Para combater a diminuição do número de lugares em sala devido às regras de prevenção da Covid-19, o Curtas estendeu-se este ano a outras cidades do país, sendo uma delas o Porto, no Cinema Trindade. Entre terça e sexta-feira, a competição nacional – que teve como vencedor Diogo Salgado com a obra “Noite Turva” – desfilou pelas telas do Trindade, onde diariamente se exibiram três a quatro curtas que, no final, levavam a um debate entre os realizadores e o público.
Para Américo Santos, responsável pela programação do Trindade, esta foi uma experiência “muito interessante”.
Como as curtas-metragens não fazem parte da habitual programação do cinema tripeiro, esta extensão transformou-se numa “proposta inovadora, sendo uma oportunidade quase única para mostrar curtas-metragens no Porto, de uma forma bastante concentrada, fazendo um excelente panorama da nova produção portuguesa, dos novos cineastas”. Com isto, completa o programador ao JPN, “julgamos entrar aqui numa faixa também diferente, chegar a um público mais alargado”.
No final de cada curta, houve lugar a uma beve conversa com os realizadores. Foto: Ana Faria
Caras novas e caras habituais
A verdade é que esta extensão para o Porto, que também aconteceu noutras salas do país, concretamente em Lisboa e Faro, merece a aprovação do público. É o caso de Marco Gentil, 26 anos, com quem o JPN teve a oportunidade de conversar no início da sessão da passada quinta-feira. Só este ano é que o jovem ficou a conhecer o festival devido à sua descentralização. “Este é o primeiro ano que venho ao Curtas, e já vim ontem. Se não fosse no Porto, não teria vindo”, começa por explicar.
Gostou tanto da primeira sessão que voltou no dia seguinte, e não foi sozinho. “Hoje, chamei um amigo para vir comigo, e ele também não viria noutras circunstâncias. Eu nunca tinha ouvido falar do Curtas de Vila do Conde, mas este ano ouvi. Não sei se houve mais marketing”, comenta. A verdade é que, no final, se tornou fã: “se calhar [para o ano] até fazia a viagem até Vila do Conde só para ir ver [os filmes]”, concluiu.
Mas não foram só os novos espectadores do festival a preencherem quase por completo os lugares disponíveis na sala. A opção de ver o festival na Baixa do Porto agradou também a alguns dos espectadores habituais do festival, satisfeitos por poderem ter o Curtas mais perto de casa. Diana Monteiro, 35 anos, residente em Santa Maria da Feira, costuma marcar presença todos os anos em, pelo menos, uma sessão do festival. Este ano, com a possibilidade de assistir no Porto, nem pensou duas vezes: “Para mim, pelo menos, é muito mais benéfica, fica-me mais perto do que ir a Vila do Conde”, afirma ao JPN.
A sessão no Porto possibilitou ainda o reencontro de antigos conhecidos. Para Carla Venâncio, 41 anos, residente no Porto, a ida ao Curtas tinha sido “muito encantadora”, mas já lá ia um par de anos desde o último encontro. Este ano, quando se deparou com a possibilidade de voltar ao festival, agora bem mais perto de casa, não deixou de marcar presença. Quanto ao próximo ano, espera que continue nestes moldes: “se for para ir a Vila do Conde, não vou”, declara.
Apesar da vontade do público, a extensão permanente do festival ao Porto ainda é uma questão “prematura”, assegura Américo Santos. Porém, não diz que não. Quanto ao próximo ano, ainda não dá certezas, mas garante que, “da parte do Trindade, há toda uma boa vontade de trazer este tipo de iniciativas”, que classifica como “inovadoras”. Até lá, afirma que a experiência vai ser avaliada pelo Cinema Trindade, mas a decisão cabe também à direção do festival vila-condense. “Teríamos toda a abertura em receber o Curtas no próximo ano, se esse for o desejo do Curtas”, termina.
Artigo editado por Filipa Silva