A Andreia aconteceu o mesmo que a muitos jovens recém-licenciados: depois de terminada a licenciatura em Psicologia pelo ISMAI viu-se sem emprego e com tempo livre entre mãos. Descobriu um talento desconhecido na decoração de bolos e hoje constrói verdadeiras esculturas de açúcar e maçapão no negócio “Era uma vez um bolo…”.
“Sempre gostei de Psicologia mas quando a escolhi foi um bocadinho com a ideia lírica de que ia ser a salvadora do mundo”, começa por dizer Andreia Pinto, de 28 anos. “Durante o curso percebi que isso não ia acontecer”, confessa. Fez estágio na área da toxicodependência, onde “a taxa de sucesso é muito pequena e a longo prazo”, o que a afastou ainda mais da ideia inicial. “Damos um chuto numa pedra e aparecem cinco psicólogos”, ironiza, justificando a dificuldade em conseguir emprego na área.
Terminou o curso no ISMAI em 2006 e esteve desempregada até que, há cerca de dois anos, a ocupação de recurso da mãe se transformou numa oportunidade. Andreia conta que a mãe, depois de ter perdido o emprego como costureira, se dedicou a um pequeno negócio de confecção de salgados para fora.
Um dia, uma cliente encomendou um bolo de aniversário que Andreia decorou e, assim, surgiu a ideia de criar o projeto “Era uma vez um bolo…“, que na verdade é um negócio familiar no Porto.
Apesar de sempre ter gostado muito de trabalhos manuais e de artes, nunca lhe tinha “passado pela cabeça” seguir essa área. Começou a interessar-se pelo “cake design” e a pesquisar sobre as técnicas em livros ou em tutoriais no Youtube. “Com o Facebook começaram a surgir mesmo muitas encomendas” conta, e o que na altura foi apenas um acaso transformou-se na sua principal ocupação. “Continuo a trabalhar com a minha mãe. Ela faz as massas e os recheios e eu trabalho a decoração”, explica. “Às vezes dá sarilho.”
As vantagens de aprender sozinho
Andreia considera-se uma autodidata. Aprendeu sozinha a moldar a pasta através da pesquisa voluntária que fez nos primeiros tempos. Mais tarde fez workshops para aperfeiçoar a técnica e, atualmente, admite sentir necessidade de “consolidar conhecimentos, aprender mais e coisas novas”, razão para investir em formação.
O “cake design” parece difícil mas, na verdade, “não o é”, esclarece Andreia. Partindo deste pressuposto, a psicóloga vai conduzir, a 18 de março, um workshop para ensinar técnicas de decoração de bolos, no caso um alusivo ao Dia do Pai – que até já está esgotado. A ideia é “desmistificar a dificuldade da técnica”. “É preciso gostar e ter paciência”, diz.
A quem esteja a passar por um momento complicado, Andreia aconselha a aprendizagem sobre algo que gostem, o que “torna as coisas mais fáceis. “Perde-se tempo que acaba por não ser perder tempo, ganham-se outras coisas. E por que não apostar?.” E esta jovem que o diga: foi através do “cake design” que Andreia conseguiu um contacto que lhe possibilitou um emprego como psicóloga numa escola.