O PS apostou na continuidade e jogou “à defesa”. O PSD optou por tentar surpreender. José Sócrates, embora tenha apresentado dez novos cabeças de lista às eleições legislativas apresentou nomes com pouca renovação. Os social-democratas lançam 13 caras novas, vários estreantes na política e algumas figuras conhecidas.

José Adelino Maltez, politólogo fundador e director do Centro de Estudos do Pensamento Político do ISCSP, considera que a opção do PS pela estabilidade mostra que o partido apenas se prepara para “o mais provável do pós-socratismo”, acrescentando, ainda, que o partido “não fez purgas internas”.

Por sua vez, as listas do PSD às legislativas incluem várias novidades, como as candidaturas das vice-presidentes do partido Nilza Sena, como número três em Coimbra, e Paula Teixeira da Cruz, segunda em Lisboa.

Os actuais deputados Luís Marques Guedes, ex-secretário-geral do partido, Jorge Bacelar Gouveia, José Pacheco Pereira e Agostinho Branquinho, abandonam as listas do PSD. Quem também não entra nas listas aprovadas, em Lisboa, por unanimidade é Pedro Rodrigues, anterior presidente da JSD.

Na perspectiva do professor de ciência política do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, o PSD “apenas abandonou a tentação do regresso ao neocavaquismo sem Cavaco e tirou daí as lições”. Acrescenta, ainda, que tanto o PS como o PSD apenas fizeram uma espécie de renovação na continuidade em que “algumas andorinhas não significam a Primavera”.

A sede do poder não está no Parlamento

O PCP tem como cabeça de lista Jerónimo de Sousa, por Lisboa e Honório Novo, no Porto. A eurodeputada Ilda Figueiredo é a novidade das listas da CDU para Viana do Castelo, distrito onde o partido nunca elegeu deputados.

No BE, por Lisboa concorrem Francisco Louçã, Ana Drago, Luís Fazenda, Helena Pinto e Rita Calvário, enquanto pelo Porto avançam os deputados João Semedo, Catarina Martins e José Soeiro.

A lista do CDS-PP às legislativas é liderada pela deputada Teresa Caeiro, por Lisboa, enquanto pelo Porto concorre o ex-presidente Ribeiro e Castro. Entram no CDS-PP, entre outros, Assunção Cristas, por Leiria e Filipe Lobo de Ávila, da comissão directiva democrata-cristã, que lidera a lista de Santarém.

Segundo Adelino Maltez, “o CDS, membro da principal multinacional partidária da Europa, prepara-se para alguns lugares ministeriais, na futura coligação alargada do FMI com a República Portuguesa”. No que diz respeito ao BE, o politólogo acredita que o partido quer “reafirmar-se como oposição ao sistema”, ainda que o PCP “entre no arco constitucional através de um acordo de regime que estabeleça limites para o desacordo”, remata.

No que toca à mensagem transmitida pelas listas propostas, na sua generalidade, José Adelino Maltez acredita que é confirmado que “a sede do poder não está no Parlamento, mas nos directórios partidários que escolhem os listados”. No entanto, assume-se como um “céptico entusiasta”, apesar de temer que “o próximo governo seja de feitores ou capatazes”.