“Nenhum de nós ficou indiferente ao que acabou de ouvir da boca do primeiro-ministro”, afirmou João Semedo, atual líder do Bloco de Esquerda (BE), em relação às medidas anunciadas esta sexta-feira pelo chefe do governo. O pacote apresentado prevê cortes na despesa pública, através do despedimento de 30 mil funcionários públicos ou do aumento da idade da reforma com pensão completa.

João Semedo

João Semedo nasceu em Lisboa, em 1951. Depois de terminar o curso de Medicina e se especializar em Pneumologia, mudou-se para o Porto. Foi na Invicta que iniciou a sua atividade social e política. Foi eleito deputado pelo PCP entre 1991 e 1995 e de 2000 a 2006 presidiu ao Conselho de Administração do Hospital Joaquim Urbano. Chegou ao BE em 2006 onde é, desde 2012, juntamente com Catarina Martins, coordenador. Atualmente, é candidato à Presidência da Câmara Municipal de Lisboa nas Autárquicas de 2013 e comentador da SIC Notícias.

Segundo Semedo, as medidas representam um ataque violento “contra o Estado moderno e democrático” que se construiu nas últimas quatro décadas: “O que hoje o primeiro-ministro anunciou foi uma vaga de despedimentos como nunca houve em Portugal, pela Administração Pública”, disse.

O líder do Bloco prevê também, consequências “muito negativas sobre todo o setor privado”, que afetarão o consumo: “Estas medidas têm efeitos recessivos brutais”, afirmou, acrescentando a fragilidade do “tecido económico” e a tendência crescente do número de desempregados.

Joaquim Jorge: “O que faria se fosse primeiro-ministro?”

“Nós vivemos num regime de protetorado da troika”, começou por afirmar João Semedo quando a pergunta “o que faria se fosse primeiro-ministro?” foi feita por Joaquim Jorge. Durante a sessão, o atual líder do BE, questionou a independência de Portugal: “Nós não somos livres, os portugueses elegeram deputados e o governo não governa independentemente”.

O secretário do BE acrescenta a necessidade de tomada de um pequeno conjunto de “pequenas medidas” como a redução do financiamento das empresas ou a redução do IVA. Salienta, no entanto, que “não há soluções milagrosas, mas há um conjunto que pequenas decisões” que permitem fazer com que as pessoas sintam menos a crise.

Face à instabilidade governativa, Semedo salientou o papel de Cavaco Silva que serve de elo e força de coesão entre o PSD e o CDS: “Hoje o governo tem um poderoso sustentáculo. Chama-se Cavaco Silva. Cavaco Silva é hoje o garante do governo, é o cimento e a cola que junta aquilo que se está a desagregar”.