O empresário de origem israelita, Elad Dror, detido a 16 de maio no âmbito da Operação Babel, resignou “com efeitos imediatos” ao cargo de CEO do Grupo Fortera, informou esta quarta-feira (24) a empresa em comunicado.

O rosto dos projetos imobiliários do grupo foi um dos sete detidos pela Polícia Judiciária na semana passada, tendo saído em liberdade na sexta-feira à noite (18), depois de ter sido sujeito ao primeiro interrogatório judicial, mediante o compromisso de pagamento de uma caução de um milhão de euros e a entrega do passaporte.

De acordo com a Fortera, o compromisso de deixar o lugar para não interferir com a investigação terá sido assumido pelo próprio empresário durante a audição pelo juiz. À saída, o agora ex-diretor-executivo já tinha dado a entender que iria deixar o lugar: “Isto só aconteceu porque provavelmente sou interessante para o público. Vou tornar-me menos interessante, vou dedicar-me à família”, disse em declarações aos jornalistas, à porta do Tribunal de Instrução Criminal do Porto.

O Grupo Fortera, responsável por dois projetos imobiliários de envergadura, que estão, ao que se sabe, no centro da investigação – o Alive Riverside e o Skyline Gaia – anunciou ainda que o novo CEO do grupo vai ser apresentado na próxima semana. 

A Fortera diz estar convicta que as alegações que levaram ao desencadear da operação “se revelarão infundadas, pois nunca houve qualquer envolvimento do Grupo Fortera em quaisquer ações que pusessem em causa os seus investimentos no País”.

“É importante notar que o projeto Skyline e o Centro de Congressos em Vila Nova de Gaia foram iniciados e apoiados pela Câmara Municipal de Gaia, tendo-o declarado como um empreendimento emblemático para a cidade, demonstrando assim o empenho em prestar assistência proporcional ao elevado investimento exigível para a sua execução”, aponta a empresa. Acrescenta na mesma nota: “Queremos assim tornar claro que o envolvimento do Grupo Fortera no projeto Skyline deriva de um convite a si endereçado para construir um Centro de Congressos com capacidade para 2.500 pessoas. Em troca, foi concedida à empresa a capacidade de construção e respetivas isenções fiscais, sujeitas à aprovação pela Assembleia Municipal e sujeitas à discussão pública, tal como previsto na lei.”

O grupo Fortera tem no seu portefólio 20 projetos imobiliários anunciados para as cidades de Gaia, Porto, Braga e Espinho, num investimento total estimado em 750 milhões de euros.

A Operação Babel, que envolveu a realização de 55 buscas domiciliárias e não domiciliárias pela Polícia Judiciária nas câmaras do Porto e de Vila Nova de Gaia, na área do Urbanismo, resultou na detenção de sete pessoas, entre as quais o vice-presidente da Câmara de Gaia, Patrocínio Azevedo, por suspeitas de corrupção e recebimento indevido de vantagem. O autarca ficou, entretanto, em prisão preventiva, juntamente com o empresário Paulo Malafaia. 

Na sequência destes acontecimentos, o presidente da Câmara de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, anunciou a realização de uma auditoria aos processos urbanísticos sob suspeita.