A Metro do Porto revelou esta terça-feira mais imagens sobre a futura Linha H, a Linha Rubi, que vai ligar a Casa da Música a Santo Ovídio, com paragem no Polo Universitário do Campo Alegre. A nova linha poderá traduzir-se num aumento de utilizadores em cerca de 12 milhões por ano para a Metro do Porto.

Uma das oito novas estações vai ficar instalada junto às faculdades de Arquitetura, Ciências e Letras. Imagem: Metro do Porto/D.R.

A obra da futura Linha Rubi (H) do Metro do Porto deve arrancar este ano e terminar em 2026. É pelo menos esse o compromisso da empresa que esta terça-feira (9) formalizou a entrega da obra ao consórcio vencedor, numa cerimónia realizada em Gaia e que contou com a presença do primeiro-ministro.

Tendo em conta que o projeto é financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), António Costa fez questão de assinalar o “pequena problema” associado a esta obra: “tem de estar tudo pronto até às 24h00 do dia 31 de dezembro de 2026“. Caso a obra não esteja concluída nessa data, o investimento de cerca de 379,5 milhões de euros poderá perder-se.

O presidente da Metro do Porto, Tiago Braga, refere que se trata de um “projeto complexo”, já que se trata de uma obra que envolve a construção de “túneis, estações integradas e de superfície, linha à superfície, viadutos e uma ponte“. “Um projeto que de uma forma simples é maior e mais completo que as três operações já em curso”, continuou. Apesar da complexidade associada à empreitada, António Costa acredita que será possível cumprir o prazo estipulado pelo PRR.

Linha Rubi pode vir a ter 16 frentes de obra em simultâneo

A linha Rubi implica a construção de dois túneis e uma nova ponte. A futura Ponte da Ferreirinha será “das poucas vias de comunicação que temos em Portugal que não se destinam a circulação rodoviária”, já que será reservada apenas a peões, bicicletas e ao metro, notou o ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, presente na cerimónia.

A linha Rubi vai contemplar oito novas estações, duas do lado do Porto (Casa da Música e Campo Alegre), e seis do lado de Vila Nova de Gaia (Arrábida, Candal, Rotunda, Devesas, Soares dos Reis e Santo Ovídio). Três vão ser à superfície (Arrábida, Candal e Rotunda) e as restantes subterrâneas.

Na estação do Campo Alegre, junto às faculdades de Arquitetura, Ciências e Letras, vai ficar instalado um novo e-Learning Café para os estudantes da Universidade do Porto, que será projetado pelo arquiteto Eduardo Souto Moura.

Dada a sua complexidade, a empreitada poderá ter, em determinado momento, 16 frentes de obra ativas em simultâneo, avançou o presidente da Metro do Porto, Tiago Braga, aos jornalistas, à margem da cerimónia. Isto numa cidade já muito pressionada pelas obras em curso, relativas à Linha Rosa e ao Metrobus da Boavista, o que tem gerado algum descontentamento da Câmara do Porto, com o presidente, Rui Moreira, a manifestar-se, em diferentes ocasiões, preocupado com os impactos das obras na circulação rodoviária.

No mais recente capítulo do diferendo que opõe a Metro e a autarquia, Rui Moreira advertiu que recusará interromper, ainda que temporariamente, a circulação automóvel no túnel do Campo Alegre, como pretendia a Metro do Porto no âmbito das obras da futura Linha Rubi.

Aos jornalistas, esta terça-feira, o presidente da Metro do Porto disse estarem a ser analisadas outras possibilidades para que o túnel não tenha de ser encerrado, sugerindo que a empresa, nessas circunstâncias, pode vir a abdicar de uma das saídas previstas para a estação do Campo Alegre junto à Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) e construir uma alternativa a cerca de 80 metros.

Linha será “espinha dorsal”

Para o presidente da Câmara do Porto, a empreitada, entregue ao consórcio Alberto Couto Alves (ACA), FCC Construcción e Contratas y Ventas, “representa seguramente um extraordinário investimento publico”. Durante a sua intervenção, Rui Moreira fez um agradecimento especial ao presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia por ter arbitrado as tensões e “convencido todos os autarcas [da Área Metropolitana do Porto] que, apesar de haver dinheiro, havia de se fazer uma análise de custo-benefício” e a António Costa por ter colocado “o transporte público como uma prioridade nacional“.

 

Eduardo Vítor Rodrigues, também líder da Área Metropolitana do Porto (AMP), defende que a nova linha evidencia “um papel vital na transformação do panorama urbano e na promoção da mobilidade inteligente na região” e torna-se “uma espinha dorsal de um verdadeiro sistema de transporte público”. “Esta linha não é apenas um meio de transporte, mas também um vislumbre do compromisso da cidade e da região com o desenvolvimento sustentável, a conetividade eficiente e a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos”, continuou.

Tiago Braga aproveitou a sua intervenção para assinalar outros momentos importantes da Metro do Porto, nomeadamente, em relação à Linha Rosa (São Bento-Casa da Música), cuja “conclusão da obra se encontra planeada para o segundo trimestre do próximo ano”, e da extensão Linha Amarela, cuja “inauguração deverá ocorrer daqui a três meses”.

O futuro da mobilidade sustentável

O presidente da Câmara do Porto disse ser necessário o desenvolvimento de “modelos de sustentabilidade ambiental acompanhados de sustentabilidade social“. Rui Moreira diz ainda que o município portuense está a seguir esse caminho, nomeadamente com a construção da Linha Rubi, e que caberá aos que “vierem a seguir” – Moreira cumpre o terceiro e último mandato na Câmara do Porto – inibirem o transporte individual na cidade.

As vantagens ambientais da linha, que poderá traduzir-se num aumento de 12 milhões de utilizadores por ano para a Metro do Porto e cujo investimento global ronda os 435 milhões de euros, são “evidentes e significativas” para o ministro do ambiente e da Ação Climática. “Estamos a falar de evitar a emissão de 25 mil toneladas de dióxido de carbono. [A linha] acrescentará cerca de 35 milhões de viagens nesta nova rede”, prosseguiu Duarte Cordeiro.

O ministro reforçou a ideia de que o esforço verde terá continuidade nos próximos anos, afirmando que “a política de mobilidade sustentável não é um acessório nem um capricho, é um compromisso central deste Governo“.

Com Filipa Silva

Artigo atualizado às 11h55 do dia 10 de janeiro de 2024