A instituição de investigação científica Fraunhofer Portugal premiou, na sexta-feira, 1 de Outubro, cinco universitários pelas suas inovações tecnológicas, apresentadas no âmbito do projecto “Fraunhofer Portugal Challenge“, um concurso de ideias destinado a estudantes de mestrado e doutoramento de universidades portuguesas.
No grau de doutoramento, venceram Ana Ferreira, da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, e Gabriel Fernandes, da Universidade de Coimbra – Instituto de Telecomunicações.
A proposta da aluna consiste num novo modelo de acesso à informação por parte dos profissionais de saúde, de forma a garantir maior flexibilidade e segurança. O sistema permite que, em situações de emergência, os profissionais consigam aceder rapidamente a informação que normalmente lhes está vedada.
Já Gabriel Fernandes propõe uma nova forma de detectar e corrigir erros em transmissões de dados (como nas telecomunicações, por exemplo), recorrendo ao uso de placas gráficas. “Com uma grande qualidade de processamento”, as placas gráficas permitem efectuar mais facilmente os cálculos necessários à detecção e correcção de erros em transmissões de dados complexos, garante o estudante.
Premiados de Mestrado
Ao nível do mestrado houve três vencedores: Augusto Esteves, da Universidade da Madeira, David Navalho, da Universidade Nova de Lisboa, e Rui Marinho, da Universidade do Minho.
A proposta de Augusto Esteves incide sobre a área do Turismo. O madeirense propõe a criação de “tokens”, que consistem em pequenos objectos físicos que interagem com informação digital, representando os principais monumentos das cidades. O objectivo é que os “utilizadores (turistas) consigam gerir melhor a informação e de uma forma mais simples e mais rápida do que nos telemóveis”, como explicou Augusto Esteves ao JPN.
David Navalho apresenta um sistema de localização para ser usado em dispositivos móveis. O sistema utiliza as estruturas wireless para produzir mapas com grande exactidão e permite aos utilizadores, através de um telemóvel, localizar, com grande facilidade, uma loja dentro de um centro comercial ou uma sala dentro de uma universidade.
Já Rui Marinho sugere a criação de registos clínicos visuais, através de um sistema de imagens em 3D do corpo humano, em que o médico pode apontar directamente os locais de lesões, traumas ou tratamentos aplicados. Esta ideia procura acabar com “a enorme complexidade nos interfaces que são apresentadas aos médicos”, de modo “a evoluir para interfaces visuais, onde de facto o médico pode indicar visualmente o local onde ocorreu a lesão”, sublinha o estudante.
Os premiados mostram-se confiantes quando ao futuro dos projectos. Em declarações ao JPN, Augusto Esteves, estudante de Engenharia Informática, destaca que, para a sua ideia ver a luz do dia, “basta uma cidade querer representar os seus monumentos em pequenos objectos”. Depois, é só “introduzir a tecnologia” nesses elementos.
No mesmo sentido, Rui Marinho, estudante de Engenharia Biomédica, sublinha que “os primeiros passos foram dados”. “Já não é só uma ideia teórica, é algo que funciona, uma plataforma que está viva, que pode ser melhorada – e terá de ser – para ser posta em prática”, conclui.
O “Fraunhofer Portugal Challenge”
A iniciativa, lançada este ano pelo Fraunhofer AICOS, tinha como grande objectivo o desenvolvimento de teses, baseadas nas Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), na Multimédia e na Interacção Homem-computador.
“Investigação de utilidade prática” era o mote do projecto. Em declarações ao JPN, Rui Marinho considera que é esta “vontade” do Instituto Fraunhofer em tornar a teórica em prática, em construir ferramentas que “possam servir as pessoas”, que incentiva a vontade de desenvolver novas ideias. “Não vão ficar só pelo plano teórico”, enfatiza o estudante.
A apresentação decorrer no Círculo Universitário do Porto. Saúde, segurança, energia, comunicação, meio ambiente e mobilidade foram as principais áreas de enfoque dos trabalhos.