Na sequência do tsunami que atingiu o sul da Ásia em Dezembro de 2005, coube às equipas forenses a identificação dos milhares de vítimas da tragédia. Perante uma situação de dificil abordagem, a identificação por meio do ADN permitiu, regra geral, descobrir a identidade dos cadáveres com um elevado nível de exactidão.

A questão é uma das que fazem parte do programa do congresso “Portugaliae Genetica” organizado pelo Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP), entre quinta e sábado.

Ao JPN, o vice-presidente do IPATIMUP, António Amorim, destaca o facto de a identificação por ADN permitir deslindar casos considerados impossíveis de resolver pelos métodos tradicionais, tal como o do Tsunami. O dirigente considera necessário que mais do que usar a análise de ADN apenas nos casos dificeis devia-se integrar a a análise de ADN na rotina básica da prática forense.

O vice-presidente do IPATIMUP vai mais longe, ao defender a desvalorização dos depoimentos tradicionais face aos testes forenses. Questionado sobre a possiblidade de erro da ciência argumentou que os enganos são calculados. “As produções periciais são contrastadas, é possivel submetê-las a contra-provas e portanto melhorar a qualidade delas; os depoimentos não”, frisou.

Genética populacional: diagnóstico personalizado

Cada ser humano tem um código genético próprio. A genética populacional parte deste facto para defender a personalização das prescrições médicas à medida dos genes da cada um.

Na opinião do vice-presidente do IPATIMUP, é necessária uma plena e rápida implementação da genética populacional. Hoje em dia, muitas situações são impensáveis sem integrar nas decisões o conhecimento que temos da diversidade genética da nossa espécie.

“Não somos todos genéticamente idênticos. Os medicamentos que fazem bem a um podem fazer mal a outro e isso pode ser calculado e analisado através das ferramentas da genética populacional”, conclui.