Kiev rejeitou, esta manhã, a proposta russa de abrir novos corredores humanitários no território ucraniano a partir das 10h de Moscovo (7h em Lisboa). O anúncio foi feito pela vice-primeira-ministra da Ucrânia, Iryna Vereschuk, que classificou o ato  como “absurdo, cínico, inaceitável”, numa publicação no Facebook.

A Rússia tinha declarado que iria cessar-fogo para facilitar a saída de civis de algumas cidades, através de corredores humanitários com destino à Bielorrússia, à Rússia e a outras cidades ucranianas. De acordo com a agência de notícias russa RIA, “as Forças Armadas russas declaram um regime de silêncio a partir das 10h e abrem corredores humanitários de Kiev, Mariupol, Kharkiv e Sumy”.

A decisão surge em resposta ao pedido do presidente francês, Emmanuel Macron, e às evacuações falhadas que se verificaram, durante o fim de semana, em Mariupol e Volnovakha.

O Kremlin apresentou seis corredores humanitários, sendo que Kiev seria o ponto de partida de um dos corredores, que ligaria a capital ucraniana às cidades bielorrussas de Gden e Gomel, bem como a Chernobyl, depois de atravessar Gostomel.

Um segundo corredor começaria em Mariupol com destino a Rostov-on-Don, na Rússia, e a Mangush, em Donetsk. Por outro lado, os civis de Kharkiv seriam encaminhados para a cidade russa Belgorod e os de Sumy para a mesma cidade ou para Poltava, na Ucrânia.

O porta-voz do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou à Reuters que a proposta é “totalmente imoral”, tendo em conta que os ucranianos não poderiam abandonar as respetivas cidades através da Ucrânia.

As delegações ucranianas e russas concordaram, durante a segunda reunião de negociação, com a criação de corredores humanitários, que permitissem a evacuação de cidades que são sucessivamente atacadas pelas forças russas. Apesar da decisão, o conselheiro do presidente ucraniano afirmou, no Twitter, que “infelizmente, os resultados que a Ucrânia necessita ainda não foram alcançados”.

Quatro dias depois, os representantes voltam a encontrar-se em Brest, na Bielorrússia. Um dos objetivos da reunião será discutir de que forma os civis poderão abandonar o território e de que modo poderá a ajuda humanitária chegar ao território ucraniano.

Desde o início do conflito, mais de um milhão e 500 mil pessoas fugiram da Ucrânia em direção aos países vizinhos. Os dados foram revelados, no Twitter, pelo Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi.

Artigo editado por Tiago Serra Cunha