É do verão que o Curtas Vila do Conde mais gosta e do calor da exibição de cinema em sala. Será por isso com entusiasmo que a organização do festival inaugura esta sexta-feira (16) a 29.ª edição do certame, nas datas e nas cadeiras habituais, depois de uma mudança estival forçada há um ano por causa da pandemia.

O Teatro Municipal de Vila do Conde, o Auditório Municipal e a Solar – Galeria de Arte Cinemática voltam a ser o “epicentro” do Curtas, que ainda assim, como no ano passado, vai ter um pé na cidade do Porto. Mas já lá vamos.

Ao todo, mais de 230 filmes – animação, documentário, ficção, cinema experimental e vídeo musical – com origem em 46 países vão ser exibidos naquela que é uma das edições mais longas do festival, com dez dias de programação.

A história do 29.º Curtas arranca já esta sexta-feira, ainda sem competição, com duas longas. Às 20h30, é exibido “Mandibules” do francês Quentin Dupieux, realizador que já esteve em foco no festival. O novo filme é exibido em antestreia nacional.

Às 22h00, é hora de Cinema Revisitado, secção paralela que celebra o cinema do passado aproveitando datas redondas. A secção abre com o programa “Hollywood: Daydreams and Nightmares” pensado para “problematizar a meca do cinema” norte-americano. Mulholland Drive” de David Lynch celebra 20 anos e passa hoje no Teatro Municipal de Vila do Conde.

Amanhã, sábado (17), nota para a inauguração a exposição Be Your Selfie de Diogo Costa Amarante, na Solar. O realizador, que já passou por edições anteriores do Curtas, vai inaugurar 13 peças-vídeo numa exposição que questiona a nossa relação com as redes sociais, a imagem e os lugares, num contexto do que classifica como a “mercantilização da paisagem”. O vencedor de um Urso de Ouro em Berlim vai estar na inauguração e fará uma visita guiada ao espaço no dia 21 de julho, pelas 16h00. Para sexta-feira, 23, está agendada a exibição, em estreia nacional, de “Luz de Presença”, o seu mais recente filme, estando também prevista uma conversa com o realizador.

Ainda este fim de semana, há Curtinhas – a competição que visa o público infanto-juvenil – e sessões quer da Competição Nacional, que este ano inclui 17 filmes, quer da Competição Internacional, que tem três dezenas de curtas organizadas em nove sessões.

Na noite de sábado, há mais uma longa-metragem – “Lutar, Lutar, Lutar” de Sergio Borges e Helvécio Marins Jr. – que “não é só um documentário sobre um clube de futebol, mas antes sobre a cidade de Belo Horizonte durante o séc. XX”. “Uma carta de amor” ao Atlético de Mineiro, como descreve o programa do festival.

“Diários de Otsoga” foi gravado numa quinta em Sintra. Foto: D.R./Curtas de Vila do Conde

Ainda no domínio não competitivo da secção Da Curta à Longa, que o Curtas dedica todos os anos aos realizadores que já passaram pelo certame e que têm ali um espaço para apresentarem os seus novos trabalhos, destaque também para “Diários de Otsoga” de Maureen Fazendeiro e Miguel Gomes (“Aquele Querido Mês de Agosto”, “Tabu”, “As Mil e Uma Noites”) gravado no ano passado em pandemia. Passa às 18h00 de sábado, dia 24 de julho.

Das secções competitivas, destaque ainda para a Take One! por onde passam obras produzidas em contexto académico e a competição de vídeos musicais. A realizadora escocesa Lynne Ramsay é quem tem o trabalho “em foco” nesta edição.

“O Garoto de Charlot” de Charles Chaplin, que este ano celebra o seu centenário, também está no programa: vai ser exibido na cerimónia de entrega de prémios da secção Curtinhas marcada para sábado, dia 24 de julho, pelas 16h00.

Tal como no ano passado, a Competição Nacional do Curtas vai passar pelo Cinema Trindade. Entre domingo (18) e quinta-feira (22) há uma sessão por dia para ver no cinema portuense. O mesmo acontecerá no Cinema Ideal, em Lisboa, mas de segunda (19) a sexta-feira (23).

A pensar em quem não se pode deslocar a Vila do Conde e também porque a lotação das salas é limitada, a organização volta a ter acessível, em território nacional, uma plataforma online onde será possível ver mais de 150 filmes e ainda conteúdos pensados para este formato, como entrevistas e conversas com os muitos realizadores presentes.

O programa completo, bem como as informações relativas à bilheteira, podem ser encontradas no site oficial do festival, que se prolonga até ao dia 25.