A transformação da Praça de Lisboa, no centro do Porto, num pólo lúdico-cultural vai custar 6 milhões de euros à Bragaparques. As obras podem arrancar dentro de cerca de seis meses e a inauguração pode acontecer “dentro de 18 ou 19 meses”, ou seja, no Verão de 2009, prevê a empresa concessionária. O projecto deverá ser aprovado terça-feira pelo executivo camarário.
O espaço vai adoptar um conceito diferente de arquitectura em comparação com o actual, “muito virado para o interior”. Segundo explicou esta quarta-feira o arquitecto Nuno Merino, esta “interioridade” é a causa do insucesso da área (degradada desde o fim dos anos 90 e abandonada desde 2002). “A praça desenvolve-se sem uma relação directa com o exterior”, observa.
A proposta (ver maquete) passa, portanto, por “reverter a situação existente”. Um pavimento ondulado com zonas mais altas e outras mais baixas (que fazem ligação directa à rua Dr. Ferreira da Silva – ver fotografia), oscilando entre os níveis dos pisos 0 e 2, espaços verdes e uma lógica de virar a praça e as lojas também para o exterior caracterizam o projecto, ainda sem nome.
Quatro pisos
“Vai ser um espaço virado para a cultura. Do ponto de vista arquitectónico será muito diferente do que é hoje”, afirmou José Santa Clara, director de expansão da Bragaparques, que conta com a colaboração da John Neild & Associados neste projecto.
O piso 0 é partilhado pela área comercial (está a ser negociada a instalação de uma livraria da cadeia Byblos, naquela que pode vir a ser a maior livraria do país) e pelos 526 metros quadrados prometidos à Federação Académica do Porto (FAP) para criar um local de estudo e convívio, conhecido por “Pólo Zero“. O presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, salientou a proximidade do espaço relativamente à reitoria da Universidade do Porto.
O piso 1 deverá ter um bar e uma esplanada, enquanto o segundo piso acolherá um restaurante. O piso -1 está reservado para cargas e descargas.
“Nó” desatado
“Estamos a anunciar que vamos desatar o nó da Praça de Lisboa”, declarou Rui Rio, colocando este equipamento ao lado do Túnel de Ceuta e da Pedreira da Trindade (onde recentemente abriu o centro comercial Trindade Domus) nos maiores desafios no capítulo da reabilitação urbana que encontrou quando chegou à autarquia.
“Representa mais um sinal de confiança que damos aos investidores”, considera o autarca, que considera ainda que é mais um espaço “âncora” que favorece o comércio em seu redor.
O contrato de concessão do direito de superfície da Praça de Lisboa tem a duração de 49 anos. A autarquia vai receber 0,5% das vendas, percentagem que subirá para 4% logo que a Bragaparques ultrapasse 80% das vendas previstas.