Aos três anos, Paulo Freitas, agora com 21, já dizia à família que queria ser ator. E assim foi. O Paulo estudou teatro e percebeu que, de todas as vertentes do trabalho de ator, preferia a plateia e os aplausos às câmaras e fios.

Depois de passar por várias companhias de renome, encontrou no Porto o lugar ideal para fazer nascer a sua própria companhia de teatro – a TIPO. Agora, o grupo de Teatro Inédito do Porto, conhecido como TIPO, é uma das companhias emergentes da cidade invicta. “Remar contra a maré” é um dos lemas do projeto.

A ideia surgiu quando estava a trabalhar na companhia de Teatro Regional da Serra do Montemuro, com 19 anos. No início, o facto de duas salas aceitarem o projeto, foi uma força para que este fosse levado avante.

“Anteontem” já tem estreia marcada

A 28 de fevereiro, o Contagiarte recebe a estreia da nova peça do TIPO. “Anteontem” promete uma viagem no tempo, com apenas dois atores em palco. A história baseia-se nos últimos dias antes da revolução de abril de 1974 e estará em cena, no Porto, até 2 de março. Todos os espetáculos começam às 22 horas. Depois da estreia, TIPO arranca em digressão e ainda passa por Valadares, Gaia (8, 9, 11 e 12 de abril).

Em conjunto com a Susana Freitas, produtora, foram procurando os apoios e parceiros necessários para o projeto. Uma tarefa que exige muitas ideias criativas e originais, diz Susana.

O TIPO não tem equipa fixa, para além de Susana e Paulo. Os outros profissionais vão sendo contratados de acordo com o projetos e as necessidades. Esta é também uma forma de dar espaço a jovens artistas, fazendo do TIPO um palco emergente de novos talentos.

“O teatro não está fácil”

Mas a crise não facilita o trabalho a quem lhe quer virar as costas. Queixam-se da falta de apoios por parte da Câmara Municipal do Porto e da dificuldade que há em pedir apoios em alturas tão difíceis.

Paulo Freitas explica que é muito complicado não saber se no final de uma peça há dinheiro suficiente para recompensar os trabalhadores pelo bom trabalho e dedicação. “Já nos aconteceu ir para Mogadouro, Trás-os-Montes, fazer a viagem e apresentar a peça sem saber com quanto iríamos voltar”, afirma.

As companhias estão a ter dificuldades em sobreviver e vão sentir muito os cortes, mas a austeridade também tem levado os grupos a apoiarem-se mutuamente. Susana conta que várias companhias de teatro lhes cederam sala, materiais e outros apoios.