O último dia do Festival Marés Vivas soube a praia e a Verão. À beira-rio, o recinto parecia ter nascido para o alinhamento de sábado. A julgar pelos chapéus que predominavam nas cabeças dos espectadores e pela média de idades dos mesmos, Jason Mraz seria a estrela da última noite de Marés.
Mas os britânicos Keane, já habituados a palcos nortenhos, não deixaram que se repetisse o cenário do dia anterior, em que os Guano Apes não conseguiram “segurar” a plateia, depois do concerto de Scorpions.
“Lovers Are Loosing”, single do mais recente álbum “Perfect Symmetry”, abriu caminho às quase duas horas de concerto que se seguiriam. De guitarra na mão (uma novidade introduzida no último trabalho que surpreendeu muita gente), o vocalista Tom Chaplin foi o maestro de serviço.
Frenético até mesmo durante as canções mais calmas, Chaplin “comandou” um recinto “a abarrotar”, abusando das traduções literais para expressar, em português, o seu apreço pelo “povo do Norte”. O “bom povo” parece ter gostado, a julgar pelo “mar” de pessoas de braços no ar para aplaudir ou para fotografar o momento. “Somewhere Only We Know” e “Crystal Ball” foram “abafadas” pelo barulho ensurdecedor das palmas no recinto.
Mas, ao calmo encore iniciado com “Atlantic” e onde se adivinhava “Bedshaped” como última canção da noite, seguiu-se um segundo, que fez voltar para trás os milhares de pessoas que já abandonavam o festival. Foi ao som de “Under Pressure”, dos Queen, que os Keane se despediram da edição 2009 do Marés Vivas.
A jovem promessa e o dueto mais pedido
Mas nem só de Keane viveu a noite de sábado do festival gaiense. Recheado de nomes que agradavam a muitos ouvidos, o último dia de festival já estava cheio quando a jovem Gabriella Cilmi subiu ao palco.
À quarta música, o inevitável single “Sweet About Me”, que colocou a australiana nos tops mundiais, germinou o primeiro coro junto ao palco principal. Iniciando a lista de covers que iria marcar a última noite do certame, Cilmi cantou Janis Joplin, Led Zeppelin e até Justin Timberlake, com “Cry Me a River”.
Depois foi a vez de Colbie Caillat, que deixou o público rendido com músicas como “Realize” ou “Oxygen”. Numa actuação marcada pela interacção com o público e, sobretudo, com a própria banda, a cantora americana falou do novo álbum, confessou medos e inseguranças e não escondeu a timidez.
Não faltou, também, a inevitável cover de “Killing Me Softly”, cantada mais pelo público presente do que por Caillat. A actuação terminou com o “Bubbly”, mas esta não seria a última vez que a cantora subiria ao palco.
O tão esperado dueto com o Jason Mraz acabou por acontecer já durante a actuação do músico, que, não fugindo à regra das covers que marcou o terceiro dia de Marés Vivas, recordou “All Night Long”, de Lionel Richie. A “boa onda” do concerto, em que até dança de “hoola hoop” houve, contagiou todo o recinto.
No entanto, Paula Cabecinha, estudante de Évora, destaca o concerto de Gabriella Cilmi como o melhor do dia. “Gosto do estilo e da voz da Gabriella. Faz-me lembrar Joss Stone”, refere.
O funk do palco secundário
A terminar as actuações no Palco Novos Portugueses estiveram os Sinal e os SoulBizness. Com pouco público, como não deixou de ser habitual no palco secundário, os Sinal conseguiram alguma adesão com uma versão de “Sempre Que o Amor me Quiser”, de Lena D’Água.
Já os SoulBizness foram, provavelmente, a banda que melhor se conjugava com o alinhamento do palco principal, aquecendo os “ânimos” para as actuações que se seguiriam no Cabedelo.
Pelo Marés Vivas passaram cerca de 60 mil pessoas mas Gaia já espera por 2010.