O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Jaap de Hoop Scheffer, afirmou, esta terça-feira, em conferência de imprensa, que a OTAN “não pode continuar a negociar normalmente com a Rússia” enquanto Moscovo não cumprir com o plano de paz proposto pelo presidente francês Nicolas Sarkozy e aceite pelo presidente russo Dmitri Medvedev. As declarações do responsável da organização foram feitas após a reunião extraordinária dos ministros dos negócios estrangeiros dos 26 países da OTAN, para decidir o futuro das relações com a Rússia.
Por seu lado, o presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, afirmou ser “o primeiro a dizer que não há forma de chegar a acordo antes de eles [os russos] retirarem”. Os estados-membros da OTAN pediram à Rússia que retire imediatamente as tropas da Geórgia, ponto do acordo de paz que continua sem ser cumprido, e que regresse às posições em que estava antes do conflito.
Há relatos de tropas a abandonarem a antiga república soviética, mas o ministério georgiano do Interior considera, citado pela BBC, tratar-se apenas de um “espectáculo com o objectivo de criar a ilusão de uma retirada”.
Antes da reunião, o ministro alemão dos negócios estrangeiros, Frank-Walter Steinmeier, tinha dito que o diálogo entre a OTAN e Moscovo deveria ser estimulado e não cortado. “Precisamos de ter canais abertos para conversações”, disse, citado pela BBC.
Guterres apela à criação de um corredor humanitário
Em declarações à imprensa depois da reunião, Scheffer anunciou, também, que os países-membros tinham concordado com a criação de uma comissão OTAN-Geórgia, que tem como objectivo estreitar as relações com este país, que já este ano viu ser rejeitada a entrada na organização.
O secretário-geral da OTAN disse, também, que há uma “necessidade urgente” de ajuda humanitária e que “vai ser enviada uma equipa de especialistas para avaliar os estragos”. Entretanto, o alto-comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres, dirigiu à Rússia e à Geórgia um pedido para a abertura de um corredor humanitário na Ossétia do Sul, para que possa ser prestado auxílio aos milhares de refugiados da região, que estão sem acesso a comida e a assistência médica.