Lisboa vai receber o segundo Congresso Feminista português. Até sábado, a conferência, que decorre sobretudo na Fundação Calouste Gulbenkian, vai reunir cerca de 500 congressistas nacionais e estrangeiros. O número de inscrições ronda os 600 e que ultrapassou, para já, todas as expectativas da organização.

O primeiro congresso foi realizado em 1928. 80 anos depois, a União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) organiza uma segunda conferência, uma vez que, diz, as mulheres portuguesas ainda não recebem um tratamento igual ao dos homens. “As mulheres ainda não conseguiram ter uma igualdade de oportunidades, apesar de ter havido uma grande evolução ao longo dos anos” referiu, ao JPN, Ana Paula Canotilho, da comissão organizadora e promotora do congresso.

80 anos depois do primeiro congresso, as mulheres continuam a “lutar” por uma “igualdade de direitos”, que tem de passar do papel à prática, acrescentou a representante da UMAR.

Discriminação e desigualdade

As mulheres continuam, de acordo com Ana Paula Canotilho, a ser discriminadas em várias áreas, como no emprego, na política e na família. “É preciso sensibilizar a sociedade”, diz. No século XXI, as mulheres continuam a ser “preteridas” em muitas situações em relação aos homens, acrescenta.

Maria José Magalhães, vice-presidente da UMAR, refere que a sociedade portuguesa ainda discrimina e oprime as mulheres. “As mulheres auferem em média 65% menos do que os homens; representam 53% da população portuguesa, mas há apenas 12 mulheres em 100 deputados no Parlamento”, exemplifica. A maior parte das mulheres são “menos valorizadas” e tem “menor visibilidade”, independentemente da posição que ocupam.

A solução passa, segundo Maria José Magalhães, pela união das mulheres. “Há diferentes perspectivas, mas é preciso que todas as mulheres se unam para encontrar estratégias comuns e colocar as mulheres no centro do debate político”, defende.

O congresso conta com a participação de pessoas de todos os quadrantes políticos e de várias organizações. Vão estar presentes “mulheres de todos os partidos, ainda que em representação pessoal”, diz Ana Paula Canotilho.