Olavo Boa Morte foi pai com vinte anos. “Quando a Íris nasceu, reagi bem. Foi só uma questão de me mentalizar que já era um facto”, diz. Hoje, dois anos depois, afirma que não se priva de fazer certas coisas, mas pensa “duas vezes” e tenta ajustar as suas opções às necessidades da filha. “Gosto muito de aventuras mas, hoje em dia, antes de pensar nisso penso nela e em como as coisas poderão ficar”, conta. Para o jovem, a única diferença entre um pai jovem e um pai adulto verifica-se “em termos de organização profissional e financeira”, uma vez que “não se tiram cursos de pai e mãe”. “A idade não define os bons pais e as boas mães”, entende.

Maria Teresa Mendes, psicóloga clínica no Hospital de S. João, considera que “o nascimento de um filho na juventude depende do projecto de vida dos pais, da estabilidade da relação e do suporte social do casal”.

Paulo Condé também foi pai aos vinte. “No início, ainda não tinha bem a noção que ia ser pai, mas, com o passar do tempo, comecei a cair na realidade e não trocava o momento em que ele nasceu por nada deste mundo”, esclarede. Para Paulo, agora com 22 anos, a grande vantagem de ser pai jovem passará pela pouca diferença de idade que terá do filho. “A minha família, para grande espanto meu, reagiu muito bem ao nascimento, o que me ajudou muito”, conta. Paulo confessa que ganhou “o maior prémio da vida” com o nascimento do filho.

Ser pai antes dos vinte

Eduardo Machado tinha 19 anos quando a Matilde nasceu. A gravidez não foi planeada e Eduardo, hoje com 21 anos, ficou surpreendido com a notícia, mas depois encarou o facto “como uma coisa boa”. Também a família e os amigos foram apanhados de surpresa com a novidade, apesar de terem reagido bem.

Depois de ser pai, o peso da responsabilidade cresceu e Eduardo viu-se a pensar mais em Matilde do que nele próprio. O jovem considera que não perdeu nada com o nascimento da filha. Diz até que ganhou “uma nova vida” e que, se voltasse atrás, “voltava a fazer igual”. Para Eduardo, um pai adolescente vive “mais tempo com o filho” do que um pai já adulto.

“Tinha 17 anos quando o meu filho nasceu”, afirma Ricardo Silva, agora com 21. “Não foi nada planeado mas já desconfiávamos e, como éramos os dois muito novos, tínhamos muito medo de contar aos nossos pais”, refere. Quando o Cláudio nasceu, a vida de Ricardo mudou radicalmente. Saiu da escola, começou a trabalhar e a ter mais responsabilidades.

Maria Teresa Mendes explica que, muitas vezes os pais receiam “não saber tratar adequadamente do bébé” e daí advém “o desgaste físico” e “as perturbações no relacionamento conjugal e no desempenho profissional”.

“Tornei-me adulto muito depressa”, conta Ricardo Silva, que não esconde ter perdido algumas regalias da juventude mas enumera o que ganhou: “um filho, maturidade, experiência de vida e uma alegria para toda a vida”.