O FC Porto recebe, este sábado, o Sporting CP, às 20h30, num jogo extremamente importante para o desenlace do campeonato.

Não é assim tão comum um jogo nesta altura ser tão decisivo, quer em Portugal, quer em qualquer outro país do mundo. A verdade é que este encontro é precisamente isso, e, por acaso, na época transata aconteceu um outro de importância similar.

O FC Porto recebia o SL Benfica, a sete pontos do então líder. As “Águias” estavam em boa forma, enquanto que os “Dragões” estavam em dificuldades. Uma vitória dos encarnados poderia fechar completamente as contas do título, mas se os três pontos ficassem no Dragão, as coisas poderiam ser muito diferentes. E foi precisamente isso que aconteceu. O FC Porto triunfou, e reduziu a diferença para apenas quatro pontos. A partir daí, a reviravolta na classificação tornou-se mais facilitada, e os azuis e brancos foram campeões.

É certo que a vantagem leonina na presente época é superior, mais três pontos, mas o jogo pode ter o mesmo efeito, pelo menos esperam os portistas. É o Sporting CP que tem o ascendente neste preciso momento, mas não é de todo impossível que este vire.

Para a equipa de Rúben Amorim é também um momento de importância extrema. Não precisa de ganhar, mas a vitória poderia certamente mostrar ao país que o Sporting CP é, de facto, o favorito na Primeira Liga. Os fantasmas dos 19 anos sem o título de campeão não estão ainda todos desaparecidos, mas uma vitória frente ao clube da Invicta, fora de portas, pode enviá-los em definitivo para a escuridão.

Como vão jogar as equipas?

Da parte do FC Porto, podemos esperar uma equipa atacante, pressionante e que tenta, desde primeiro minuto, importunar o adversário. O jogo, de 17 de fevereiro, frente à Juventus FC foi o exemplo perfeito daquilo que Sérgio Conceição quererá contra os “Leões”.

Ainda assim, é possível que haja algum receio dentro do grupo portista de, ao querer atacar em demasia, deixar a sua defesa desprotegida. Enquanto que um empate não é positivo para o FC Porto, uma derrota é impensável dentro dos desejos da conquista do título.

O 4-4-2 é a formação preferida de Sérgio Conceição e não a deverá mudar para o Clássico. Taremi e Marega são os jogadores mais perigosos na frente na ideia do treinador e, precisando de golos, deverão também ser chamados. Sérgio Oliveira e Matheus Uribe são, de longe, os médios mais utilizados e Conceição irá confiar neles o papel do meio-campo.

A grande dúvida surge nas alas: se jogam os dois extremos mais de explosão – Corona e Díaz -, ou se Otávio entra para o lugar de um deles. Dependerá da ideia de Sérgio Conceição, querendo uma equipa mais rápida, o colombiano deverá ser a opção, se optar por um maior controlo do miolo, o brasileiro renderá Luis Díaz. De mencionar também que Pepe, o capitão portista, completou esta sexta-feira 38 anos, e, se for a jogo, passará o ser o jogador azul e branco mais velho a participar num Clássico.

Já o Sporting CP não deverá, também, fazer grandes mudanças. O sistema vai ser o mesmo – Rúben Amorim afirma em quase todas as conferências de imprensa que não mudará o desenho tático assim tão cedo -, e os protagonistas também serão os do costume. Coates e Feddel farão a tripla de centrais com Neto ou InácioPorro e Nuno Mendes serão os laterais a dar toda a largura, e Palhinha fará dupla com João Mário ou Matheus Nunes – o português se quiser mais bola no meio-campo, o brasileiro se Rúben Amorim achar que o jogo será mais partido.

Com a indisponibilidade de Paulinho para a frente de ataque, Tiago Tomás deverá assumir a titularidade, com Nuno Santos e Pedro Gonçalves na esquerda e direita, respetivamente.

Os “Leões” vão querer manter o controlo do encontro, sempre com a bola nos pés, como têm mostrado com Rúben Amorim. A pressão dos “Dragões” será uma dificuldade à posse de bola leonina, e a forma como o Sporting CP lida com essa condicionante será crucial. Com Tiago Tomás na frente, em vez de Paulinho, os lisboetas ganham também maior capacidade de jogar na profundidade, visto que Pedro Gonçalves é também um especialista no ataque às costas dos defesas.

Sérgio Conceição: “O Sporting CP sabe o que quer do jogo”

O treinador portista deixou vários elogios à formação leonina, afirmando que são uma equipa “muito pragmática, que sabe o quer do jogo”. Acrescentou, também, que os Leões têm conseguido fazer muito bem uma parte essencial do desporto: “O futebol é simples: não sofrer e marcar – o Sporting tem conseguido [fazê-lo]”.

Apesar dos dados já apresentados, e as comparações ao jogo do ano passado contra o SL Benfica, Sérgio manteve-se coerente ao seu discurso habitual e desvalorizou “jogos passados”, repetindo que não usa esses encontros no “trabalho mais emocional no balneário”.

Rúben Amorim: “Obviamente que o FC Porto não deitou a toalha ao chão”

Se Sérgio Conceição havia sido coerente no seu discurso, Rúben Amorim também não ficou atrás. O treinador leonino voltou a tentar relativizar a luta pelo título, querendo sempre analisar a situação não só pela sua perspetiva, como pela perspetiva dos adversários: “Para nós 10 pontos parecem poucos, para os outros parecem muitos”.

Num jogo em que o tópico mais recorrente é que a responsabilidade está do lado dos Dragões, Rúben Amorim discorda, dizendo que a sua equipa não tem “que empatar”, mas sim “ganhar”. Afirmou e reafirmou-o, com o argumento de que não é o “tudo por tudo” do FC Porto, mas sim do Sporting CP, pois são os “Leões” “que não ganham há muito tempo”, e que por isso é a sua equipa obrigada a ter “mais fome [de vitórias]”.

Artigo editado por João Malheiro