A estação do Campo Alegre terá três saídas, um e-Learning Café e um parque de estacionamento subterrâneo. Na sequência das obras da Linha Rubi, os terrenos descampados usados como parques de estacionamento, situados entre as faculdades de Letras e Arquitetura, vão deixar de existir.

O início das obras da Linha Rubi está previsto para o final de janeiro Foto: Metro do Porto

O túnel do Campo Alegre vai permanecer aberto durante todo o período de obras da Linha Rubi, que vai ligar a Casa da Música a Santo Ovídio, através de uma ponte. A implicação mais imediata dessa decisão é que a estação do Campo Alegre terá menos uma saída, do lado da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP). A informação de que o túnel não será encerrado foi confirmada, esta segunda-feira (15), por Filipe Araújo, vice-presidente da Câmara Municipal do Porto (CMP).

Segundo Filipe Araújo, o presidente do Conselho de Administração da Metro do Porto, Tiago Braga, esteve presente na reunião privada do executivo desta segunda-feira para apresentar o faseamento da obra e discutir propostas de alteração, nomeadamente “em termos das entradas para a estação, que possibilitam que não se tenha de interromper o túnel durante esse tempo“.

A possibilidade de encerramento do túnel do Campo Alegre gerou divergências entre a Metro do Porto e a autarquia, que se mostrou preocupada com os impactos que o fecho teria na circulação automóvel. “Como sabemos [o túnel] é uma infraestrutura absolutamente crítica na cidade do Porto e quando sujeita a alguma limitação entope a cidade toda e nós já temos problemas que cheguem com a VCI“, afirmou o vice-presidente do executivo, acrescentando que “o túnel permanecerá aberto durante toda a obra“.

O que muda no Campo Alegre?

O presidente do Conselho de Administração da Metro do Porto tinha dito anteriormente que, caso não fosse possível encerrar temporariamente o túnel, seria necessário abdicar de uma das saídas previstas para a estação do Campo Alegre, que ficaria junto ao muro da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte (CCDRN). No Campo Alegre, passam a existir três entradas: uma junto à Rua do Campo Alegre, outra no interior da FLUP e uma outra na Via Panorâmica perto da FLUP.

Junto à estação do Campo Alegre, vai ser ainda construído um novo e-Learning Café, projetado pelo arquiteto Eduardo Souto Moura, para os estudantes da Universidade do Porto, e um parque de estacionamento subterrâneo. À face da Rua do Campo Alegre, existe ainda um parque de estacionamento à superfície que vai desaparecer e dar origem a um jardim.

Também os terrenos descampados – um situado entre as faculdades de Letras e Arquitetura e o outro junto à biblioteca da FLUP -, que eram até aqui utilizados como parques de estacionamentos, vão deixar de existir, já que coincidem com o local onde o metro volta à superfície para seguir, consequentemente, para a ponte.

Em declarações aos jornalistas no final da reunião privada do executivo, Filipe Araújo disse ainda que o “maior estaleiro de obra” vai ficar “essencialmente onde é hoje o parque de estacionamento à superfície”, junto à Rua do Campo Alegre . “Haverá outros, mas serão pontuais e não irão ter impacto no trânsito”, explicou.

Segundo fonte oficial da Reitoria da Universidade do Porto, a Metro do Porto tem estado em contacto com a universidade para ouvir as suas preocupações e “operacionalizar a frente de obra” que ocupa uma parte dos terrenos da universidade. Neste momento, existem dois aspetos que estão em discussão: “o plano da linha propriamente dita”, nomeadamente para se perceber como vai ficar a linha depois de concluída, e a frente de obra que vai “ocupar mais espaço do que a linha”.

Moradores, que vivem em habitações que vão ficar por baixo do tabuleiro da ponte, preocupados com questões de privacidade Fonte: Metro do Porto/JPN

Já os moradores cujas habitações vão ficar por baixo do tabuleiro da ponte, pedem que os seus interesses sejam tidos em conta, principalmente no que diz respeito à privacidade. Como avança o “Jornal de Notícias“, os moradores criaram uma associação para se fazerem ouvir junto das entidades competentes.

O vice-presidente da CMP esclareceu que existe uma outra questão que ainda está a ser estudada pela Metro do Porto e que diz respeito à catenária do elétrico. “Na própria construção do suporte à estrutura que depois vai permitir a betonagem da ponte, haverá uma aproximação entre a catenária e essa estrutura, que tem de ser salvaguardada, e está a ser estudada a hipótese de desviar“, explicou, dando conta que a circulação rodoviária e pedonal na marginal será assegurada. Segundo a Metro do Porto, a circulação do elétrico na Rua do Ouro poderá ter de ser interrompida durante parte da obra. Na mesma rua, está ainda a ser desmantelado um posto de combustível, onde vai ser construído um dos pilares da ponte.

O início das obras da Linha Rubi, financiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), está previsto para o final de janeiro. Já a sua conclusão é apontada para dezembro de 2026, momento em que termina o prazo estabelecido pelo PRR.

A Linha Rubi vai ter oito novas estações: Casa da Música, Campo Alegre, Arrábida, Candal, Rotunda, Devesas, Soares dos Reis e Santo Ovídio. A construção da nova linha do metro implica a construção de dois túneis e uma nova ponte (“Ferreirinha“), que vai ter uma extensão total de 835 metros.

Editado por Filipa Silva

Artigo atualizado às 11h08 de 19 de janeiro com a alteração do número de saídas que vão existir na estação do Campo Alegre