A vizinha Espanha está a viver mais um protesto, desta feita com epicentro em Madrid, na Porta do Sol. Esta manifestação serve para os mais jovens exprimirem a sua revolta contra a falta de opções políticas, em vésperas de eleições municipais. Segundo o El País, estiveram presentes quatro mil pessoas nos protestos. No entanto, o El Mundo fala em apenas duas mil. O protesto começou no passado domingo e pretende manter-se até 22 de Maio, dia do sufrágio.

No primeiro domingo de protesto, as forças policiais reprimiram os manifestantes, pois estes queriam acampar à frente da Porta do Sol. No entanto, durante a noite de ontem, terça-feira, os jovens conseguiram mesmo manter-se na praça e aí vão continuar, fazendo turnos durante todo o dia. Apoiados pelos mais velhos, os manifestantes estão a receber comida e bebida de pessoas que vivem nas redondezas.

Os manifestantes reivindicam uma mudança política e social, à luz dos problemas económicos que o país enfrenta. Segundo Miguel Lourenço Pereira, um português a viver em Espanha, o protesto tem sido pacífico. “Ninguém faz barulho, ninguém grita, ninguém suja”, relata. Aliás, até há uma comissão dentro do grupo para evitar que a praça se suje.

O movimento é formado por um grupo de jovens que não pretendem estabelecer conexão partidária porque, segundo o jovem português, estão “descontentes com todos os movimentos sociais” e nenhum dos candidatos partidários oferece soluções aos problemas que a chamada geração Nini apresenta. Jose Campos Yuste, estudante espanhol da Universidade Complutense de Madrid, diz que o movimento se mostra contra “uma classe política que não ouve os seus eleitores, mas apenas serve os interesses do capital”. Os manifestantes reclamam mais ajuda na compra de casas, rebaixa do preço dos alugueres das habitações, maior escoamento dos recém-licenciados no mercado de trabalho, menos ajudas à banca e mais apoios sociais.

Na opinião de Miguel Lourenço Pereira, até ao Verão não devem acontecer mais manifestações do género, mas, quando chegarem as eleições nacionais, o jovem adivinha “protestos generalizados sobre o mesmo assunto e com os mesmos intervenientes”.

Protesto poderá mobilizar mais pessoas

Uma manifestação similar, ocorrida em Abril, resultou na detenção de 13 pessoas. Apesar disso, espera-se que este protesto decorra sem incidentes. “Parece que será tudo extremamente pacífico, mas há sempre grupos radicais a extremar as coisas”, sublinha Miguel Pereira. O português acredita que, se dependesse da maioria das pessoas que estão no protesto, não haveria incidentes até domingo. Mesmo assim, “depende muito da resposta das autoridades”. Jose Campos Yuste concorda, acrescentando que os “manifestantes não estão a planear problemas”. “A polícia é que acha que eles existirão”, remata.

O estudante espanhol considera que “mais gente vai aderir ao movimento”, uma vez que o protesto não é apenas contra o desemprego ou os cortes salariais, mas pela falta de opções políticas. O jovem português partilha, também, desta ideia e adivinha uma enchente na sexta-feira, dia sem aulas.