A “Erasmus Van” chegou ao Porto, este domingo de manhã, e foi recebida, em frente à reitoria da Universidade do Porto (UP), pelos estudantes e por um grupo de bombos e cabeçudos.
Na sessão de boas-vindas, o vice-reitor da UP António Marques saudou todos os estudantes “que dão forma e expressão ao movimento Erasmus” e considerou o programa de mobilidade um dos elementos mais importantes da reforma do sistema educativo europeu.
De acordo com António Marques, o programa Erasmus é, “indiscutivelmente, um sucesso” e explicou como o conceito de mobilidade já ultrapassou as fronteiras europeias e chegou à Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), que tenciona fortalecer o “espaço lusófono no ensino superior”. 310 estudantes brasileiros já foram integrados na UP durante este ano lectivo.
O vereador da Cultura, Juventude e Inovação da Câmara do Porto, Vladimiro Feliz, destacou a importância do programa Erasmus na promoção da cidade e apelidou de “embaixadores do Porto e de Portugal” os estudantes estrangeiros que são integrados na UP.
“Estudantes a ajudarem estudantes”
“Queríamos celebrar 20 anos de Erasmus de maneira a chegar ao maior número de pessoas”, explicou Ewa Krzaklewska, estudante polaca e uma das voluntárias da Erasmus Student Network (ESN) na “Erasmus Van”. Como não queriam fazer apenas uma conferência, mas vários eventos por toda a Europa, “surgiu a ideia da carrinha, para trazer todo o material e também por ser um símbolo da mobilidade”.
A ESN procura integrar os estudantes de Erasmus nos países que os acolhem, nomeadamente através da designação de um mentor, “um estudante da comunidade local que lhes mostra tudo e ajuda com a tradução”, diz Ewa. “O nosso objectivo é apadrinhar a mobilidade sob o princípio de ter estudantes a ajudarem estudantes”.
Fazer Erasmus é “uma nova maneira de estudar”, afirma Francesca, estudante italiana também integrada na “Erasmus Van” da ESN. As saudades da vida de Erasmus são um dos factores que levam os estudantes a juntar-se à ESN. “Sentem saudades da atmosfera internacional e querem ajudar como foram ajudados”, diz Francesca. Trabalhar na ESN “não é tão bom como ir em Erasmus, mas é uma experiência fantástica.”
A ESN “é o rastilho da dinâmica Erasmus”, diz David, da ESN-Porto. “O programa Erasmus é um exercício de proto-cidadania europeia” que dá aos jovens “a possibilidade de ser uma pessoa completamente diferente”.
“Experiência de vida”
Dani Prado veio fazer Erasmus para Portugal “um bocado à sorte”, mas não quis voltar para Espanha quando acabou o curso. “Não podia ficar com bolsa Erasmus porque já não tinha mais cadeiras para fazer! Arranjei aqui estágio na reitoria, com o programa Leonardo da Vinci”, explica.
Afroditi Sartampakou escolheu Portugal para fazer Erasmus por ser parecido com a Grécia. “Quem vem dos países do Norte encontra muitas diferenças, mas eu vejo tantas coisas em comum…”, afirma.
Estudar em Portugal e Espanha é uma componente incluída no curso de Português/Espanhol de Francesca Collins, estudante inglesa, que classifica a experiência Erasmus como “um quarto de experiência académica e três quartos de experiência de vida. É absolutamente brilhante.” Francesca considera os portugueses “muito receptivos, muito abertos, sempre prontos a ajudar, mesmo quando não sabem falar inglês”.
“Cresci muito, tive de viver sozinha, fazer novos amigos. Como estou num país com uma cultura completamente diferente da minha, tive de me adaptar”, explica Eva Gräfer, estudante alemã. Eva quer voltar a Portugal. “Agora falo português, posso ir para Angola, Moçambique, Timor-Leste, há mais países para visitar”, declara.
Luís Maia fez Erasmus em Pavia, Itália, no ano lectivo de 1993/94 e isso mudou-lhe “completamente” a vida. “Só deixei o mundo Erasmus há um ano e meio atrás”, recorda. Ficou quatro meses em Pavia, mas foi convidado pela reitoria a ficar mais um semestre, depois de organizar lá um concerto da tuna da Faculdade de Economia da UP, onde estudava.
Ao participar em Erasmus abrem-se “novos horizontes, novas perspectivas a nível académico e, sobretudo, a nível pessoal. Vê-se o mundo com outros olhos”. “No meu caso pessoal transformou-se também na minha vida. A minha vida é uma vida Erasmus”, explica Luís Maia, que mais tarde ajudou a implementar o sistema de gestão de mobilidade de alunos na UP.
As comemorações do dia Erasmus continuaram durante a tarde na Foz e culminam num convívio numa discoteca, esta noite. A “Erasmus Van” vai ainda passar pelas cidades da Maia, esta segunda-feira, e de Coimbra, na terça-feira.