A proposta surgiu na sequência da providência cautelar instaurada a 5 de janeiro pelo Centro de Formação de Jornalistas, acusado pela autarquia de estar a bloquear a discussão do futuro da AMI. Partidos da oposição estão preocupados com o futuro do museu.

Câmara do Porto teceu críticas ao Centro de Formação de Jornalistas, acusando-o de inviabilizar propostas da autarquia para dinamizar a AMI Foto: Laura Luchtenberg

A proposta da Câmara Municipal do Porto (CMP) de desvinculação da Associação Museu da Imprensa (AMI) foi, esta segunda-feira, aprovada por maioria. Esta decisão acontece depois de ter sido instaurada a 5 de janeiro uma providência cautelar por parte do Centro de Formação de Jornalistas – um dos membros fundadores da associação que gere o Museu da Imprensa -, inviabilizando o plano que a CMP tinha delineado numa assembleia geral realizada a 15 de dezembro. A instituição está encerrada há 17 meses.

“A única solução que vimos como possível é, salvaguardando aquilo que é o espólio e todas essas necessidades, sairmos desta associação que não cumpre o seu papel e trabalharmos no tema do Museu da Imprensa e de salvaguardar esse património”, afirmou Filipe Araújo, vice-presidente da CMP, após a reunião privada do Executivo. Filipe Araújo não esclareceu, no entanto, quais são os passos que se seguem.

O vice-presidente da autarquia relembrou ainda que a CMP propôs anteriormente “incorporar os trabalhadores que lá tinham” e assumir a preservação do espólio, mas “tudo isso foi gorado”. O presidente do município, Rui Moreira, já tinha tecido críticas ao Centro de Formação de Jornalistas, acusando-o de inviabilizar as soluções apresentadas pela CMP para dinamizar a AMI.

Para a vereadora do Partido Socialista (PS) Rosário Gambôa, a desvinculação da Associação Museu da Imprensa, tendo em conta as “circunstâncias atuais”, era “inevitável“. O partido pede ainda que “a situação do Museu da Imprensa seja salvaguardada o mais rapidamente possível” para que possa “continuar a existir com uma identidade muito própria e fundamental devido ao seu espólio e àquilo que representa“.

Também o Partido Social Democrata (PSD) votou a favor desta proposta, dizendo que “a Câmara Municipal tentou todas as hipóteses possíveis” até chegar “a este limite“. O vereador do PSD, Alberto Machado, avançou ainda que a possibilidade de “o património poder ser revertido para a posse do município” será discutida e votada na próxima reunião do executivo. Dada a saída da CMP como associado, o social-democrata questionou ainda a viabilidade da associação, já que parece não cumprir, a partir de agora, “o número mínimo de elementos que uma associação deve ter”.

Ilda Figueiredo, vereadora da CDU, disse que o partido votou contra por considerar que a desvinculação da AMI é a “pior solução” possível. “A Câmara é a garantia de que o museu tem condições para prosseguir no futuro“, argumentou. Dando conta da sua “grande preocupação”, Ilda Figueiredo relembrou que a CDU apoiou a proposta apresentada pelo município, que defendia “a possibilidade de a Câmara intervir e assumir as responsabilidades”.

O Bloco de Esquerda (BE) também votou contra esta decisão por entender que esta desvinculação é “problemática” e porque “não foram esgotadas todas as soluções“. Maria Manuel Rola considera que, com a saída da Câmara Municipal, a própria associação, os trabalhadores e o espólio, vão ficar “entregues a fantasmas”. O partido pediu que esta proposta fosse retirada até à reunião que se vai realizar na próxima semana com o Ministério da Cultura, mas tal não foi aceite.

O JPN contactou Luiz Humberto Marcos, representante do Centro de Formação de Jornalistas e ex-director do Museu Nacional da Imprensa, que preferiu não comentar o assunto.

Editado por Filipa Silva