Esta sexta-feira, foi a vez de os cabeças de cartaz, Beck e Pavement, dominarem as atenções, mas o segundo dia do festival ficou marcado pelas atuações de estrelas em ascensão: Rina Sawayama e 100Gecs.
Para quem tinha dúvidas, confirma-se: o NOS Primavera Sound é uma experiência única e a repetir.
Mesmo tendo sido o único dia que não esgotou, o festival estava neste feriado de 10 de Junho à pinha, não só de pessoas, mas também de ânimo e diversão.
Os veteranos Beck e Pavement dominavam o cartaz, mas foram nomes da nova geração que mais eletrizaram o público no recinto.
Energia, dança e euforia, a receita de Rina Sawayama e 100Gecs
Rina Sawayama chegou e conquistou o público do NOS Primavera Sound com uma performance cheia de ritmo, dança e energia. Acompanhada de duas bailarinas, Rina preencheu o recinto de vida e entusiamo.
Uma vez que o mês de junho é o Pride Month, dedicado a todos aqueles que fazem parte da comunidade LGBT+, a cantora celebrou-a, dando-lhe voz através das suas músicas.
A artista anglo-japonesa “deitou o palco abaixo” e deixou todos os que a ouviam ao rubro. Presenteou ainda os seus fãs com uma música nova, “Catch Me in the Air”, que vai integrar o seu próximo álbum, “Hold the Girl”, a sair em setembro.
Rina Sawayama foi, sem dúvida, uma lufada de êxtase que passou por todos os que se juntaram para a ver no palco Cupra.
A dupla 100Gecs, no meio de um frenesim caótico musical, teve também um enorme impacto no público do NOS Primavera Sound. Milhares foram as pessoas que saíram do palco principal e se deslocaram para o palco Super Bock, onde duas personagens vestidas de magos apareceram para atuar. Entre berros e saltos, 100Gecs arrasaram por completo, ao som de faixas como “Stupid Horse” e “Money Machine”.
Plateia enorme (nem sempre coesa) para ver Beck
Beck, um dos cabeças de cartaz do dia 10, ainda que tenha reunido um mar interminável de gente, de todas as idades, enfrentou um público difícil, mais espectante e pouco interativo.
O artista, dono de uma longa carreira, teve perante si manchas de público divertidas e em sintonia com o concerto, mas outras também com a atenção dispersa.
A verdade é que Beck não poupou na energia que colocou em cima do palco, mantendo sempre a sua “onda festiva” durante a atuação, tendo o ponto alto sido atngido quando o público fez de coro durante o hit cujo refrão todos têm na ponta da língua: “Loser”.
Infelizmente, não foi possível obter fotografias da atuação do cantor, uma vez que o artista não deu permissão à imprensa para tal.
A calmaria antes da tempestade
Horas antes, por volta das 18h00, sob o sol escaldante que se abatia sobre o recinto do NOS Primavera Sound, Beach Bunny foi a primeira banda a pisar o palco NOS. Mal entraram, tentaram estabelecer uma interação com a plateia, mas o público mostrou-se tímido. Apesar de o recinto ainda não estar cheio, foram bastantes as pessoas que se deslocaram para poderem ver os Beach Bunny atuar.
A sonoridade indie rock mais calma foi a combinação perfeita para aqueles que assistiam sentados no anfiteatro natural do palco NOS, na companhia de uma bebida ou de um amigo.
A banda deixou para o final do concerto aquele que foi o seu momento mais alto e que despertou o público, com a música “Cloud 9”.
Já Amaia brilhou, literalmente, e foi recebida entre aplausos. O público foi premiado pela sua voz angelical e pela sonoridade do seu piano ao vivo, enquanto a cantora deu as boas-vindas ao público português através da canção “Bienvenidos al show”.
Apesar de calma, a sua performance rapidamente se transformou num show que deixou o público a vibrar e a dançar, tendo a banda tomado o lugar do solo de piano da artista espanhola.
Ainda que o seu concerto estivesse a decorrer à mesma hora que o do King Krule – e o palco Cupra também encheu para o ver -, Amaia reuniu uma multidão que se manteve animada até ao fim.
Foi a primeira vez em que a cantora atuou fora de Espanha, mas parecia estar em casa.
Enquanto uns oferecem nostalgia… outros oferecem vinho
A expectativa era alta, depois de 12 anos separados. Pavement fecharam o palco principal com distinção, nesta que foi a sua estreia em Portugal. Com um público ainda pouco solto durante a primeira música, a banda elevou a fasquia até obter os gritos da multidão que acompanharam a banda durante o resto do concerto.
A metáfora da última música foi a mesma chamar-se “Fin”, uma faixa que já não era tocada ao vivo pela banda desde 2010.
Mas o festival não acabou por aqui. Chico da Tina fechou os concertos nos palcos com o alvoroço que caracteriza as suas atuações. Insufláveis, confettis e até vinho integraram a oferta, além da sua performance que entreteve todos os que ficaram para o ver.
A festa continuou na tenda eletrónica para aqueles que não quiseram dar parte fraca.
Um festival solar
Ao todo, o NOS Primavera Sound reuniu, neste dia, 22 artistas distribuídos por cinco palcos, mas as atrações não se ficam pela música.
Marcado pelo seu estilo sereno, mas animado, o Primavera Sound decorreu na maior das tranquilidades, abonado por um bom tempo capaz de meter um sorriso na cara de qualquer um.
É um festival também muito caracterizado pelo seu lado familiar, vendo-se muitas crianças acompanhadas pelos pais, a utilizar headphones para se protegerem dos sons muito altos.
O verde domina o recinto. Sendo o Primavera Sound localizado no Parque da Cidade do Porto, um dos fatores que mais contribui para a preferência das pessoas pelo festival, impõem-se a natureza e o ar livre. Uma área ampla que permite às pessoas – pelo menos em boa parte do tempo – não se verem forçadas a andar aos encontrões.
O festival português conta ainda com um grande número de estrangeiros vindos de vários países de todo o mundo. Para muitos esta não é a sua primeira vez no festival, mas os que estão a ter a sua estreia no Primavera Sound do Porto confessam estar a adorar a experiência e planeiam repetir. “Estamos aqui no fim da nossa lua de mel”, contou um casal alemão ao JPN, que nunca tinha vindo ao festival.
A opinião do público mantém-se: este é um festival recheado de bom ambiente e, principalmente, boa música. O NOS Primavera Sound termina este sábado (11) a sua nona edição e ainda tem Gorillaz e Interpol para oferecer.
Artigo editado por Filipa Silva