Devido ao enorme sucesso que tem em Portugal, Seu Jorge encontrou um espaço na sua agenda para um concerto extra no Porto, na Casa da Música, na quinta-feira. Inicialmente, estava previsto que a digressão portuguesa do músico brasileiro passava só uma vez pelo Porto (1 de Novembro, também na CdM). A digressão termina esta segunda-feira no Coliseu dos Recreios, em Lisboa.
Um dia antes do segundo concerto na CdM os bilhetes já estavam esgotados. Seu Jorge atribui o seu sucesso em Portugal ao interesse dos portugueses na cultura brasileira. Há uma “relação saudável” entre Brasil e Portugal, afirma.
Os 20 músicos em palco, na maioria jovens, além de cantar, dançaram, encenaram as letras das canções e empolgaram o público. Em palco, os músicos tinham um “arsenal” de instrumentos, muitos deles tipicamente brasileiros, como a cuica e o pandeiro.
Crítico e romântico
Sem esquecer das canções dos álbuns anteriores, o músico cantou também músicas do novo álbum, “América Brasil”. Alternando o seu “samba-rock”, reggae e enredo de escola de samba, Seu Jorge reflecte o trabalhador, a cultura, o folclore, a história dos índios e os hábitos populares do povo brasileiro. Sem perder a sofisticação, nem o gingado de “malandro carioca”, o músico brasileiro é crítico e também romântico.
Ao longo da apresentação, convidou vários músicos para tocarem com ele ou fazerem solos, como foi o caso do trio de pandeiros e de um dos cantores que apresentou passos de samba. A surpresa da noite foi a participação do músico portuense Bruno Cardoso, que fez um “dueto improvisado” com o seu violoncelo ao lado de Seu Jorge. Ainda permitiu que algumas pessoas do público subissem ao palco e dançassem com ele – o concerto fechou com uma multidão em palco, já sem Seu Jorge.
As apresentações fora do Brasil sofrem algumas alterações, isto é, o “concerto é incompleto, pelo facto de não ter o figurino, o cenário”, explica. A divulgação de “América Brasil” começou este ano.
Para Seu Jorge, uma sala de concertos como a CdM, com lugares sentados, é um espaço diferente para o samba, pois é preciso haver envolvimento com a plateia. Mas o espaço não foi um obstáculo para que o som contagiasse as pessoas, que sambaram em pé. “Foi um bom concerto, por causa da resposta do público”, confirma Seu Jorge.