Portugal não foi além de um empate, esta terça-feira, na deslocação à Rússia para a segunda mão do playoff de acesso ao Europeu de Futebol Feminino de 2022. Num jogo em que a equipa das quinas precisava de um golo para igualar a eliminatória, o esforço não deu frutos. A equipa russa ainda ameaçou, um par de vezes, aumentar a margem mínima de vantagem, mas não conseguiu ir além do nulo no marcador.

Numa luta por um lugar no apuramento do Euro 2022, Francisco Neto, selecionador nacional, fez duas alterações no onze inicial. Patrícia Morais deu lugar a Inês Pereira na baliza, Ana Borges, Carole Costa, Sílvia Rebelo e Joana Marchão mantiveram as posições na defesa, Dolores Silva, Tatiana Pinto, a capitã Cláudia Neto e Andreia Norton ocuparam o meio-campo, e Jéssica Silva regressou à titularidade em dupla com Francisca Nazareth, a surpresa da primeira mão, na frente de ataque.

No lado da equipa russa, o selecionador Yuri Krasozhan só fez uma alteração com a entrada de Chernomyrdina para o lugar de Pantyukhina. Assim, o onze inicial da congénere russa contou com Todua na baliza, Mashkova, Belomyttseva, Kozhnikova e Abdullina na defesa, Smoylova, Kozlova, Fedorova, Smirnova e Chernomyrdina no meio-campo e Korovkina na frente.

Primeira parte de algum equilíbrio

O jogo era vital para a seleção nacional que procurou desde cedo controlar a partida, sem deixar a Rússia aproximar-se da baliza de Inês Pereira. A evolução de Portugal estava provada, mas as jogadoras portuguesas ambicionavam por mais e a vontade de alterar o resultado era evidente.

Logo no início da partida, Smirnova fez um perigoso remate cruzado, mas a resposta das quinas não demorou a chegar. Aos 3’, Ana Borges cruza para o cabeceamento com pouca direção de Francisca Nazareth. Portugal segurava a posse de bola no meio-campo russo e procurava espaço para finalizar. Imediatamente a seguir, aos 4’, Cláudia Neto rematou para o bloqueio da defesa russa.

No minuto 10, Jéssica Silva e Cláudia Neto fizeram uma combinação de mestre que merecia ter acabado em golo. Portugal continuava a pôr à prova a guarda-redes da seleção da casa. Apenas aos 20’, é que a seleção russa conseguiu voltar a trazer perigo à baliza portuguesa com Korovkina a cabecear sem sucesso.

Esta oportunidade da Rússia significou uma mudança no domínio do jogo. A meio da primeira parte, a seleção nacional passou um período de desconcentração, com a equipa russa a aproveitar e a fazer duas tentativas de golo que exigiram trabalho a Inês Pereira.

Chegou o final do primeiro tempo, com maior posse de bola para Portugal, mas algum equilíbrio de oportunidades de golo entre as seleções.

Esforço português não evitou a eliminação

Com o começo da segunda parte do jogo, a equipa russa entrou com uma substituição feita: Chernomyrdina saiu para a entrada de Sheina. No lado de Portugal, o onze manteve-se igual.

As dificuldades da seleção orientada por Francisco Neto continuavam. Aos 52’, Joana Marchão fez um cruzamento tenso, mas não apareceu ninguém para finalizar. Tratava-se de mais uma jogada que demonstrava a grande falha portuguesa que se evidenciou desde a primeira parte do jogo: a falta de uma ponta de lança fixa.

Num jogo pouco inspirado, Jéssica Silva ainda teve a possibilidade de surpreender quando, no minuto 57, fez a sua melhor iniciativa individual num cruzamento que acabou nas mãos de Todua. Em resposta à presença portuguesa na área da Rússia, aos 59’, surge uma das melhores oportunidades do jogo. Abdullina fez um remate surpreendente de fora da área que obrigou Inês Pereira a mostrar, mais uma vez, a sua grande qualidade, numa defesa de destaque, em que a bola ainda tocou na trave.

De forma a colmatar a falta de um elemento central no ataque português, ao minuto 60, o selecionador nacional fez três substituições com a saída de Tatiana Pinto, Andreia Norton e Kika Nazareth para a entrada de Fátima Pinto, Andreia Jacinto e Telma Encarnação.

Neste jogo, a grande dor de cabeça para Portugal voltou a ser Korovkina. Com 66’ na partida, a jogadora da equipa russa soltou-se da defesa portuguesa e picou a bola por cima de Inês Pereira. Foi Joana Marchão quem evitou a mudança no marcador.

A grande oportunidade para a seleção das quinas aconteceu aos 70’. Dolores Silva fez um remate bem colocado para o canto superior direito da baliza de Todua que quase acabou em golo, tendo obrigado a guarda-redes russa a fazer um grande esforço no impedimento da entrada da bola.

Foi a partir deste momento que Portugal conseguiu encostar a Rússia na sua área. Francisco Neto ainda arriscou e mandou a jogo Ana Capeta para a saída de Sílvia Rebelo, numa procura pelo golo que empatasse a eliminatória. A jogadora do Sporting SP acabou lesionada, aos 90’.

Até ao final da partida, a equipa portuguesa continuou a tentar colocar a bola dentro da baliza russa, numa tentativa de levar o jogo para prolongamento, mas os problemas de finalização continuaram e o sonho da seleção em chegar novamente ao Europeu acabou por não ser possível.

“Os pormenores fizeram a diferença”

Com o apuramento a fugir do alcance português, Francisco Neto assumiu a desilusão em não concretizar o “grande objetivo”. Numa estratégia semelhante à usada na primeira mão, o selecionador destacou as oportunidades de golo e a qualidade técnica da seleção portuguesa.

Neto referiu que “o jogo foi muito difícil e equilibrado”, sendo que “os pormenores fizeram a diferença”. Ainda assim, o treinador de Portugal apontou a audácia e ambição das jogadoras: “Ousámos sonhar”. Numa mensagem às atletas de Portugal, o selecionador afirmou estar “orgulhoso” da evolução da equipa ao nível da competitividade e destreza, destacando que “isso é a marca da jogadora portuguesa”.

O resultado obtido em Moscovo deixa a seleção das quinas fora das contas do Campeonato da Europa a realizar-se no próximo ano, em Inglaterra. Francisco Neto deixou uma garantia: “Isto foi apenas um percalço e vamos continuar a lutar pelas presenças nas grandes provas”.

Artigo editado por João Malheiro