em que os professores são incluídos nos planos de vacinação, não se compreende, se não como discriminação, que não inclua também os professores do ensino superior”.

À Lusa, fonte da task-force que gere o plano de vacinação nacional admitia, em março, que a inclusão do ensino superior estaria a ser “considerada”. Para já, estão a ser vacinados professores e auxiliares das creches, pré-escolar, ensino básico e secundário.

Artigo editado por Filipa Silva