A reabilitação do mercado do Bolhão continua a ser alvo de controvérsia e conta já com várias medidas de contestação. José Maria Silva, responsável do Movimento Cívico e Estudantil Contra a Demolição do Bolhão, revela que na próxima quarta-feira, dia 27, vai ser entregue na Assembleia da República uma petição com 50 mil assinaturas, como forma de “pressionar os órgãos de soberania”.

Nesse dia (o último para contestar a decisão tomada na Assembleia Municipal do Porto) será também comunicada que forma assumirá a acção judicial que o grupo vai interpor para impedir a assinatura do contrato entre a Câmara do Porto e a empresa holandesa TramCroNe. José Maria Silva adianta que a acção deve incidir na defesa do património e dos direitos dos vendedores e na salvaguarda da gestão municipal.

A TramCroNe ganhou o concurso da câmara do Porto, mas o projecto ainda não é definitivo, como explicou o engenheiro Pedro Neves ao JPN. “Somos o noivo escolhido e o casamento irá acontecer no final do mês”, afirmou, referindo-se à assinatura do contrato com a autarquia. A afirmação foi confirmada pela câmara ao JPN.

TramCroNe pronta para “levar porrada”

A TramCroNe insiste em criar uma infra-estrutura moderna e mais comercial, mas alguns portuenses defendem a importância do espaço e da sua preservação enquanto património de interesse público. Pedro Neves acredita que a discussão de forma aberta junto dos comerciantes é um passo essencial para a concretização do projecto. “Até lá vai haver muita critíca, mas estou aqui para ‘levar porrada’, estou aqui porque acredito”, confessa.

“Contratos que existem são precários”

A Associação de Comerciantes do Mercado do Bolhão está preocupada com a possibilidade de que muitos dos ocupantes do Bolhão fiquem desalojados. Pedro Neves reconhece que “os contratos que existem não são contratos vitalícios, são relativamente precários”.

De acordo com responsável pelo dossiê, a principal preocupação da empresa são as pessoas e a conservação da estrutura do mercado. “O mercado tradicional é um destino urbano”, acrescenta.

O novo projecto encontra também oposição em Joaquim Massena. O arquitecto foi responsável pela criação de um outro plano, mas disse ao JPN que a sua preocupação, neste momento, “é a preservação do mercado do Bolhão”, não tanto a “questão do projecto A ou B”.

O arquitecto considera ainda grave “alguém comprometer um bem durante 50 anos”, o tempo do contrato de concessão que a câmara quer firmar com a TramCroNe.