É o quinto maior edifício do país e o maior camarário em Portugal com 20 andares e 400 degraus. Sempre a subir de bicicleta e sem tocar com os pés no chão. Este foi o último de três desafios deste ano da Up Stairs Challenge, uma iniciativa criada pela equipa da Trial Portugal, que foi proposto ao ciclista João Sousa.
O objetivo era escalar a Torre do Lidador, o famoso “isqueiro” da Maia sem nunca colocar os pés no chão ou sair da bicicleta durante a prova e João Sousa conseguiu-o em 12 minutos e 50 segundos.
A escolha dos edifícios foi feita com efeito direto nas pessoas para causar impacto em relação ao desporto. “Nós procuramos edifícios altos, mas também edifícios de serviços onde haja gente que esteja a trabalhar, porque também queremos levar o desporto até locais onde dificilmente o desporto de alta competição vai e nestes casos encontramos isso mesmo: edifícios com muitas pessoas que também entusiasmaram e apoiaram o João a subir mas também por onde passou o desporto”, disse Daniel Sousa, atleta da Trial Portugal e irmão de João Sousa.
O ciclista nunca tinha escalado um edifício tão grande nem com tantas escadas consecutivas, mas tinha a esperança de se conseguir superar e colocar uma boa marca para o recorde. “Primeiro de tudo quero chegar lá em cima sem colocar nenhum pé no chão porque esse também é um dos objetivos. Conciliar o cardio com a técnica nas escadas vai ser algo que vou ter que batalhar, porque à medida que vou subindo as forças também vão sendo menores”.
“A bicicleta tem que estar sempre a subir direitinha, porque se há uma falha de uma roda num degrau posso colocar o pé no chão. Isso é a ultima coisa que eu quero fazer”
A cada andar, as dificuldades iam aumentando, mas o ciclista manteve o espírito de atleta e não desistiu. Ao longo do percurso parou em seis andares: no 5º, 10º, 15º, 18º, 19º (o andar da presidência) e 20º. Neles fez demonstrações de trial bike e aproveitou para “descansar”.
Durante o percurso, João Sousa teve o apoio de Aurora Cunha, ex-atleta olímpica e madrinha deste desafio. No final, congratulou o ciclista por aquilo que conseguiu alcançar. “É preciso ter coragem para fazer este desafio de 400 degraus de bicicleta sem auxílio dos braços ou dos pés. O João está de parabéns e toda a sua equipa também. É um orgulho e um privilégio ser madrinha destas três edições que ele esteve. Só espero que o João não pare, não fique por aqui e que tente edifícios mais altos”.
E assim batalhou e conseguiu. Para ele, a principal complicação foi “gerir o cansaço e ter sempre uma técnica muito apurada, porque à medida que ficamos mais fracos a técnica também começa a vacilar, o que é muito prejudicial, porque podia colocar um pé no chão e isso era muito mau. Houve momentos em que tive alguns músculos a fugir, sentia que tinha que parar, respirar, voltar ao ritmo e então correu tudo bem”.
O trial bike é um desporto que consiste em ultrapassar diversos tipos de obstáculos com a bicicleta. Mas esta não é uma bicicleta qualquer.
Também é necessário o equilíbrio e a técnica. Neste caso, o número de escadas e, consecutivamente, de andares mostraram-se um grande obstáculo para o ciclista, que, apesar do cansaço, se mostrou orgulhoso daquilo que conseguiu.
O Up Stairs Challenge é uma atividade pioneira em Portugal e pretende que os atletas se superem através de dedicação, trabalho e concentração. Este ano foi a terceira vez que João Sousa superou o desafio, quando escalou 251 degraus no edifício Liberty Seguros, em Lisboa, em sete minutos e sete segundos. Depois subiu o edifício da Câmara Municipal de Lisboa em 11 minutos e 15 segundos e, por último, terminou na Câmara Municipal da Maia e encerrou o Up Stair Challenge 2017.
Segundo Daniel Sousa, no futuro “é possível que haja mais. A equipa não pretende ficar por aqui. Estamos sempre em busca de desafios originais, irreverentes e que nos superem a nos próprios”.
Artigo editado por Rita Neves Costa