Catarina Santos faz parte do primeiro grupo de alunos que ingressou no curso de Jornalismo e Ciências da Comunicação, criado em 2000, na Universidade do Porto. Era um projeto acabado de nascer, que “ainda não estava a funcionar em pleno” – recorda em conversa com o JPN -, pelo que, em geral, as “coisas tinham que ser, ainda, um bocadinho desenrascadas”.

Ainda assim, foi exatamente esse “espírito de desenrasque” que se mostrou útil no mercado de trabalho, no qual entrou com memórias de uma proximidade muito grande entre todos aqueles que fizeram parte do que é, hoje, o curso de Ciências da Comunicação: Jornalismo, Assessoria, Multimédia (de que o JPN faz parte). “Se tivesse ido para outro curso menos prático, como era a maioria dos cursos que existia na altura na área do Jornalismo, não estaria, provavelmente, a fazer o que estou a fazer”, afirma a jornalista que é agora editora de Multimédia no jornal Observador.

No último ano do curso, em 2004, Catarina Santos estagiou na Rádio Renascença, mas era na redação do JPN, fundado nesse ano, que terminava o seu dia, “porque queria fazer parte daquilo também”.

Antes de se tornar editora de multimédia do Observador, foi também na Renascença que deixou a sua marca como jornalista e autora de reportagens que lhe valeram dois prémios Gazeta Multimédia. É a temática dos direitos humanos que a apaixona, campo em que sente que os jornalistas “têm um papel a cumprir”.

“Acho que é uma bola de neve: quando se começa a entrar e a tratar mais assuntos dessa área, instala-se uma atenção e uma urgência de continuar, porque é uma área em que, quando se puxa uma ponta, há imensas histórias que precisam de ser contadas”, resume. Isto passa, na opinião de Catarina Santos, por “associar rostos concretos a números” que, presentes em “relatórios constantes”, correm o “risco de nos anestesiar”.

A multimédia, que ganha poder no mundo digital, torna-se numa mais-valia para a concretização dessa tarefa, ao criar “uma linguagem nova”, com a capacidade de “envolver a pessoa na história e transportá-la para uma realidade específica que não faz parte do seu quotidiano”. E, por isso, a antiga aluna de Jornalismo e Ciências da Comunicação não dúvida de que tem “uma sorte gigante de ser jornalista neste tempo”.

Ainda assim, a multimédia tem um longo caminho a percorrer. Catarina Santos relembra que “o discurso que se usa agora, sobre como estas técnicas e esta forma de contar histórias é o futuro” é o mesmo que se utilizava na altura em que era estudante. “Eu acabei o curso em 2004 e o discurso era o mesmo que agora! Acho que as redações, de facto, estão a demorar bastante tempo a tirar todo o potencial que podiam desta área. Espero que o façam mais”, remata.

A esperança da jornalista reside nas próximas gerações – a começar pelos estagiários do JPN, a quem, na segunda-feira, pretende “incitar o entusiasmo” pelo mundo da multimédia e mostrar o seu “potencial”. Acima de tudo, Catarina Santos quer despertar na redação do JPN a “vontade de fazer jornalismo e de perceber porque é que ele é mais fundamental do que nunca na nossa sociedade”.

Artigo editado por Filipa Silva