Ainda não foi desta que o FC Porto bateu o Sporting esta época. Depois do empate a dois golos na 4.ª jornada do campeonato, e da derrota para a Taça da Liga, a equipa de Sérgio Conceição empatou, este sábado, por 0-0, num jogo relativo à 21.ª jornada da Liga. O “clássico” disputado no Estádio do Dragão teve poucas oportunidades de golo, ainda que os “azuis e brancos” tenham andado sempre mais perto de conquistar os três pontos, com destaque para duas grandes oportunidades de Mehdi Taremi na segunda parte do encontro.
O empate mantém o FC Porto a dez pontos do Sporting CP e coloca em risco o segundo lugar que pode passar a ser ocupado pelo SC Braga, caso a equipa bracarense vença este domingo na Choupana, casa do Nacional da Madeira.
Ambos os treinadores apostaram no seu onze-base, com Rúben Amorim, treinador do Sporting CP, a repetir o alinhamento inicial do último encontro frente ao Portimonense (2-0) e Sérgio Conceição a promover uma alteração no onze comparativamente ao jogo nos Barreiros, frente ao Marítimo (1-2), com a saída de Luis Díaz por troca com Otávio.
O encontro ficou inevitavelmente marcado pelo tributo a Alfredo Quintana, guarda-redes de andebol do FC Porto e da Seleção Nacional, que faleceu na sexta-feira, aos 32 anos, após uma paragem cardiorrespiratória num treino ocorrida no início da semana. Antes do início da partida, a equipa do FC Porto apresentou uma tarja dizendo “Eterno 1 Quintana” – numa alusão ao número da camisola do jogador – e foi feito um minuto de silêncio em memória a um dos melhores jogadores da história do andebol nacional.
Primeira parte com pouco para contar
As duas equipas procuraram manter as suas ideias de jogo habituais, com o FC Porto a jogar em 4-4-2, com Otávio a fletir mais para o centro do terreno, no apoio a Mehdi Taremi e Moussa Marega. Já o Sporting, procurava criar jogo a partir dos seus três centrais, com Nuno Mendes e Pedro Porro a percorrerem as laterais dos “leões”e com Pedro Gonçalves, melhor marcador do campeonato, à procura de zonas centrais a partir do corredor direito, para ajudar o jovem avançado Tiago Tomás.
Nos primeiros minutos da partida, foram os visitantes que causaram mais dificuldades, com uma pressão alta sobre a defesa portista, dificultando a saída de bola dos “azuis e brancos”. A partir do minuto 15, os “dragões” assumiram claramente o controlo do jogo, mostrando vontade de vencer, enquanto que o empate servia mais os interesses dos “leões”. O Sporting mantinha-se atento às tentativas de jogo na profundidade do FC Porto e mantinha as linhas mais recuadas.
O primeiro lance de algum perigo surgiu perto dos 20 minutos da partida, com Wilson Manafá a aproveitar algum espaço pela ala direita e a chegar perto da grande área dos “leões”. O remate não saiu nas melhores condições, mas tinha ficado o aviso para equipa lisboeta.
O Sporting não conseguia estar confortável na primeira zona de construção, a partir dos centrais, sendo sempre obrigado a jogar de forma direta, tudo graças à pressão de três jogadores (Taremi, Marega e Otávio) que dificultavam a organização de jogo dos “leões”. Tiago Tomás foi sempre presa fácil para Pepe e Mbemba, que foram controlando o jogo da equipa leonina.
Os “dragões” tiveram quase sempre a bola e procuraram sempre aproveitar a superioridade causada pelos desequilíbrios no centro do terreno, especialmente através dos movimentos interiores de Otávio. Apesar disso, faltava o último passe “aos azuis e brancos”, com António Adán a mostrar-se sempre atento ao ataque à profundidade por parte do FC Porto.
Em termos ofensivos, o único lance com algum perigo que o Sporting criou foi já perto do final da primeira parte, com uma recuperação de bola de Palhinha que lançou um contra-ataque perigoso para os “leões”, mas Zaidu recuperou rapidamente e impediu qualquer tentativa de remate à baliza de Marchesin. Esta temporada, foi a quarta vez que o Sporting não fez qualquer remate enquadrado com a baliza na primeira parte de um encontro.
Mais perigo, mas também mais desperdício
O FC Porto entrou a todo o gás na segunda parte e logo aos 46 minutos teve uma boa chance para marcar, através de uma bela arrancada de Zaidu pelo corredor esquerdo e um remate que passou ligeiramente ao lado do poste esquerdo da baliza sportinguista. Ao minuto 50, foi a vez de Moussa Marega, que após um toque de cabeça de Otávio, procurou rematar a partir de um ângulo apertado, com a bola a passar por cima da baliza defendida por Adán.
A equipa leonina continuava a ter imensas dificuldades na saída de jogo, com o FC Porto a conseguir recuperar a bola em zonas mais avançadas, o que causava mais dificuldades à melhor defesa do campeonato (dez golos sofridos em 20 jogos).
Ao minuto 57, Taremi teve no seu pé direito a melhor oportunidade da partida. Após um mau passe de Nuno Mendes, Otávio descobriu Corona no lado direito e o jogador mexicano encheu o pé, deixando a bola milimetricamente nos pés do avançado iraniano do FC Porto, que não conseguiu acertar bem na bola, deixando o banco portista com as mãos na cabeça.
Vendo a dificuldade que a equipa tinha em levar a bola para a área do FC Porto, o treinador do Sporting CP, Rúben Amorim, promoveu a primeira substituição na partida com a saída de Nuno Santos para a entrada de Matheus Nunes, ao minuto 63 do encontro. Oito minutos depois, o médio brasileiro criou o único lance de verdadeiro perigo para a baliza defendida por Marchesín. Numa altura em que a equipa portista estava mais subida no terreno, Matheus Nunes percorreu todo o corredor direito, deixando Otávio para trás e chegou à grande área do FC Porto, rematando por cima da baliza portista.
Ao minuto 75, o FC Porto voltou a estar perto de marcar pelos pés de Taremi, mais uma vez. Após uma excelente triangulação no lado direito do ataque, Manafá trabalhou muito bem sobre a defesa leonina, cruzou rasteiro para Mehdi Taremi, que, mais uma vez, falhou o alvo com um remate de primeira, por cima da baliza sportinguista.
À procura de uma vitória, Sérgio Conceição mudou a sua equipa com a entrada de Francisco Conceição e Luis Díaz, extremos puros que levaram o FC Porto a jogar em 4-2-4, numa tentativa mais desesperada de chegar ao golo. Foi de livre direto que quase chegava o tão desejado do golo da vitória e à terceira não foi de vez para Mehdi Taremi, desta vez através de um pontapé de bicicleta de difícil execução, mas que ameaçou António Adán.
A partir desse momento, a equipa do Sporting teve mais espaço para atacar, mas sempre sem perigo para o FC Porto que continuava a falhar na definição do último passe. Ao fim de três minutos de compensação, o árbitro João Pinheiro apitou para o final da partida, num empate a zeros que favorece os “alunos” de Rúben Amorim.
“Fomos mais competentes em todos os momentos do jogo”
Após a partida, Sérgio Conceição mostrou-se visivelmente frustrado com o resultado, referindo que a sua equipa “fez bem o seu trabalho”. “Falhou algum discernimento” e “qualidade na definição”, realçou o treinador do FC Porto, e disse que “apesar dos resultados não o mostrarem” tem uma convicção: “sentimos que nestes três jogos [contra o Sporting CP], fomos claramente melhores”. Destacou também o facto de Marchesin “não ter feito uma única defesa” e afirmou que o Porto foi “a única equipa que jogou para vencer”.
Por seu lado, Rúben Amorim elogiou os seus jogadores, dizendo que a equipa esteve “bem defensivamente” e jogos como este são “importantes para o crescimento dos jovens jogadores” que tem ao seu dispor. Relativamente à liderança dos “leões” no campeonato, o técnico do Sporting mantém o discurso, afirmando que “não assume a candidatura” do clube de Alvalade ao título e que prefere pensar “jogo a jogo”.
O próximo jogo do FC Porto para o campeonato está marcado para dia 6 de março, em casa do Gil Vicente. Antes disso, a equipa treinada por Sérgio Conceição defronta o SC Braga no Dragão, num encontro da segunda mão da Taça de Portugal. O Sporting CP regressa aos jogos da liga no dia 5 de março, em Alvalade, frente ao Santa Clara.
Artigo editado por Filipa Silva