O Instituto Português de Oncologia do Porto (IPO-Porto) e a empresa ClearAir Portugal apresentaram quarta-feira o primeiro estudo europeu sobre a eficácia de um sistema de qualidade ambiental num hospital público. O produto testado no IPO-Porto foi o sistema de purificação de ar AiroCide, desenvolvido pela empresa norte-americana KesAir e comercializado em Portugal pela ClearAir.

Durante um mês, microbiologistas espanhóis estudaram e quantificaram as colónias de microrganismos existentes na sala de espera da Clínica da Mama e no serviço de Pneumonologia do IPO-Porto.

Juan Mendive, responsável do Departamento de Qualidade da ClearLine (que comercializa em Espanha o AiroCide), revelou que os resultados mais positivos rondam os 85% de eliminação de microrganismos, detectados no serviço de pneumologia.

Para o responsável, os resultados foram inferiores na Clínica da Mama devido ao facto de existirem “duas portas que estão sempre abertas”, o que aumenta o fluxo de microrganismos e dificulta a sua eliminação.

Doenças transmitidas por via de contacto e aérea

Durante a apresentação do estudo, Cristina Costa, coordenadora do Programa Nacional de Controle de Infecção, lembrou que, apesar da contaminação por via aérea ser uma realidade dentro dos hospitais, “as infecções por via de contacto são mais comuns” e que “os profissionais não vigiam a higiene das mãos as vezes que seria necessário”.

De acordo com Cristina Costa, nos Estados Unidos da América há 98 mil mortes hospitalares por ano devido a erros médicos. Para realçar a importância deste número, a coordenadora exemplificou que as mortes acidentais nos hospitais são mais frequentes do que as que ocorrem devido a acidentes aéreos. Por ano, morre “uma pessoa em cada 10 milhões de voos”, enquanto nos hospitais morre “uma pessoa em cada 300 cirurgias”.

O AiroCide foi inicialmente testado pela agência espacial NASA, em 1994, com o objectivo de manter vegetais frescos no espaço. Segundo John Hayman, presidente da KesAir norte-americana, o sistema de redução de contaminantes aéreos destrói microrganismos como bactérias e vírus com uma taxa de sucesso de 99,9997%.

O dispositivo consegue destruir agentes infecciosos como os que provocam a pneumonia ou a SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave, também conhecida por pneumonia atípica). Consegue ainda eliminar bioagentes, entre os quais o antrax.