Em entrevista à BBC, o tenista Novak Djokovic garantiu não ter problemas em não jogar os torneios de Roland Garros e Wimbledon, caso o queiram obrigar a vacinar-se contra a Covid-19.

Novak Djokovic está em 1.º lugar no ranking ATP. Foto: Wikimedia Commons

Depois da polémica no Open da Australia, o tenista Novak Djokovic falou pela primeira vez à imprensa. Em entrevista à BBC, o número um mundial admitiu preferir falhar os Grand Slams de França e Reino Unido do que vacinar-se contra a Covid-19: “Não sou antivacina, mas abrirei mão de torneios, se for obrigado a vacinar-me”.

Djokovic diz que pretende manter-se fiel às suas convicções no que à vacinação diz respeito. Quando questionado sobre a possibilidade de falhar o Roland Garros e o Torneio de Wimbledon, caso a vacinação seja obrigatória, a resposta foi afirmativa.

O sérvio justifica a eventual tomada de decisão alegando que, para ele, “o corpo é mais importante do que qualquer título”.

Apesar de comportamentos que o comprometeram, ao longo dos últimos tempos, Djokovic diz ser a favor da liberdade e não contra a vacinação: “Nunca fui contra a vacinação, mas sempre defendi a liberdade de decidir o que cada um coloca no seu corpo”.

Polémica na Austrália

Em janeiro, o sérvio foi impedido de participar no Grand Slam da Austrália, por não estar vacinado contra a Covid-19.

Em torno da polémica, estava o facto de Djokovic ter um comprovativo médico que atestava ter recuperado da doença recentemente o que lhe possibilitava competir no Open da Austrália sem se vacinar.

Apesar de o sérvio ter viajado com testes PCR negativos, as autoridades australianas consideraram que Djokovic não fornecia evidências suficientes para ser dispensado da vacina.

Djokovic esteve isolado uns dias num hotel, até o visto do sérvio ter sido, finalmente, aprovado.

Mesmo assim, o ministro da Imigração acabou por decidir expulsar o tenista do país, por considerar que Djokovic podia representar um risco potencial para “a saúde, segurança ou boa ordem da comunidade australiana”, segundo a lei.

“É um preço que estou disposto a pagar”

Esta é uma novela que tem dado muito que falar. Apesar de Djokovic não se considerar um “antivacina”, ao longo dos últimos dois anos, o tenista tem protagonizado alguns episódios que são vistos como ameaças para a saúde pública.

Num comunicado feito em janeiro, Djokovic admitiu que, em dezembro, quebrou o isolamento, dois dias após ter testado positivo para a Covid-19. O sérvio marcou presença em vários eventos públicos sem máscara e sem cumprir o distanciamento social devido – nos dias 17 e 18 de dezembro -, após um teste positivo, no dia 16.

Djokovic já tinha estado infetado com Covid-19 em junho de 2020, após um torneio – Adria Tour – organizado pelo próprio tenista. O Adria Tour foi realizado numa fase crítica da pandemia, e acabou por originar um surto de Covid-19. Na altura, Novak Djokovic também foi bastante criticado.

As posições e decisões controversas, a roçar o negacionismo, do número um do ténis mundial, ao longo dos últimos dois anos, têm tido impacto sobre um dos maiores desportistas de sempre.

Djokovic já venceu 20 Grand Slams na carreira. Para já, continua a ser o número um. Contudo, se continuar a falhar as principais competições do circuito de ténis, deverá perder a liderança: “Eu poderei desistir de torneios que me obrigam a mudar minha posição sobre a vacina. É um preço que estou disposto a pagar“, reitera.

O sérvio, na mesma entrevista, garante que a intenção dele é jogar ainda por muitos anos. Entretanto, ficará à espera de que os critérios da vacinação dos torneios mudem.

Artigo editado por Filipa Silva