A precisar de marcar três golos para passar às meias-finais, depois da derrota por 2-0 na primeira mão, jogada em casa emprestada, Futebol Clube do Porto regressou, esta terça-feira, ao Ramón Sánchez Pizjuán, em Sevilha, para “visitar” o Chelsea Football Club, na partida final dos quartos de final da Liga dos Campeões.

Num jogo morno e sem grandes incidências, os “azuis e brancos” dominaram, ainda que de forma consentida, os ingleses, mas o golo surgiu apenas nos descontos, através de Mehdi Taremi. 1-0 foi o resultado final que ditou o fim da campanha europeia da formação portuguesa.

Em relação ao primeiro jogo, Sérgio Conceição, técnico dos “dragões”, já pôde contar com o regressados Sérgio Oliveira e Taremi, ambos castigados na primeira mão. Destes, apenas o centro campista português entrou para um onze inicial em tudo semelhante à primeira mão. Grujic manteve-se no meio-campo portista, enquanto Luis Díaz caiu para o banco de suplentes. De resto, o treinador português apostou nos jogadores que têm somado mais minutos ao longo da temporada, com Marega a ser apoiado no ataque por Otávio e Jesús Corona.

Por sua vez, a equipa inglesa comandada por Thomas Tuchel apresentou três alterações em relação ao encontra da semana anterior. N’Golo Kanté, lesionado na primeira mão, substituiu Mateo Kovacic, que estava em dúvida para esta partida, no meio-campo, enquanto no trio de defesas centrais, Thiago Silva entrou para o lugar de Andreas Christensen. Finalmente, no ataque, Christian Pulisic, o jovem norte-americano que também tinha falhado o primeiro jogo por lesão, rendeu o alemão Timo Werner.

Domínio “azul e branco” sem perigo

Ainda que Sérgio Conceição tivesse afirmado na antevisão que o FC Porto não iria “com demasiada sede ao pote” no arranque do encontro em busca de reduzir a desvantagem, a verdade é que os “dragões” entraram a pressionar alto e a obrigar o Chelsea FC a bater longo na frente. Isso traduziu-se num domínio cerrado dos primeiros minutos da partida, instalados por completo no meio-campo ofensivo.

Ainda assim, um pouco à imagem do que aconteceu na primeira mão, os ingleses mostravam-se certeiros nas poucas vezes que se soltavam das amarras “azuis e brancas”. Aos sete minutos, Mason Mount viu o seu remate desviar num defesa portista e passar perto da baliza de Marchesín. Na resposta, um mau passe do guarda-redes Edouard Mendy foi parar aos pés de Corona, mas também aqui os defesas foram lestos a travar as intenções do avançado.

Embora deixasse mais espaço nas suas costas, a pressão do FC Porto ia-se mostrando uma estratégia eficaz, ao criar bastantes dificuldades aos londrinos na construção de jogo a partir de trás. A isso muito se devia o bom trabalho dos médios portistas a anular Jorginho e Kanté, embora o francês tenha conseguido em algumas situações superar a pressão da equipa portuguesa.

Apesar do domínio na posse de bola e de manter o adversário quase sempre numa postura defensiva, faltava criatividade e assertividade aos “dragões” no último terço, o que se traduzia numa escassez de oportunidades de golo. Para além disso, as transições do Chelsea faziam soar os alarmes na defesa “azul e branca” ao mínimo erro cometido.

O intervalo chegou sem que nenhuma equipa tivesse criado lances de perigo assinalável. O FC Porto controlava as operações, mas não causava calafrios à equipa londrina, que tinha o resultado na eliminatória a seu favor.

Obra de arte de Taremi chegou tarde

A segunda parte começou com os “dragões” de novo por cima, a conquistar vários cantos de forma consecutiva. No entanto, seria mais uma vez o Chelsea FC a primeira equipa a criar perigo, mas Pulisic não correspondeu da melhor forma ao cruzamento de Chilwell. Os ingleses acabaram por melhorar e o norte-americano voltaria a desequilibrar, num lance que terminou com Manafá a intercetar um remate de Mason Mount.

Com o jogo mais equilibrado no segundo tempo, as oportunidades continuavam a ser poucas. A partida decorria de forma morna, com os centrais da formação inglesa a limpar todas as ofensivas dos portistas. Aos 64 minutos, o FC Porto ainda construiu uma jogada de belo efeito, com Otávio a picar a bola sobre a defesa contrária para Corona que, de primeira, levantou para Taremi, entrado no segundo tempo para o lugar de Grujic, cabecear colocado, mas com pouca potência para defesa atenta de Mendy.

Sérgio Conceição lançou depois Nanu, Luis Díaz, Evanilson e Fábio Vieira para dentro de campo, mas o jogo continuou adormecido e com poucas aproximações às balizas das duas equipas. Já nos descontos, Pulisic, sempre ele, ainda apareceu bem posicionado frente a Marchesín, contudo, o guardião argentino foi rápido a sair da baliza e ganhou o duelo.

Quando já tudo parecia encaminhado para o empate, Taremi fez um extraordinário golo através de um pontapé de bicicleta, após cruzamento de Nanu, que deu a vitória por 1-0 ao FC Porto, resultado que foi insuficiente para evitar a eliminação da Liga dos Campeões, mas deu um colorido mais justo ao marcador final da eliminatória.


Apurado para as meias-finais, o Chelsea FC fica agora a aguardar o desfecho do embate entre Real Madrid e Liverpool FC. Na primeira mão, os madrilenos receberam e venceram os ingleses por 3-1. Também apurado para as meias-finais está o Paris Saint-Germain que, apesar da derrota caseira perante o Bayern Munique, por 1-0, viu os três golos marcados na Alemanha selarem a sua passagem à próxima fase.

“Orgulho enorme”

Nas declarações à imprensa após o final da partida, Sérgio Conceição realçou o “orgulho enorme no grupo de trabalho” e no “que os jogadores fizeram para tentar estar nas meias-finais”. Lamentou ainda os “pormenores” que podiam ter dado outro resultado na primeira mão, mas afirmou que ao nível da interpretação e implementação da estratégia para o jogo, este foi dos melhores da sua formação.

O técnico portista considerou que a equipa foi “muito competente nos dois jogos”, frente a um adversário de altíssimo nível “que normalmente dá uma imagem diferente num campeonato como o inglês” e que tem feito um “trajeto excelente” na Liga dos Campeões. Ainda assim, reconheceu que se o FC Porto não avançou na prova é porque havia aspetos a melhor e, nesse sentido, “há que refletir sobre o que não correu bem”.

“Temos de crescer e melhorar”

Já o alemão Thomas Tuchel afirmou que é necessário ter consciência de que é difícil jogar contra um adversário como os “azuis e brancos” e que os seus jogadores ainda são muito jovens e têm pouca experiência em jogos deste nível. “Temos de crescer e melhorar. Agora estamos nas meias-finais e nas meias-finais jogas pela final. Tudo pode acontecer”, rematou o técnico do Chelsea FC, antes de referir estar “muito feliz” pelo desfecho da eliminatória.

O FC Porto volta a entrar em campo este domingo, com uma deslocação à Madeira para defrontar o CD Nacional, num encontro da 27.ª jornada do campeonato. No mesmo dia, o Chelsea FC tem jogo grande frente ao Manchester City, numa partida referente às meias-finais da Taça de Inglaterra.

Artigo editado por João Malheiro