O Benfica venceu, esta sexta-feira, o Boavista por 4-1, no Estádio do Bessa, e aumentou para cinco pontos a distância pontual para o FC Porto.

A superioridade benfiquista teve o seu expoente máximo na classe de Carlos Vinícius. O brasileiro voltou a desbloquear um jogo que, no início da segunda parte, parecia difícil de resolver. Mas depois de dois golos de rajada, o Boavista acabou por não conseguir voltar a ser consistente a atacar.

Ao primeiro capítulo do “show” Vinícius, o Boavista respondeu com o primeiro (e muito festejado) golo da época de Stoilikovic. Apesar do empate ao intervalo, a lei do mais forte imperou no Bessa mais por mérito dos campeões nacionais, do que por demérito dos comandados de Lito Vidigal.

RDT na bancada

Poucas surpresas na hora em que os titulares das duas equipas foram conhecidos. Do lado do Benfica, o maior destaque foi para uma ausência. Raúl de Tomás não figurou sequer entre os convocados encarnados, tendo sido ultrapassado na hierarquia dos pontas-de-lança pelo regressado Seferovic. Do lado de um Boavista marcado pelas ausências dos importantes Ackah, Heriberto e Mateus, nota para a presença de Paulinho, Obiora e Gustavo Sauer.

Perante o excelente momento de forma de Carlos Vinícius, Lito Vidigal foi fiel aos princípios da equipa e manteve uma estrutura de três centrais. Uma estratégia que podia causar novas dificuldades ao avançado brasileiro.

Início quente dentro e fora do relvado

O Bessa ferveu desde o primeiro minuto, dentro e fora do relvado. As claques, quer de Benfica, quer de Boavista, estimularam os jogadores, que punham muita intensidade em cada duelo. Ainda dentro do primeiro minuto: remate de Stoijlikovic para defesa de Vlachodimos e resposta do Benfica com golo de Pizzi anulado por fora de jogo. De realçar que o VAR demorou três minutos a invalidar o golo.

Sob o ponto de vista técnico, o Benfica assumiu a posse de bola, como seria de esperar, mas era de realçar a postura dos axadrezados com bola. Sempre que possível, o Boavista chegava rápido à área adversária e ao primeiro toque.

Com o passar dos minutos, foi-se acentuando o domínio do Benfica. A qualidade técnica dos encarnados e a mobilidade de todos os jogadores levavam os defesas do Boavista a tomarem algumas decisões precipitadas depois de recuperarem a bola.

A partir dos cinco minutos, o Boavista não estava a ser capaz de sair a jogar. Apesar de não surgirem oportunidades de golo flagrantes, não deixava de “cheirar a golo” do Benfica, pela facilidade com que os comandados de Bruno Lage dominavam o jogo.

Palestra, susto e a dura realidade

Aos 25 minutos, aquando de uma assistência médica a Bracalli, deu-se uma espécie de time out para o Boavista, com vários jogadores a ouvirem instruções de Lito Vidigal que, certamente, não tinha boas sensações a partir do relvado.

Cinco minutos depois, toda a palestra do técnico axadrezado podia ter caído por terra. Num lance em que Chiquinho recuperou a bola à entrada da área e seguia isolado, é travado em falta por Obiora que viu apenas o amarelo, apesar de ter parecido que Chiquinho já não teria oposição.

Na cobrança do livre, Pizzi atirou por cima mas, no minuto seguinte, o Benfica materializou o bom jogo que estava a fazer. Cervi surpreendeu a defesa do Boavista, aparecendo pela direita (já não era a primeira vez) e deixou Pizzi fazer um passe magistral para a finalização do inevitável Vinícius. Aos 34 minutos, estava aberto o marcador e, porque não dizê-lo, feita justiça.

Renasce a pantera

Aos 44 minutos, provavelmente quando já pensava no que dizer ao intervalo, Lito Vidigal viu a sua equipa ser bafejada com alguma felicidade, mas também competência.

Grande visão de jogo de Carraça, que identificou bem Sauer sozinho do lado esquerdo do ataque boavisteiro (dá a impressão que Tomás Tavares estava um pouco mal posicionado) e lhe  fez chegar um grande passe. Depois de uma receção que não foi perfeita, o brasileiro conseguiu cruzar para a finalização oportuna de Stojilikovic.

O sérvio, que nem estava a fazer um bom jogo foi muito saudado por toda a equipa. Ao intervalo, o resultado penalizava o Benfica, mas premiava a frieza do Boavista. Empate a um golo no marcador.

Vinícius ao comando

A segunda parte começou menos rápida do que a primeira. O Boavista parecia mais calmo e bem posicionado sem bola, mas, ainda assim, pertenceu ao Benfica o primeiro remate, por parte de Chiquinho.

Ainda sem fazer muito por isso, o Benfica conseguiu a vantagem aos 51 minutos. Carlos Vinícius ganhou espaço nas costas da defesa axadrezado e cruzou rasteiro para a emenda de Cervi, num lance em que os visitados ficaram a pedir falta. Mais uma vez, o VAR demorou muito tempo a atuar e a confirmar o golo dos encarnados. Pode dizer-se que o azar que o Benfica teve na forma como viu surgir o empate, transformou-se em sorte na forma como viu surgir a vantagem. Ainda assim, pelo que tinha sido o jogo até aí, o resultado era justo.

O Boavista até parecia estar a reagir bem à nova desvantagem, mas quem tem Carlos Vinícius na frente pode estar descansado. Assistido por Grimaldo, o avançado brasileiro usou o pé esquerdo para carimbar com classe o 3-1. O Boavista estava, agora, obrigado a arriscar mais, numa fase em que até estava a criar algum perigo.

Xadrez impotente

A perder por dois golos, o Boavista passou a ter mais iniciativa ofensiva, mas consentida pelo Benfica que continuava a criar mais perigo quando chegava ao último terço. À passagem do minuto 70, já tinham entrado no Boavista Samuel Pedro e Reisinho, mas sem efeitos práticos. Lage ainda não tinha mexido.

Vivia-se uma fase do jogo em que o Benfica controlava o adversário sem grandes problemas e dava mesmo a ideia de que a vitória já não fugiria aos encarnados.

Aos 80 minutos, contudo, Lito Vidigal decidiu arriscar um pouco mais: lançou Yusupha para o lugar de Ricardo Costa desfazendo, assim o trio de centrais e juntando dois avançados.

4-1 fica mais bonito

Nos últimos dez minutos da partida, assistiu-se a uma gestão de jogo muito sólida do Benfica. Bruno Lage lançou Seferovic para um eventual contra-ataque (e também para as palmas para Vinícius) e juntou Samaris à dupla Taarabt-Gabriel. Depois do terceiro golo, o Boavista nunca conseguiu causar real perigo à baliza de Vlachodimos apesar de algumas aproximações e o quarto golo do Benfica acabou por tornar o resultado um pouco mais claro. Na sequência de um livre lateral, Gabriel carimbou o resultado final.

Com este resultado, o Benfica aumenta a distância para o segundo lugar para cinco pontos e fica à espera de ver o que o FC Porto faz no domingo na deslocação ao Jamor. Quanto ao Boavista, que na próxima jornada se desloca ao terreno do Marítimo, mantém a certeza de que vai acabar a jornada na primeira metade da tabela classificativa, apesar da derrota.

“Foi um jogo sempre equilibrado”

Perante o resultado, Lito Vidigal mostrou-se desiludido aos jornalistas. Para o treinador boavisteiro, o Boavista conseguiu “equilibrar o jogo” e foi traído por um golo em que há “falta”.

O jogo foi bem disputado. O Benfica foi intenso, agressivo e quis mandar desde o início. A primeira parte foi equilibrada, empatámos e na segunda parte o Benfica faz um golo em falta. Voltámos a jogar, podíamos ter feito o 2-2, mas o 3-1 acabou por definir o resultado”, comentou o técnico boavisteiro.

O técnico foi, ainda, questionado acerca das diferenças entre os três candidatos ao título e deu uma resposta muito clara: “Já jogámos contra os três grandes no Bessa. Só há dois candidatos ao título. O Sporting é grande, gostava que estivesse perto dos outros, mas quem tem lutado pelos campeonatos são Porto e Benfica”, sentenciou o treinador.

Sobre o grande fosso do campeonato português entre os chamados grandes e as restantes equipas, Lito Vidigal comentou ainda: “Gostava de ver mais clubes lá na luta. Se houvesse mais justiça a diferença pontual não seria esta. Não é preciso orçamentos grandes. Com mais equilíbrio pontual há mais gente nos estádios”, afirmou.

“Sentimo-nos como se estivéssemos a jogar em casa”

Bruno Lage apareceu satisfeito na sala de imprensa. O técnico encarnado, além de analisar o jogo, fez muitas vezes questão realçar a força que os adeptos do Benfica tinham dado à equipa no jogo: “Foi um grande jogo do primeiro ao último minuto, no qual foi fundamental o apoio dos adeptos. Sentimo-nos como se estivéssemos a jogar em casa”, comentou.

“Isso fez-nos sentir confortáveis no jogo, a fazer um futebol que gosto de ver, com alegria, bola de pé para pé, a finalizar, a ser forte nas transições, equilibrada e a marcar golos”, disse Bruno Lage que assumiu que a sua equipa tinha “a intenção de fazer um grande jogo”,  até porque, assegurou, “a equipa tem vindo a crescer”.

Artigo editado por Filipa Silva