Estudo conduzido pela MediaCatch avaliou a diversidade de género, idade e etnia nas emissoras televisivas de 21 países europeus. A RTP foi a estação portuguesa escolhida para análise e conta com 49% de representação feminina e 29% de presença não-caucasiana. O estudo teve o auxílio de ferramentas de inteligência artificial para a análise de mais de 13.500 horas de conteúdo informativo e de entretenimento.

Estudo avaliou 21 estações europeias de TV. Foto: João Bica via Ministério da Administração Interna

Em 21 estações televisivas de outros tantos países europeus, a RTP surge como a segunda com maior representatividade de género nos seus conteúdos televisivos. O resultado consta do estudo realizado pela empresa de consultoria dinamarquesa MediaCatch que regista uma presença de 49% de mulheres na programação da estação pública portuguesa, a estação televisiva selecionada para a análise.

A par da estação portuguesa, ex aequo, aparece a dinamarquesa TV3. A tabela é liderada pela cadeia pública sueca, a SVT1, onde a paridade identificada pelo estudo é de 50%. Na base, surge a CT1, da Chéquia, com apenas 24% de presença feminina na emissão.

A média de idades e a diversidade étnica foram também avaliadas: 42 anos é a média etária da estação pública portuguesa, um resultado intermédio numa escala que oscila entre os 36 anos de média da Nova TV, na Croácia, e os 47 da ERT1 da Grécia.

Na etnicidade, a estação portuguesa volta a ficar bem colocada com a presença de 29% de pessoa não-caucasianas nas emissões, o equivalente à sexta posição na tabela. Neste parâmetro volta a liderar a Nova TV, da Croácia, com 49% de não-caucasianos. Também aqui a CT1, da Chéquia, apresenta o resultado mais desequilibrado, com 91% de caucasianos na programação.

O estudo “The Diversity Index of European Broadcasters’ Content” utilizou ferramentas de inteligência artificial no processo de pesquisa. Foram analisadas mais de 13.500 horas de emissão, entre as duas últimas semanas de maio e a primeira semana de junho. Vale a pena referir que, neste estudo, foram analisados todos os conteúdos emitidos – tanto de informação, como de entretenimento, sendo apenas excluídos os anúncios.

Ao JPN, o CEO da MediaCatch, Lars Nielsen, descreve o trabalho como “a análise mais abrangente sobre a diversidade nas emissoras europeias”. Sobre os resultados, o responsável considerou “triste que apenas três emissoras estejam perto de um equilíbrio de 50/50 entre os géneros”.  

Com o estudo concluído, Lars Nielsen considera que este pode apoiar decisões que contribuam para um aumento da representatividade no ecrã: “Existem muitas conversas sobre a diversidade e os conteúdos. Mas estamos numa era em que, se não o consegues medir, se não apresentas números, não vai ser resolvido. Nós estamos a tentar ajudar as pessoas a contabilizar em larga escala, para que se possa começar a resolver estes problemas. Então, certamente, este estudo ajudará num melhor entendimento da diversidade e dos conteúdos emitidos”, considera.

A utilização de ferramentas de inteligência artificial apenas aconteceu pela “impossibilidade de cobrir um estudo desta magnitude”. O sistema de inteligência artificial foi desenvolvido pela MediaCatch e “identifica o rosto das pessoas, conseguindo saber o género, a idade e as suas origens”. Para além disso, Lars Nielsen refere que também existe a possibilidade de analisar os assuntos que as pessoas estão a falar.

Em matéria de género, o país com os melhores resultados é a Suécia, com 50/50 de presença feminina e masculina.

Quanto aos resultados portugueses, o CEO confessa que os portugueses “estão num bom caminho” e que a emissora pública portuguesa está perto de um equilíbrio entre os géneros. No entanto, reforça ainda que a análise dos conteúdos é também importante e será dos próximos passos a tomar: “Uma coisa é a paridade entre os géneros e outra é a igualdade nos tópicos abordados”, remata.

De acordo com a investigação, apenas 28% das fontes utilizadas pelos media europeus são do sexo feminino e as minorias étnicas têm uma presença “bastante reduzida”. O estudo permite saber “quem possui bons resultados e quem precisa de voltar a um melhor planeamento”. 

Editado por Filipa Silva