Os deputados que votaram o presidente da Assembleia da República não deram a maioria a nenhum dos candidatos. Francisco Assis teve 90 votos e Aguiar-Branco 88, os mesmos que na primeira volta. Uma nova votação está agendada para amanhã às 12h00.
Assembleia da República Foto: Parlamento
Na terceira do dia, que terminou há momentos, mantiveram-se os 90 votos em Francisco Assis (PS), que foi o mais votado pelos deputados para presidente da Assembleia da República. O candidato do PSD, José Pedro Aguiar-Branco foi o escolhido pelos mesmos 88 deputados. 52 deputados votaram em branco. O resultado é inconclusivo e, por isso, está marcada nova votação para as 12h00 de amanhã.
O resultado foi em muito semelhante ao da segunda votação do dia, que arrancou às 21h00. Nessa eleição participou também Mariana Tender- a deputada do Chega, que já fez parte do PSD, conseguiu 49 votos.
Recorde-se que a repetição da votação aconteceu depois de os sociais democratas anunciarem a remoção da candidatura de Aguiar-Branco, justificando a decisão com a manutenção do sentido de voto da “coligação negativa entre o PS e o Chega”. O PS reagiu à acusação do PSD, dizendo que os socialistas “não foram tidos nem achados” pelos sociais democratas.
O Bloco de Esquerda já anunciou o voto em Francisco Assis. O líder parlamentar Fabien Figueiredo considera que o rasgar do acordo que unia PSD, IL e Chega pelo partido de André Ventura revela que a “direita é a confusão”.
Também a líder parlamentar do PCP revelou “preocupação” com os “resultados insólitos” da votação que aconteceu esta tarde (26) no parlamento. Paula Santos defende que a votação do Chega ” revela o grau de seriedade e de confiança” do partido.
A votação repetiu-se depois de José Pedro Aguiar-Branco não ter sido eleito presidente da Assembleia da República. O deputado do Partido Social Democrata recolheu apenas 89 votos, abaixo dos 116 necessários para garantir a eleição. O chumbo de Aguiar-Branco gerou muita surpresa, já que existiria um entendimento entre os grupos parlamentares do PSD, CDS, Iniciativa Liberal e Chega para eleger o antigo ministro da Defesa dos sociais democratas.
Em conjunto, os grupos parlamentares do PSD, CDS e IL totalizam 88 deputados. Apesar do voto ser secreto, este dado pode significar que o Chega, que já tinha aprovado publicamente o nome de Aguiar- Branco através do seu presidente, não seguiu o acordo com os partidos de direita.
André Ventura, em declarações aos jornalistas, diz ter dado indicação de voto em Aguiar-Branco “apesar de ter sido desrespeitado” pela AD. As declarações aconteceram depois de Nuno Melo ter desmentido um acordo com o Chega. O líder do partido diz ainda que o PSD “tem que escolher as suas companhias” e deve entender que “o tempo em que dois partidos podem decidir o futuro do nosso país terminou, ou o Parlamento terá muitas dificuldades em funcionar”.
A Iniciativa Liberal também já reagiu aos resultados. Rui Rocha, presidente do partido, considera que “basta olhar para os resultados” para perceber que “há partidos que não são confiáveis”, referindo-se ao Chega. O liberal diz ainda que existe um alinhamento entre o PS e o Chega, que, no seu entender, não aprovaram o nome de Aguiar-Branco para defender o seu “ponto de birra política”.
O Livre reagiu, dizendo que, “quando se dá a mão à extrema direita, ela arranca o braço e é isso que está a acontecer”. Paulo Muacho diz ainda que o desrespeito do Chega pelo acordo da direita “é um sinal daquilo que vai acontecer no futuro”.
Editado por Inês Pinto Pereira
Artigo atualizado às 23:15
