Há uma nova competição internacional de clubes no calendário da época 2021/2022. Chama-se UEFA Europa Conference League, arrancou este mês e vai envolver 184 clubes europeus, nos quais se incluem esta época dois emblemas portugueses: o Paços de Ferreira FC e o CD Santa Clara, respetivamente, o quinto e sexto classificados do campeonato nacional da época transata.

A UEFA volta assim a ter três competições de clubes, juntando-se esta prova à Liga dos Campeões e à Liga Europa. Há 22 anos, quando se disputou pela última vez a Taça dos Vencedores das Taças, que tal não acontecia.

O surgimento

Desde 2015 que a instituição filiada da FIFA e liderada pelo esloveno Aleksander Čeferin, estudava a hipótese de criar esta competição que, já com o pensamento de ser considerada uma “terceira divisão” no que toca às demais competições internacionais de clubes, chamar-se-ia de UEFA Europa League 2.

A ideia de criação deste novo modelo competitivo foi para a frente, mas com outro nome: em dezembro de 2018, em Dublin, a Conference League ganhou vida e foi aprovada pelo Comité Executivo da UEFA.

A competição vai contar com 184 equipas das 55 associações afiliadas na UEFA e tem uma duração prevista de três temporadas, tendo, em princípio, o seu término agendado para a época de 2024/25, altura em que entrarão em vigor as novas regras previstas para a Liga dos Campeões.

Fase de acesso e qualificação

O acesso à Conference League privilegia as equipas pertencentes às federações com coeficientes mais baixos no ranking da UEFA.

Assim, as cinco primeiras federações do ranking – Espanha, Inglaterra, Alemanha, Itália e França – qualificam apenas uma equipa cada para esta prova. Este ano há, contudo, uma exceção: a Espanha não terá um clube qualificado de base, porque o Villarreal CF, sétimo classificado da Liga Espanhola, vai marcar presença na fase de grupos da próxima edição da Liga dos Campeões, por ter vencido a Liga Europa.

Em teoria, a circunstância abriria uma nova vaga para outra equipa espanhola, que no caso seria o oitavo classificado, o Celta de Vigo. Porém, e segundo o regulamento da UEFA, as federações só podem ter um máximo de sete equipas nas competições europeias.

Os países colocados entre o sexto e o 15.º lugares do ranking da UEFA, podem ter duas equipas nas pré-eliminatórias da Conference League. No caso português, qualificaram-se desta forma o FC Paços de Ferreira e o CD Santa Clara, estreante em competições internacionais.

Da 16.ª à 50.ª, cada nação tem direito a ter três equipas na competição, à exceção do Liechtenstein que só envia um clube, por não possuir liga estruturada e organizar apenas uma taça nacional.

Por fim, do 51.º ao 55.º classificados do ranking, duas equipas, também de cada nação, irão ter a oportunidade de participar na Conference League.

No total, são 138 clubes que se qualificam com base no ranking, aos quais se vão juntar 46 provenientes da Liga dos Campeões e da Liga Europa.

Dos 184 totais só 32 vão entrar na fase de grupos e até lá chegar há três pré-eliminatórias e um play-off para jogar.

A classificação final da temporada e o campeonato de origem das equipas determina a fase em que entram, sendo que ao contrário do que acontece com a Liga dos Campeões e com a Liga Europa, nesta prova nenhuma equipa tem acesso direto à fase de grupos.

As equipas portuguesas não tiveram que disputar a primeira pré-eliminatória, jogada este mês. O CD Santa Clara entra agora na segunda pré-eliminatória. Vai defrontar o Shkupi, da Macedónia do Norte, a duas mãos: 22 e 29 de julho.

Já os “castores” vão conhecer o seu adversário na segunda-feira, 19 julho, data em que será realizado o sorteio da terceira pré-eliminatória, com datas marcadas para os dias 5 e 12 de agosto.

Com lugar “cativo” no play-off, a última fase da qualificação antes dos grupos, estão já as quatro equipas provenientes das federações com melhor ranking (seriam cinco, não fosse a exceção do Villareal). São elas: AS Roma, Union Berlin, Rennes e Tottenham Hotspur.

Fase de grupos e eliminatórias

A fase de grupos da estreante Conference League irá contar com oito grupos, cada um com quatro equipas. Num total de 32 equipas, os grupos serão constituídos pelos 22 vencedores do play-off de acesso, a que se juntam os dez clubes perdedores dos play-offs da Liga Europa.

O vencedor do grupo da Conference League garante a passagem aos oitavos de final da prova. Já os segundos classificados disputam uma eliminatória a duas mãos diante dos terceiros classificados dos grupos da Liga Europa, sendo que o vencedor de cada jogo avança para os oitavos de final.

Depois de jogados os oitavos, o caminho é igual ao das restantes competições, com quartos de final e meias-finais, jogados a duas mãos. Os jogos serão disputados às quintas-feiras, como acontece com os da Liga Europa. De recordar, a propósito, que a política de “golos fora de portas” foi anulada pela UEFA, pelo que empates nas eliminatórias têm que ser resolvidos com recurso a prolongamento e, eventualmente, a grandes penalidades.

A grande final da UEFA Europa Conference League está agendada para o dia 25 de maio de 2022 e irá ter como palco o Air Albania Stadium, em Tirana, capital da Albânia. Para além do troféu e do prémio monetário estimado em 2.940.000 euros, o vencedor garante o acesso direto à fase de grupos da próxima edição da Liga Europa.

Qual o intuito da competição?

Segundo declarações do presidente da UEFA, Aleksander Čeferin, ao jornal CGNT Sports Scene, a UEFA Europa Conference League tem como principal objetivo “tornar as competições de clubes organizadas pela UEFA mais inclusivas”. O esloveno revelou ainda que a criação desta nova competição pretende dar “novas oportunidades” às mais diversas equipas das 55 associações filiadas na UEFA, bem como, aos adeptos e jogadores desses clubes.

Em suma, esta é uma liga que irá aumentar as chances de clubes de menor expressão a nível europeu, pertencentes a associações com coeficientes mais baixos e consequentemente nos lugares mais baixos do ranking da UEFA, de prolongarem as suas campanhas europeias e aumentarem as pontuações das suas respetivas associações.

Artigo editado por Filipa Silva