O antigo treinador dos dragões apresentou as medidas do seu programa e criticou a gestão do atual presidente do clube. Ainda não está claro se Pinto da Costa vai ou não recandidatar-se à presidência. As eleições realizam-se a 18 de abril.

A apresentação da candidatura de André Villas-Boas aconteceu na Alfândega do Porto Foto: Bárbara Sequeira Pinto/JPN

O antigo treinador do Futebol Clube do Porto André Villas-Boas apresentou, esta quarta-feira (17), formalmente, a sua candidatura à presidência do clube. A Sala do Arquivo da Alfândega do Porto encheu-se com cerca de 700 pessoas, incluindo antigos jogadores e figuras conhecidas do clube e da cidade, que quiseram demonstrar o seu apoio ao antigo técnico.

Mesmo tendo expressado a sua gratidão a Jorge Nuno Pinto da Costa, o atual presidente do clube, André Villas-Boas não deixou de realçar a necessidade de mudança no clube. “Estamos eternamente gratos a Pinto da Costa, mas é tempo de mudança”, disse, acrescentando que “o clube vive agarrado por gratidão a uma gestão sem rumo e sem nexo”.

O mais recente candidato à presidência do clube não deixou de realçar os problemas financeiros dos azuis e brancos e o que pretende fazer, caso vença as eleições agendadas para abril.  Com o slogan “Um Porto de todos/Só há um Porto”, o antigo técnico prometeu um corte nos salários da administração e a criação da Fundação FC Porto e destacou ainda que “o clube é dos sócios e para os sócios”.

Os nomes que vão compor os órgãos sociais e as medidas detalhadas do projeto que apresenta vão ser anunciados na próxima semana.

Para além dos sócios, marcaram presença antigos jogadores do Futebol Clube do Porto, como Jorge Costa, António Sousa, Nuno Valente, Maniche, Rolando e Helton. Figuras do clube e da cidade, como Carlos Abreu Amorim, Tiago Mayan Gonçalves e Cecília Pedroto, viúva de José Maria Pedroto, estiveram também presentes na apresentação da candidatura do antigo técnico dos dragões.

Um candidato alternativo que promete mais transparência

André Villas-Boas criticou a atual direção do Futebol Clube do Porto considerando-se uma alternativa mais transparente. O antigo treinador do FCP disse querer criar um portal online com o registo de todas as comissões relacionadas com a transferência de jogadores e prometeu estabelecer tetos máximos para os prémios da administração.

Para além de ter reforçado a importância do voto a 18 de abril, o candidato à presidência disse ser necessário quebrar o “status quo do medo”. “Não tenham medo deste ato democrático. Esta mudança só pode acontecer com o vosso querer, a vossa ação e o vosso voto. É importante que, em abril, todos os sócios se desloquem para ir votar. Sem medo de represálias”, afirmou.

As eleições realizam-se a 18 de abril Foto: Bárbara Sequeira Pinto/JPN

O programa de André Villas-Boas

Sobre o programa desportivo, o antigo treinador dos dragões realça que é preciso uma gestão desportiva “experiente, estruturada e profissional” e uma “direção de scouting capaz de identificar e escolher de forma criteriosa o talento, planeando a curto, médio e longo prazo, seja na equipa sénior ou na formação, em todas as modalidades”. O candidato à presidência disse que vai apostar ainda no futebol feminino sénior e no futsal.

Uma das medidas do programa de Villas-Boas é o centro de formação, prometido pela atual direção em 2016, não estando ainda concretizado. “Uma academia prometida em 2016 é, hoje, uma promessa eleitoral. Infelizmente, nesta questão, estamos reféns da atual administração. Temos de honrar os contratos que vierem a ser assinados, mas olhamos com apreensão para esta questão”, referiu.

André Villas-Boas garante que o compromisso com a vitória também se estende às modalidades. “O nosso compromisso é continuar a apoiar as modalidades com um modelo de gestão rigoroso permitindo às mesmas atingir a autossustentabilidade. Gostávamos de vos apresentar uma ideia inovadora: promover o espírito do desporto amador, criando um fundo que permita comparticipar despesas em inscrições em diferentes modalidades aos sócios do FC Porto”, explicou.

Sócios do clube querem uma mudança

José Gaifém, de 58 anos, contou ao JPN que o maior motivo para apoiar a candidatura de André Villas-Boas é considerar que o clube precisa de uma mudança: “Tenho um enorme respeito pelo atual presidente, não posso dizer o mesmo das pessoas que o acompanham na direção. Agora acho que é hora da mudança, porque precisamos de rivalizar com os clubes de Lisboa e só com uma candidatura forte e modernizada é que isso será possível”.

O sócio do FCP considera que a competência e a experiência que André Villas-Boas tem a nível de futebol é uma mais-valia para o candidato. Em relação a uma possível candidatura de Pinto da Costa, José Gaifém acredita que o atual presidente do FC Porto não deveria recandidatar-se.

Também João Queirós, consultor de comunicação de 38 anos, que apoia a candidatura de André Villas-Boas, falou sobre a mudança que o clube necessita. “É o candidato que protagoniza a mudança necessária e urgente no Futebol Clube do Porto e foi o único que teve coragem de enfrentar um adversário que é temível, que é um presidente com mais de 40 anos [na presidência]”, disse ao JPN.

Antigos jogadores, figuras conhecidas do clube e da cidade e sócios marcaram presença na apresentação da candidatura Foto: Bárbara Sequeira Pinto/JPN

O adepto azul e branco acredita que o ex-treinador se preparou muito bem para o cargo e que “poderá ganhar” as eleições em abril. João Queirós disse achar que Pinto da Costa apenas se vai recandidatar se tiver a certeza que ganha. “Se não tiver a certeza que vence, acho que não se recandidata, porque não vai querer passar por essa vergonha e por essa humilhação”, concluiu.

Nuno Nunes, vice-presidente na candidatura de José Fernando Rio à presidência do clube em 2020, afirmou ao JPN que “o Futebol Clube do Porto precisa de uma mudança estrutural totalmente de cima a baixo. O clube precisa de se modernizar e de ter novos métodos de gestão, sobretudo uma nova estratégia, um novo rumo, saber para onde vai”. O sócio do FCP, de 48 anos, recordou a Assembleia Geral dos dragões de 13 de novembro de 2023, em que esteve presente, como o momento em que Pinto da Costa perdeu o apoio dos sócios. “O presidente do Futebol Clube do Porto perdeu a maior parte da credibilidade que tinha, quando não conseguiu deter um conjunto de indivíduos que agrediram sócios e que tornaram a assembleia um caos”, referiu.

Até ao momento, são conhecidas apenas duas candidaturas: a de André Villas-Boas e a do empresário Nuno Lobo. Ainda não está claro se Pinto da Costa, que é presidente do clube desde 1982, vai ou não recandidatar-se à presidência, mas o anúncio de uma possível candidatura pode acontecer já esta quinta-feira durante um jantar de apoiantes, em Fânzeres.

Editado por Filipa Silva