A Associação de Estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (AEFMUP) levou esta quarta-feira ao Auditório Novo B especialistas em áreas pouco divulgadas da Medicina. A sala encheu-se com 140 alunos curiosos, que procuravam saber mais sobre a Medicina Militar, Tropical e Aeroespacial.

O primeiro orador, o Tenente Aluno Stefano Pinto, frequenta o 6º ano de Medicina na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa. Veio até ao Porto para falar sobre a Medicina Militar, uma área particularmente complicada, uma vez que “não é fácil conciliar” a componente médica com a componente militar. Pelo meio, explicou o que faz um médico militar. Prestar “apoio a exercícios militares e aprontamentos internacionais” e ajudar em “situações de catástrofe nacional e apoio à população civil em caso de emergência” são as funções mais relevantes. Questionado sobre o estado da Medicina Militar em Portugal, Stefano Pinto confessa que “ainda está numa fase muito inicial”.

Segue-se o Rogério Ruas, Interno no Serviço de Doenças Infecciosas do Centro Hospitalar São João. Especialista em Medicina Tropical, deu particular enfoque à malária, que é para ele “a doença tropical de excelência”. Os 40 casos de malária tratados no Hospital São João no ano passado, justificam estas palavras. Durante a apresentação, realçou também a importância das consultas de Medicina de Viagem para quem planeia uma visita aos trópicos.

Apesar de, por enquanto, não existir uma especialidade em Medicina Tropical, há vários cursos de pós-graduação relativamente acessíveis aos interessados. O mesmo não acontece com a Medicina Aeroespacial.

Pedro Caetano é o último palestrante da conferência. À medida que fala, cativa o auditório. Terminou o curso de Medicina em 2012 no Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar (ICBAS) e, desde então, nunca mais parou. Após terminar a formção, foi um dos dois europeus selecionados para tirar o curso de Medicina Aeroespacial na NASA. A oportunidade surgiu quando se deparou com o concurso numa pesquisa online. Ao JPN, esclareceu o que faz um médico aeroespacial: “O médico aeroespacial, basicamente, vai tratar das condições pré, durante e pós o voo espacial. Passa por tentar certificar que um profissional, neste caso um piloto ou um astronauta ou alguém do grupo, possa estar em condições físicas e mentais para poder fazer um voo aeroespacial, para poder estar lá saudável, voltar saudável e acautelar todas as complicações das condicionantes externas que possam acontecer”.

Diogo Magalhães, aluno do 5º ano de Medicina, assistiu à palestra e ficou “muito interessado na Medicina Aeroespacial”. A dificuldade em arranjar formação na área, não tira o brilho a esta alternativa: “Acho que é uma disciplina absolutamente fascinante”, conclui.

Em Portugal, não há formação na área. Na Europa, é tido como referência o Mestrado em Medicina e Fisiologia Espacial do King’s College de Londres. Pedro Caetano fez a sua formação teórica na área na Universidade do Texas em Austin e a prática nas instalações da NASA.

 

Artigo editado por Filipa Silva