O ex-deputado do CDS-PP, Luís Nobre Guedes, foi o convidado da última sessão de 2013 do “Clube dos Pensadores“, esta segunda-feira. Perante uma plateia bem composta, o centrista abordou, em 90 minutos, o tema “Portugal: Outros Caminhos”. Num tom crítico, Nobre Guedes começou por afirmar que escolheu este tema por uma simples razão: acredita que, ao contrário daquilo que tem sido afirmado pela classe política, a austeridade não é o único caminho.

Luís Nobre Guedes referiu ser essencial mexer na Educação e fazer uma revisão constitucional do Estado, já que considera necessário alterar a Constituição. Acusando os três partidos que assinaram o memorando com a Troika (PS, PSD e CDS), o ex-deputado não deixa de defender que, para si, este é um sistema feito para proteger os mais fortes.

O advogado afirmou que o início do declínio do país começou com a entrada na União Europeia. Para Luís Nobre Guedes, apesar da nítida melhoria das condições de vida que Portugal teve, o país não soube aproveitar os recursos trazidos pela União Europeia.

Ainda que esteja afastado da vida política desde 2008, o ex-ministro do Ambiente e do Ordenamento do Território referiu que a queda do Muro de Berlim, em 1989, contribuiu para a inversão dos valores na Europa Ocidental, um espaço que, segundo Nobre Guedes, ficou dominado pelo dinheiro e pelos mercados.

De “salmão” para “frango assado”

Interrogado por Joaquim Jorge, moderador do Clube dos Pensadores, sobre um possível regresso à vida política e a relação com Paulo Portas, Guedes ironizou: “Eu sou do CDS e vou ao CDS dizer o que penso. Provavelmente o CDS vai dizer: ‘Obrigadíssimo, não queremos isto para nada, porque nós estamos muito bem. O nosso banquete está muito bom’. Como eu costumo dizer, é muito difícil sair de um banquete com salmão e caviar para frango assado. É estar a pedir muito”.

De forma direta e frontal, o ex-político assumiu aquela que, para si, é a grande falha na sociedade atual: a falta de afetos que diz existir. Não tendo desmentido algum mal-estar entre si e o seu ex-braço direito, Paulo Portas, atual vice-primeiro ministro, Luís Nobre Guedes admitiu que não deixa de ir aos congressos do partido, porque acredita nas potencialidades do país e não tem “medo” do que considera ser um “poder instituído”.

O advogado fez questão de partilhar com os presentes as medidas que, na sua perspetiva, representam soluções políticas. Para Nobre Guedes, a reforma política e administrativa do país é essencial, porque, segundo o próprio, não é possível “um país como Portugal ter 308 concelhos”. O clientelismo político foi uma das expressões mais usadas por Guedes. Para o ex-deputado, esta espécie de despesismo instituído pelo Estado faz com que áreas como a Administração Pública e a Justiça não sejam reformadas.