A empresa está com a seleção alemã desde 1954, ano em que a equipa conseguiu o primeiro título mundial. A parceria vai deixar de estar em vigor a partir de 2027. O acordo com a Nike vai ser válido até 2034.

Lothar Matthäus segura o troféu do terceiro mundial da Alemanha (1990). Foto: DFB

A Federação Alemã de Futebol (DFB) anunciou na última quinta-feira (21) que não vai prorrogar o contrato de patrocínio com a Adidas. A DFB vai assinar um novo acordo com a Nike, válido entre 2027 e 2034. A parceria entre Adidas e a seleção alemã acaba 70 anos depois.

Segundo os responsáveis da DFB, a decisão de mudar de patrocinador foi, principalmente, financeira. O presidente do conselho de administração da DFB, Holger Blask, disse que a Nike “apresentou de longe a melhor proposta económica e também impressionou com a sua visão, que inclui um claro compromisso com a promoção do desporto amador e de base, bem como com o desenvolvimento sustentável do futebol feminino na Alemanha”.

Em entrevista ao jornal alemão Capital, o tesoureiro da DFB, Stephan Grunwald, disse que “a proposta da Adidas acabou por não ser competitiva”. O tesoureiro acrescentou que não iriam trocar de patrocinador se a oferta tivesse uma diferença pequena, referindo ainda que nada muda entre a DFB e a Adidas até ao fim do contrato. “Continuaremos a nossa colaboração com a Adidas de forma tão estreita como antes”, afirmou.

Segundo o jornal alemão de negócios Handelsblatt, a Nike ofereceu 100 milhões de euros, enquanto a Adidas ofereceu 50 milhões. O diretor executivo da Nike, John Danahoe, disse que conseguir este acordo “foi um esforço de equipa notável e uma grande prova de que, quando a Nike dá o seu melhor, ninguém nos consegue vencer”.

A Adidas está a passar por um período difícil do ponto de vista financeiro. Segundo a agência de notícias Reuters, a empresa alemã sofreu prejuízo pela primeira vez em 30 anos. Em 2022, a Adidas não renovou o contrato com Kanye West, após declarações antissemitas do rapper. Nessa altura, a CBS dava conta de que a empresa alemã estimava um prejuízo de 1,3 mil milhões de dólares (cerca de 1,2 mil milhões de euros), como consequência dessa decisão.

A repercussão da decisão na Alemanha

Alterar o patrocinador de equipamento desportivo não é, normalmente, uma decisão que gera polémica. Os clubes fazem-no constantemente, as seleções com menor frequência. Mas a decisão da DFB de assinar com a Nike levantou dúvidas quanto à integridade da instituição e ao respeito que ela tem pela sua história, já que a Adidas está com a seleção alemã desde 1954, ano em que a equipa alemã conseguiu o primeiro título mundial. A partir de 1976, passou a ser a patrocinadora exclusiva de todos os equipamentos desportivos da seleção alemã e foi quem fez as camisolas utilizadas na disputa pelos títulos mundiais de 1990 e 2014 e dos títulos europeus de 1980 e 1996.

O ministro das Finanças e vice-chanceler da Alemanha, Robert Habeck, disse que não consegue “imaginar a camisola da seleção sem as três riscas”. “Adidas e preto, vermelho e dourado sempre estiveram juntos. Um pedaço da identidade alemã. Teria gostado de um pouco mais de patriotismo local”, declarou o vice-chanceler.

O ministro-presidente do estado de Hesse, Boris Rhein, contestou a decisão da DFB: “As três riscas andam de mãos dadas com as quatro estrelas que usamos no peito. Os campeões mundiais usam Adidas, não qualquer marca de fantasia americana”. A federação é sediada em Frankfurt, cidade do estado de Hesse.

Para além dos políticos, os adeptos também contestaram a decisão. As hashtags Adidas e Nike estiveram no trending do X (antigo Twitter) entre os dias 21 e 23 de março e os alemães manifestaram a sua indignação com a mudança. No entanto, Grunwald garantiu que o contrato já está assinado.

Editado por Inês Pinto Pereira