O segundo dia do Portugal Fashion acolheu dois dos dez designers "power by CANEX" presentes nesta edição do Portugal Fashion. Maison Farah Wali e WUMAN foram as duas marcas apresentadas, num tributo a diferentes culturas africanas.

Coleção de Maison Farah Wali. Foto: Bruna Pinheiro/JPN Foto: Bruna Pinheiro/JPN

A iniciativa Creative Africa Nexus (CANEX), parceria do Afreximbank – Banco Africano de Exportação e Importação com a Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), organizadora do Portugal Fashion, voltou a marcar presença no certame, depois da estreia em 2021.

No segundo dia do evento, que decorreu na quinta-feira (12), os holofotes estiveram virados para criadores de moda emergentes, proporcionando oportunidades de acesso ao mercado português e europeu a designers africanos. 

A egípcia Maison Farah Wali foi a primeira designer do programa CANEX no segundo dia de desfiles. As peças apresentadas inserem-se naquilo que a designer apelida de “street couture“, uma combinação entre elegância e intemporalidade com o casual e divertido.

Com uma coleção colorida, que juntou tons pastéis e mais vibrantes, a designer egípcia quis diferenciar a sua coleção daquilo que é normalmente associado ao Egito. Em declarações ao JPN, a estilista explica: “Normalmente, toda a gente associa o Egito a azuis escuros e dourados. São cores muito pesadas, então quis trazer algo mais fresco e jovial, de acordo com a minha idade”.

Versatilidade é a palavra chave da coleção. Farh Wali assume que as suas peças são para vários contextos, podendo ser usadas “numa red carpet, mas também com sapatilhas, para passear”.

A variedade na coleção não se fica só pelas cores. Linho, algodão, seda, chiffon, cetim, silk e crepe são exemplos de alguns tecidos utilizados na produção das peças.

Além da diversidade de tecidos, a estilista garante ao JPN que a coleção é, na sua totalidade, fabricada manualmente: “Todos os estampados são feitos à mão por nós. O nosso último vestido apresentado demorou cerca de 500 horas para ficar pronto”, contou.

WUMAN by Ekwerike Chukwuma

O segundo desfile patrocinado pela CANEX deu palco à marca WUMAN. O destaque temático da coleção é a forma feminina. Segundo o designer nigeriano Ekwerike Chukwuma, os seu desenhos são inspirados numa fusão entre a figura da mulher, a natureza, e a valorização do artesanato.

A paleta cromática das peças é, sobretudo, sóbria. Além do preto e do branco, a coleção é dominada por tons terrosos, como o castanho, bege, vermelho e amarelo, também houve espaço para uma aposta mais colorida, com o destaque de cores como o verde e o azul.

Ainda sobre a escolha das cores, em declarações ao JPN, o estilista admite não as escolher no inicio do seu processo criativo: “Eu não escolho as cores. Começo a criar e elas vêm até mim”, revela, fazendo referência à espiritualidade que acompanha o desenvolvimento do seu trabalho.

Sendo toda a coleção produzida em África, os tecidos das peças, elaboradas artesanalmente, provêm de fábricas indígenas, bem como da Guiné-Bissau, garante Ekwerike Chukwuma.

O designer descreve a sua coleção como provocação ao pensamento, num desfile que se insere num projeto considerado “uma troca cultural que enriquece” o seu trabalho.

CANEX: A diversidade de designs e partilha de energia intelectual, de Portugal para o Mundo 

O programa CANEX tem como objetivo a promoção anual de pelo menos 40 designers africanos, nas duas edições do PF (outono/inverno e primavera/verão).

Para os estilistas com quem o JPN falou, a CANEX representa uma “oportunidade única de conexão e partilha”.

Nas palavras de Farah Wali, “ver vários designers africanos juntos é muito inspirador e bonito”. Também para Ekwerike Chukwuma o balanço desta experiencia é positivo. Salienta, ao JPN, que o facto de poder trazer o seu “trabalho até Portugal abre muitas oportunidades e evita que as pessoas se tenham de deslocar” até ao seu continente. “Há uma grande distância entre Portugal e Nigéria”, comenta.

Além dos dois desfiles power by CANEX, o PF acolheu, no segundo dia, mais oito criadores de moda, que cobriram a passerelle, este ano situada no Museu do Carro Elétrico, de cores vibrantes e inspirações africanas.

Editado por Filipa Silva