A evolução da ciência tem imenso impacto na vida das pessoas. No entanto, como facilitar o contacto dos cientistas com o público? “Os cientistas estão muito fechados nos seus laboratórios e depois falham na comunicação. Como simplificar a linguagem científica e despertar na sociedade o interesse pela ciência?”. Maria Rita Negrão, professora de Bioquímica da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) iniciou com esta questão o seu discurso no primeiro debate das Jornadas de Biotecnologia, “Comunicar Ciência nos dias de hoje”, que arrancaram esta quarta-feira na Universidade Católica do Porto.

O primeiro painel contou ainda com a presença de Iva Lamarão. A apresentadora de televisão e mestre em Bioquímica tem um blogue onde entre diversos temas, também fala sobre ciência. “Eu falo destes temas com uma linguagem simples, ou seja, descomplicando. Pelo meio coloco alguns termos científicos. De outro modo torna-se um ‘bicho de sete cabeças’ e as pessoas perdem o interesse”, contou ao JPN.

Para ajudar a facilitar a comunicação entre a comunidade científica e dos cientistas com o público, a FMUP criou uma disciplina opcional chamada “Comunicar Ciência”. Futuros médicos têm agora a oportunidade de aprender a tornar a informação mais acessível e a comunicar melhor com os seus doentes.

Outro dos temas abordados no debate foi a relação entre cientistas e jornalistas. Maria Rita Negrão explicou ao JPN que tem havido um esforço enorme dos cientistas para aproximarem os jornalistas do trabalho científico e assim substituir os artigos pequenos e sensacionalistas pelos mais sólidos. “Os cientistas têm convidado os jornalistas para irem aos seus laboratórios ou locais de trabalho. A comunicação mais próxima é a mais eficaz. Nas universidades têm sido criados gabinetes de imprensa que funcionam como pontes entre cientistas e a comunicação social”, salientou a professora de Bioquímica.

Sobre o mesmo assunto, Iva Lamarão foi pragmática. “Há alguma curiosidade, mas o que dá audiência não é a ciência. São assuntos simples e polémicos. No entanto, o público precisa de ser reeducado. Não somos estúpidos e podemos ir mais além”, afirma. Maria Rita Negrão reforçou a ideia ao dizer que “é preciso despertar nas crianças o interesse pela ciência”.

As Jornadas de Biotecnologia prolongam-se até quinta-feira na Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica do Porto.

Ainda esta quarta-feira acontecem workshops de chocolate, microbiologia e arte e uma demonstração de gastronomia molecular. O dia de quinta-feira é focado no impacto que a ciência tem na criação de novos alimentos. Conta também com a presença de Miguel Gonçalves, da Spark Agency, que explica aos estudantes como melhorar o desempenho no mercado de trabalho.

 

Artigo editado por Filipa Silva