Já foram definidos os finalistas do Campeonato Africano das Nações (CAN). A Nigéria de José Peseiro vai enfrentar a Costa do Marfim, de Ousmane Diomande, seleção anfitriã que teve uma campanha milagrosa.

Jogadores da Costa do Marfim a comemorar a vitória na meia-final contra a RD Congo. Foto: CAF

A final do Campeonato Africano das Nações (CAN) vai ser entre a Nigéria e a Costa do Marfim. O confronto entre as equipas da África Ocidental, que já aconteceu na fase de grupos desta competição com triunfo dos nigerianos por 1 a 0, terá lugar no Estádio Olímpico de Ebimpé, em Yamussucro, às 20h00 (hora de Portugal continental), deste domingo (11).

No caminho até à final, os nigerianos, orientados pelo português José Peseiro, derrotaram a África do Sul nos penáltis, numa meia-final com grande intervenção do VAR e atuações fantásticas dos guarda-redes, enquanto os marfinenses avançaram após uma vitória por 1-0 repleta de oportunidades desperdiçadas frente à RD Congo.

Nigéria de Peseiro avança em jogo decidido nos detalhes

A Nigéria, como tem sido hábito nas últimas décadas, chegou a esta CAN como uma das favoritas ao título com grandes nomes do futebol mundial, como Victor Osimhen, eleito melhor jogador da Serie A italiana da época passada; e Ademola Lookman, que vem de duas temporadas fantásticas pela Atalanta. Conta também com vários jogadores que atuam em clubes ingleses, como Kevin Bassey, Ola Aina e Frank Onyeka. Já Victor Boniface, uma das maiores esperanças para o ataque nigeriano, lesionou-se antes da competição.

A falta de Boniface foi visível na fase de grupos. A equipa treinada pelo português José Peseiro marcou apenas um golo em cada um dos jogos da primeira fase da competição, sendo que um deles foi um autogolo e outro foi de penálti.

Já contra a África do Sul, na meia-final, as águias abriram novamente o marcador com um golo de penálti de William Troost-Ekong, aos 68 minutos. Num golpe de contra-ataque fatal, os nigerianos, por intermédio Osimhen, chegaram a uma vantagem de dois golos aos 85 minutos, mas o VAR interveio no lance e não só reverteu o golo da Nigéria, como também marcou penálti para a África do Sul, que foi prontamente marcado por Teboho Mokoena, aos 89 minutos. O VAR considerou que o lance de golo começou com uma falta na grande área da Nigéria, assinalando por isso a grande penalidade. O jogo chegou aos 90 minutos com um empate a uma bola.

No tempo extra, a Nigéria viu a sorte ao seu lado. Teboho Mokoena rematou forte, com a bola a seguir na direção do canto direito da baliza adversária. A bola foi defendida por Stanley Nwabili e chegou aos pés de Khuliso Mudau, mas o lateral-direito perdeu um golo de baliza aberta e a oportunidade de colocar a África do Sul na final da CAN.

No prolongamento, a Nigéria jogou ao ataque, mas viu as suas investidas frustradas por duas grandes intervenções do guarda-redes sul-africano Ronwen Williams. Aos 115 minutos, o sul-africano Grant Kekana foi expulso. A Nigéria não conseguiu, contudo, aproveitar a vantagem numérica e a partida foi para os penáltis.

Da marca dos 11 metros, Williams fez outra grande defesa, mas desta vez o guarda-redes nigeriano Stanley Nwabili, que acabou por ser eleito o melhor jogador da partida, roubou o brilho do adversário ao impedir dois golos da África do Sul. Para selar a qualificação da Nigéria, Kelechi Iheanacho rematou a bola ao poste esquerdo, mas com força e colocação suficientes para que a bola entrasse sem comprometer os corações dos mais de 200 milhões de nigerianos. A equipa de Peseiro avançou para a final com uma vitória por 4-2 nas penalidades.

José Peseiro em conferência de imprensa antes da meia-final Foto: CAF

Desfalcada, Costa do Marfim mantém o conto de fadas vivo

Na outra meia-final, a Costa do Marfim jogou contra a República Democrática do Congo. Os anfitriões chegaram à CAN com altas expectativas. Entretanto, após uma fase de grupos péssima, em que acumulou apenas três pontos, incluindo uma goleada por 4 a 0 da Guiné Equatorial, havia pouca esperança de qualificação. Mas a Costa do Marfim conseguiu passar, por estar entre os quatro melhores terceiros classificados, algo que só foi possível por causa de os grupos B e F terem terminado com seleções com dois pontos na terceira posição.

A qualificação foi tão inesperada que a federação marfinense demitiu o seu treinador antes do jogo que selou a passagem: a vitória por 1-0 de Marrocos sobre a Zâmbia. Após essa partida, inclusive, os adeptos marfinenses celebraram junto ao autocarro da seleção marroquina, como é possível ver no vídeo abaixo, publicado pelo jogador marroquino Sofyan Amrabat.

@sofyanamrabatAfrica ❤️

♬ original sound – Sofyan Amrabat

Desde então, com um treinador interino, a Costa do Marfim tem-se saído muito bem. Nos oitavos de final, derrotou a seleção do Senegal, campeã da última edição e favorita para esta, e o Mali nos quartos de final. Contudo, contra o Mali, acumulou quatro suspensões – de Oumar Diakité, Odilon Kossounou, Serge Aurier e Christian Kouame, sendo que Kossounou tem sido um dos grandes do Bayer Leverkusen esta temporada e Aurier é o capitão da seleção.

Mesmo com as baixas, a seleção da casa não se deixou abalar. Wilfried Boly e Wilfried Singo substituíram Kossounou e Aurier sem causar transtorno, e Adingra consolidou-se como titular após uma exibição heróica contra o Mali.

Se há uma coisa na qual a Costa do Marfim pecou, foi nas chances que desperdiçou. Só no primeiro tempo, foram duas bolas rentes ao poste, por Adingra e Sébastian Haller, além de um remate ao poste de Kessié. A RD Congo teve a melhor chance da primeira parte, mas Yoane Wissa desperdiçou um remate à queima-roupa. Já na segunda etapa, Haller foi decisivo, com uma bela finalização. Um remate picado contra o chão, com a bola a passar por cima do guarda-redes adversário. Haller ainda teve duas oportunidades claras de golo, mas não conseguiu converter qualquer um dos dois remates. Independente do resultado na final – vitória à tangente, por 1-0 – o percurso da Costa do Marfim nesta CAN encaixa-se na narrativa de um conto de fadas.

Final deve ter força máxima

A final da CAN, que vai ser disputada no próximo domingo, dia 11 de fevereiro, não deve ter baixas significativas nas duas formações finalistas. Os jogadores marfinenses suspensos já estarão de volta, e Victor Osimhen, que era dúvida para a meia-final, também deve jogar. No total, as duas seleções enfrentaram-se oito vezes desde 2016, com quatro vitórias para cada lado. Ousmane Diomande, central do Sporting, deve ficar no banco, tal como ficou durante a maior parte da competição.

Caso José Peseiro vença o Campeonato Africano das Nações, vai  consagrar-se como o primeiro treinador português da história a vencer a competição. Tanto a Costa do Marfim como a Nigéria têm três títulos da competição, que está na sua 34.ª edição. O jogo vai ter transmissão em direto na Sporttv 6.

Editado por Filipa Silva