Nesta terça-feira, a Casa da Música apresentou a programação para o último trimestre de 2014 e, no fim da conferência, a conclusão é só uma: o orçamento destinado pelo Estado à instituição pode não ser o mesmo de outros anos, mas a oferta cultural continua pujante, com cerca de 60 eventos preparados.

O fim do ano perspetiva-se animado, desde logo com a celebração do Dia Mundial da Música, esta quarta-feira. Para assinalar a data, a Casa leva para a rua, durante o dia, cem jovens de escolas vocacionais de música. “Tivemos dois fins-de-semana de ensaios e, nesta quarta-feira, dois grupos de 50 alunos cada vão sair, às 10h, da Casa da Música, a cantar por vários pontos da cidade, como o metro do Porto ou o Mercado do Bolhão”, explica Jorge Prendas, coordenador do serviço educativo da Casa da Música.

“Apesar de termos momentos de intervenção já determinados, há carta branca para estes jovens surpreenderem com o canto, de um momento para o outro, um grupo de turistas na rua de Santa Catarina, ou os passageiros dentro do metro, por exemplo”, revela Jorge Prendas, acerca de uma iniciativa que até “vai incluir alguns pais destes alunos, que querem mesmo acompanhá-los e cantar, também”.

Bombino e The Legendary Tigerman vão ao “Club”

Já se sabia que o antigo “Clubbing” da Casa da Música passa, agora, a “Club“, e que, já a 11 de outubro, às 22h30, o espaço cultural estreia a nova nomenclatura, com as presenças, entre outras, do brasileiro Rodrigo Amarante e do seu primeiro disco a solo, “Cavalo”, e ainda do rock de Linda Martini. Mas há mais.

“Vozeando”

No final do dia, depois de percorrerem vários lugares da cidade, os cem jovens das escolas vocacionais regressam à Casa da Música para, a partir das 21h, reunírem-se num grupo de cem vozes. “Com um repertório só para elas, vão vozear pelo palco, desenhando coreografias de som”. Será o “Vozeando“.

Para 20 de dezembro, às 22h30, também já está marcado um novo “Club”, desta vez com as atuações garantidas de Bombino, nigeriano que funde “ritmos tradicionais berberes com a energia do rock and roll em canções sobre a paz” – descreve a Casa da Música -, e de The Legendary Tigerman, alter-ego de Paulo Furtado, com o seu estilo “à la Mississipi” bem vincado, numa mistura de rock, blues e mais alguma coisa que aparecer pela frente (bombo, guitarra e sons eletrónicos, por exemplo), e que de vez em quando é acompanhado por João Cabrita, saxofonista que dá sempre um ar da sua (muita) graça.

Os concertos dividem-se pela Sala Suggia e pela Sala 2, sendo que cada bilhete para cada espetáculo tem o custo de 12 euros. No entanto, no “Club” haverá zonas de circulação comuns e gratuitas.

“Outono em Jazz” e “À Volta do Barroco”

Outra das atividades culturais mais interessantes para o último trimestre do ano na Casa da Música é o “Outono em Jazz“. Entre 10 e 22 de outubro, o espaço recebe as “sonoridades vintage de Nicola Conte”, com soul, bossa e acid-jazz, “num concerto marcado pela voz quente de Melanie Charles. Haverá ainda a presença da cantora israelita de origem etíope Ester Rada e do brasileiro Ed Motta, entre outros.

A representar a música portuguesa no evento estarão os metais de Funky Bones Factory, com L.U.M.E. – Lisbon Underground Music Ensemble, “big band com música original de Marco Barroso, que propõe a desmontagem das referências eruditas e do jazz“. O bilhete geral para o outono musical custa 50 euros, existindo preços mais acessíveis para os concertos individuais.

No caso do “À Volta do Barroco“, que decorre de 2 a 16 de novembro, a curiosidade que a Casa da Música desperta com o ciclo, através da sinopse, é, sem dúvida, elevada. Senão leia-se: “Partimos em direcção a Constantinopla, ao encontro do príncipe Dimitrie Cantemir e de um universo sonoro simultaneamente místico e exótico na companhia de Jordi Savall e de grandes mestres da música tradicional”.