Apesar de ter jogado de forma corajosa fora de casa, os dragões foram eliminados pelo Arsenal nos oitavos de final. Há 14 anos que os 'gunners' não chegavam aos quartos.

Declan Rice custou 100 milhões de libras ao clube inglês. O médio defensivo venceu a Liga Conferência com o West Ham. Foto: Arsenal/Twitter

Nesta terça-feira (12), o FC Porto com o Arsenal nos oitavos de final da Liga dos Campeões e foi eliminado após derrota nos penáltis. Os dragões precisavam apenas de um empate para passar à próxima fase após vitória por 1 a 0 na primeira mão, mas um golo de Trossard, ainda no primeiro tempo, levou o jogo para o tempo extra.

Numa disputa europeia contra uma equipa com muito mais recursos, era esperado que o FC Porto recuasse e jogasse de forma defensiva, visto que só precisava empatar o jogo para passar aos quartos de final, mas o jogo foi muito aberto.

Com 16 minutos de jogo, Evanilson recebeu a bola fora da grande área e mesmo, cercado por três defensores do Arsenal, rematou com perigo. A bola passou rente ao poste esquerdo da baliza de David Raya e assustou os adeptos da casa. Aos 20 minutos, Gabriel Magalhães perdeu uma grande oportunidade em jogada de bola parada. O central brasileiro recebeu a bola livre, visto que toda a defesa do FC Porto subiu a linha para deixá-lo fora de jogo, com a exceção de Francisco Conceição. O jogador dos gunners rematou a bola para fora, próxima ao ângulo direito da baliza do guarda-redes Diogo Costa. Com 29 minutos, mais sufoco para a defesa do FC Porto: Ben White cruza a bola na grande área numa transição rápida, mas Pepe toca levemente na bola, alterando a sua trajetória e impedindo que Havertz a cabeceie para dentro da meta.

Aos 41 minutos, numa grande jogada de Ødegaard, que se livrou da pressão de Pepê e Francisco Conceição, o Arsenal tomou a frente no marcador. O médio norueguês encontrou Trossard com um passe cirúrgico entre os defensores do FC Porto. Com a bola em posição perfeita para finalizar cruzado, o extremo belga colocou com calma a bola no lado esquerdo da meta de Diogo Costa. Arsenal 1, Porto 0.

O segundo tempo começou elétrico. Nenhuma equipa conseguia reter a bola por muito tempo. Nesse início de segunda etapa, o FC Porto desperdiçou uma série de contra-ataques após recuperar a bola no meio-campo. Evanilson, Pepê e Conceição tinham dificuldades claras em comunicar. Após os 65 minutos, o Arsenal começou a impor mais seu ritmo, mas o jogo ainda estava aberto. Ødegaard continuava a ser soberano na criação dos gunners e, aos 67 minutos, colocou a bola dentro da baliza do FC Porto, mas o golo foi anulado por falta de Havertz na jogada.

Aos 70 minutos, Francisco Conceição partiu no contra-ataque. Eram três jogadores para cada equipa, mas o extremo português desperdiçou a oportunidade com um remate fraco em direção à baliza de Raya. Já no fim do tempo regulamentar, aos 81 minutos, Gabriel Jesus recebeu uma bola perfeita do camisola 8 do Arsenal, mas o remate parou numa grande defesa do guarda-redes Diogo Costa.

O jogo foi para o tempo extra, mas foi como se as equipas estivessem com medo de atacar. Mantiveram-se conservadoras e evitaram partir para o ataque. O próximo passo era fazer valer a sorte nos penáltis. Mal sabiam os dragões que a estrela de Raya brilharia mais forte do que a de qualquer jogador.

O guarda-redes do Arsenal defendeu duas cobranças – a segunda, de Wendell, e a última, de Galeno -, além de ter tocado na bola na marcação de Grujic. Diogo Costa não conseguiu evitar nenhuma tentativa dos gunners e viu a sua equipa sucumbir à pressão. Raya foi eleito o melhor da partida pelas defesas que colocaram o Arsenal nos quartos de final da Liga dos Campeões pela primeira vez desde a temporada 2009/10.

Em geral, o FC Porto jogou com muito mais coragem em comparação com a primeira mão. Os dragões foram muito mais frequentemente ao ataque e conseguiram explorar a defesa do Arsenal, que ficou muito mais exposta neste jogo. Contudo, isso também fez com que sua defesa ficasse mais vulnerável. Pepe, Otávio e Wendell tiveram atuações defensivas fenomenais e evitaram com sucesso as ofensivas dos gunners, mas desta vez o ataque foi quase inexistente. O quarteto ofensivo não teve produto final e não conseguiu encaixar as jogadas. Do lado do Arsenal, Ødegaard, Kiwior e Raya fizeram grandes partidas.

“Não é lotaria, é competência”

Para Sérgio Conceição, o FC Porto foi superior ao longo das duas mãos: “O jogo merecia ter acabado empatado no final dos 90 minutos. Tivemos uma ou outra oportunidade no prolongamento. Trabalhámos muito, mas definimos um bocadinho mal. Caso contrário, teríamos passado”. O treinador também disse que, assim como em outras eliminatórias europeias, seus jogadores “falharam situações claras para passar”.

“O futebol é feito disto. Neste nível, é preciso no momento certo matar o jogo e não dar oportunidade ao adversário para que possa fazer golo. Fomos a penáltis. Não é lotaria, é competência. Faltou-nos algum discernimento, porque quem falhou os penáltis, o Wendell e o Galeno, fez um jogo fabuloso”, disse o treinador.

Também houve um clima de tensão entre Conceição e Arteta. O treinador português disse que Arteta insultou a família do treinador, inclusive um familiar já falecido. O Arsenal nega a alegação.

“Enfrentamos um oponente muito difícil”

O treinador espanhol Mikel Arteta não economizou nos elogios à performance dos dragões, que se mostrou “uma equipa muito bem organizada e competitiva”. “Sabíamos que neste jogo teríamos oportunidades nas transições. [Estamos] felizes com este momento mágico. Há 14 anos que não chegávamos aos quartos de final. É um momento importante”, disse o treinador.

Sobre a performance de sua equipa, Arteta exaltou a resiliência: “Foi uma noite mágica. Enfrentámos um oponente muito difícil, muito organizado e que jogou bem. Tentámos de tudo até o fim e acabámos por levar aos pénaltis, onde saímos vitoriosos. A equipa demonstrou personalidade, ambição e alcançamos o nosso objetivo”.

O próximo jogo do FC Porto é contra o Vizela, no Estádio do Dragão, no próximo sábado (16), para o campeonato. Já o Arsenal só joga no dia 31, contra o Manchester City no Etihad Stadium, em jogo decisivo para a disputa pelo título inglês. O próximo adversário dos gunners na Liga dos Campeões será definido na sexta-feira (15), no sorteio dos quartos de final.

Editado por Filipa Silva