Suspensas desde março de 2020, as feiras da Vandoma e do Cerco, duas das mais populares da cidade do Porto, vão poder reabrir ao público no próximo fim de semana (18 e 19 de setembro), nos locais e horários habituais: a da Vandoma na Avenida 25 de Abril no sábado de manhã e a do Cerco na Alameda de Cartes no domingo de manhã.

“É uma notícia que se ansiava há muito tempo”, começa por referir Artur Andrade, presidente da Associação de Feirantes do Distrito do Porto, Douro e Minho, em declarações ao JPN. “Peca por tardia, porque efetivamente os feirantes já há muito reivindicavam que a atividade se reiniciasse”, comenta.

Há ano e meio que as duas feiras não se realizam. Fechadas por altura do primeiro confinamento, as feiras da Vandoma e do Cerco viram a sua suspensão ser várias vezes prorrogada pela Câmara Municipal do Porto (CMP) por serem feiras de “grande dimensão” e com forte “afluência de visitantes”, referiu num dos despachos de prorrogação o presidente da autarquia, Rui Moreira.

Em abril deste ano, a autarquia autorizou o regresso à atividade de 26 feiras e mercados municipais, mas as da Vandoma e do Cerco voltaram a ficar de fora. Em julho, o vereador com o pelouro da Economia, Ricardo Valente, reiterava que as feiras não se podiam realizar por “questões sanitárias” e avançava que o município estaria à procura de um espaço “de grandes dimensões” para as viabilizar.

Agora, diz o município na nota que enviou às redações, como o contexto pandémico “tem vindo progressivamente a melhorar” e com “o consequente desagravamento das medidas restritivas” a CMP “decidiu reabrir ambas as feiras”.

“Perto das eleições, finalmente, a câmara municipal resolveu-se pela reabertura, mas já havia condições há muito tempo”, contrapõe Artur Andrade, que aponta a questão da dimensão como “uma falsa questão”, uma vez que reabriram há muito grandes feiras como a de Espinho “que é a maior de Portugal”. 

Menos feirantes autorizados

As feiras vão poder realizar-se, mas com muito menos feirantes que o habitual, avisa a autarquia. No caso da Vandoma, serão admitidos apenas “os vendedores residentes” e, no caso do Cerco, somente os que têm as taxas pagas à autarquia.

“Assim, os 156 comerciantes/feirantes permanentes que manifestaram o interesse em manter o seu lugar na Feira da Vandoma poderão ocupar os seus lugares na localização prevista. Também os 28 comerciantes/feirantes permanentes da Feira do Cerco, que sempre pagaram as suas taxas, poderão preencher os lugares que lhes foram atribuídos”, esclarece a autarquia na nota de imprensa. Em julho, o vereador Ricardo Valente estimava que seriam cerca de 600 os vendedores da Vandoma e 200 os do Cerco.

A ação sobre o número de bancas agrada à Associação de Feirantes do Distrito do Porto: “Se calhar, um dos problemas graves dessas duas feiras foi a câmara, ao longo dos anos, deixá-las funcionar com tantos feirantes ilegais. Nós sempre reivindicamos que os feirantes que estão legalizados deviam ser os feirantes que têm o direito a exercer a atividade nessas feiras. Agora, a câmara vai ter de fazer algum tipo de controle, senão, vão aparecer lá muitos feirantes que não têm lugares, mas esse é precisamente o trabalho da câmara municipal, é salvaguardar que as pessoas que têm lugar efetivo possam trabalhar”, afirma Artur Andrade.

Para uma visita ao local em segurança, a CMP alerta para a necessidade de se cumprirem as regras da Direção-Geral da Saúde: acautelar o distanciamento físico, higienizar com frequência as mãos e usar a máscara “sempre que se justifique”.