O primeiro-ministro japonês, Yasuo Fukuda, renunciou ao cargo esta segunda-feira, volvido menos de um ano de mandato e apenas a um ano das eleições seguintes. Depois de Shinzo Abe, o líder do Partido Liberal Democrata (PLD) é já o segundo dirigente do partido a abandonar o governo desta forma no último ano.

O PLD tem a maioria na câmara baixa, mas o Senado foi conquistado no ano passado pelo Partido Democrata. Desde então que governar o Japão não tem sido fácil para o PLD, que, desde 1955, só não esteve no poder por um período de 10 meses. A oposição tem mostrado resistência à tentativa de implementação de certas medidas por parte do PDL.

Num discurso citado pela AFP, Fukuda explicou as razões da demissão súbita: “o Partido Democrata tentou impedir cada projecto de lei e leva muito tempo para implementar qualquer política. Pelo bem do povo japonês, isso não deve se repetir”.

A impopularidade do primeiro-ministro demissionário, um conservador moderado que defende o estabelecimento de relações mais próximas com os vizinhos asiáticos, também acabou por afectar esta legislatura. Uma questão muito polémica foi a apresentação de um plano de cobertura médica que elevava os custos para os idosos.

Para alguns analistas, a demissão do primeiro-ministro levará ao “vazio político” que Fukuda diz, precisamente, querer evitar. Consideram, ainda, que um abandono súbito como este pode afectar a economia japonesa, numa altura em que o medo de uma recessão económica é crescente. Dados oficiais sobre a inflação apontam para uma subida de 2,4% no mês de Julho em relação ao mesmo mês do ano passado, num país que registava níveis deflacionários havia anos.

Perante esta demissão, a oposição exigiu a realização de eleições antecipadas.Yukio Hatoyama, do Partido Democrata disse estar furioso com a leviandade de Fukuda. “Basicamente, ele deveria convocar eleições gerais. Essa é a vontade das pessoas”, afirmou, citado pela Reuters.

No entanto, existe a possibilidade de apenas ser escolhido um substituto para Fukuda. O favorito é Taro Aso, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, um político mais conservador do que o actual primeiro-ministro. Nesse caso, deverá haver eleições gerais apenas em Setembro do próximo ano, altura para a qual já estavam previstas.