Levar a música clássica onde o consumo é escasso e o acesso estreito. Trabalhar com grupos minoritários ou socialmente desfavorecidos, de 17 geografias diferentes, a conceção de um espetáculo musical único. Estes são alguns dos objetivos a que se propõe a Casa da Música (CdM) com o projeto “Holograma”, uma parceria com a Área Metropolitana do Porto (AMP) e os 17 municípios que a integram, que foi apresentada na quinta-feira, no Porto.

Um projeto “ambicioso”, de cariz comunitário e pedagógico, através do qual a CdM quer projetar uma imagem da sua atividade nos territórios metropolitanos, descentralizando, de algum modo, o trabalho que vai fazendo sobretudo através do seu Serviço Educativo.

É, aliás, o responsável pelo Serviço Educativo da CdM, Jorge Prendas, o coordenador geral do “Holograma”, liderando uma equipa alargada que, no conjunto das atividades previstas, envolverá mais de 400 pessoas, só entre técnicos e músicos.

Programa de quatro dias em cada município

O projeto vai estender-se até 2023, com duas paragens previstas em cada um dos 17 municípios da AMP.

A primeira ronda de apresentações já tem calendário (ver caixa), e em todos os concelhos o programa vai desenrolar-se ao longo de quatro dias, sempre de quinta-feira a domingo e num esquema fixo de apresentações.

As manhãs de quinta-feira a domingo serão dedicadas à exibição de um espetáculo educativo já apresentado pela Casa da Música. “Poderão ser performances musicais, concertos encenados ou espetáculos musicais que cruzem diversas áreas”, lê-se no dossiê de apresentação do projeto. Às quintas e sextas, as sessões são para o público escolar do concelho, ao fim de semana, as sessões são destinadas às famílias.

Nas noites de sexta e de sábado, há concertos da CdM para ver: um em cada noite e sempre de natureza distinta. Se à sexta poderemos ouvir um concerto de músicos integrados no programa Novos Talentos da CdM, ao sábado poderá ser a vez da Orquestra Barroca ou do Remix Ensemble.

Por fim, nas noites de quinta e nas tardes de domingo, o programa contempla a apresentação final do espetáculo de intervenção comunitária produzido sob orientação da CdM junto da comunidade local escolhida. Terá uma duração aproximada de 50 minutos.

Contas feitas no conjunto dos dois anos do projeto, serão 68 apresentações públicas dos projetos comunitários, 68 concertos e mais de 270 sessões de espetáculos educativos.

Sessão de apresentação do projeto “Holograma” na Casa da Música, Porto. Foto: Casa da Música/Facebook

Os grupos participantes no projeto foram indicados pelos municípios. Em Paredes, por exemplo, onde o “Holograma” vai arrancar a 30 de setembro, o espetáculo deste ano está a ser preparado com pessoas da comunidade cigana local.

Apresentações
2021
Paredes – 30 set. a 4 out.
Espinho – 21 a 24 out.
Maia – 28 a 31 out.
Valongo – 11 a 14 nov.
Trofa – 18 a 22 nov.
S. João da Madeira – 9 a 12 dez.
2022
Gaia ou Matosinhos – 6 a 9 jan.*
Vila do Conde – 13 a 16 jan.
Póvoa de Varzim – 27 a 30 jan.
Vale de Cambra – 17 a 20 fev.
Gondomar – 24 a 27 fev.
Gaia ou Matosinhos – 24 a 27 mar.*
Santo Tirso – 21 a 24 abr.
Santa Maria da Feira – 28 abr. a 1 mai.
Oliveira de Azeméis – 5 a 8 mai.
Porto – 19 a 22 mai.
Arouca – 9 a 12 jun.
*Por definir

Noutros territórios, outras comunidades: “São João da Madeira identificou a CERCI [Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Crianças Inadaptadas], a Trofa a APPACDM [Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental], a Feira identificou grupos de cidadãos séniores”, exemplificou Jorge Prendas na conferência de imprensa de apresentação.

Variada é também a dimensão dos grupos, uma dimensão que teve de ser reequacionada por causa da pandemia de Covid-19, a qual apareceu já depois do projeto ter sido aprovado (“em circunstâncias normais”, o “Holograma” já teria chegado ao terreno, lembrou-se na apresentação).

No final do projeto, e para mitigar o “sentimento de abandono” muitas vezes apontado pelas comunidades envolvidas em projetos desta natureza quando as atividades terminam, a Casa da Música promete que todos os grupos envolvidos vão ter a oportunidade de se deslocarem até à CdM para participarem numa visita guiada e assistirem a um concerto ou participarem numa atividade.

O projeto “Holograma”, orçado em 1,1 milhões de euros, é financiado pelo Fundo Social Europeu e pelo Estado, através da linha “Cultura para Todos” do Norte 2020, gerida pela Comissão de Coordenação do Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N).