No Teatro de Ferro deram-se a conhecer algumas criações que farão parte do Festival Internacional de Marionetas do Porto 2023. O diretor Igor Gandra apresentou excertos de “Bora Lá Laborar”, uma das obras que estará em cena no festival. Edição deste ano foca-se nos conceitos de memória, imagem e manipulação.

FIMP deu a conhecer o processo criativo que está pode detrás da preparação do edição 2023 do festival. Foto: Bruna Calixto

O Festival Internacional de Marionetas do Porto (FIMP) organizou, este sábado (25), uma visita guiada ao ateliê dos marionetistas. A iniciativa teve lugar no Teatro de Ferro, situado na Campanhã, espaço onde estão a ser construídas algumas marionetas que serão usadas no FIMP’23, evento que está programado para outubro.

Na oficina, desenvolvem-se certos mecanismos e estruturas que serão utilizadas em obras do FIMP. Mais recentemente, foram introduzidas a impressão 3d e a modelação digital nos projetos, procedimentos que apenas se realizam fora do local. Ainda assim, foi possível compreender o processo de criação das marionetas.

O diretor executivo do festival, Igor Gandra, fez também uma apresentação parcial de “Bora Lá Laborar”, uma das peças que fará parte do programa de 2023. Ao JPN, o diretor explica que “é uma peça em que nos propusemos, através da memória, pensar sobre as dúvidas e escolhas que nós próprios tivemos que fazer”.  O artista completa este ano 30 anos de carreira e quis “sinalizar esse facto com esta peça, que não fala sobre mim, sobre o meu trabalho, mas é uma peça sobre a ideia de trabalho na nossa vida”.

Segundo Igor Gandra, a peça foca-se no trabalho industrial e na robótica ao longo dos séculos. A proposta é refletir na forma como o ser humano foi adaptando a maioria da sua vida ao trabalho em geral.

Dar vida a uma formiga, uma retroescavadora e um robô

O evento consistiu em dois momentos musicais e três momentos de manipulação de marionetas. O primeiro momento musical baseou-se na apresentação da música “Bora Lá Laborar”, que induz para a introdução da peça em si. De seguida deram-se os três momentos de manipulação: a codiretora do Teatro de Ferro, Carla Veloso, com a ajuda de duas ex-alunas da Escola de Espetáculos e Artes do Porto, deram “vida” a uma formiga, a uma retroescavadora e a um robô, todos feitos de madeira, contraplacados e parafusos. Já a exibição de “Mira do mercado”, o segundo e último momento musical, marcou o final do evento.

Entender a memória como “manipulação”, na edição deste ano do FIMP

Apesar de apenas decorrer em outubro, Igor Gandra já tem um conceito definido para a edição deste ano do FIMP: “O festival terá uma parte importante da programação sobre estes três conceitos: o de memória, imagem e manipulação“. O desafio é que “cada peça, cada artista, à sua maneira muito própria” desenvolva uma proposta sobre uma dessas “possibilidades”, refere o diretor.

Neste caso, a memória é entendida também como “manipulação“. “Reconstruimos, a partir de imagens, tanto a história com agá grande, a dita história dos povos, das nações e dos impérios, como a nossa própria, como nós nos reconstruímos. E também falamos um pouco sobre o espaço que há entre uma coisa e outra: entre a grande história e a pequena história”, acrescenta o diretor do FIMP.

Próxima visita realiza-se em maio

A segunda visita ao ateliê dos marionetistas terá lugar no Pólo das Marionetas do Porto, na Quinta da Bonjóia, no dia 20 maio, onde será possível observar o trabalho em curso da companhia Marionetas do Porto. Caso queira participar, é possível inscrever-se previamente em [email protected]. A inscrição para este evento é gratuita, mas os lugares disponíveis são limitados.

Artigo editado por Miguel Marques Ribeiro